Capítulo 49- Capítulo final

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- Eu não sabia como dizer isso, mas é a verdade, eu te amei desde o começo e amo mais a cada segundo, é como se faltasse o ar todas as vezes em que eu não disse isso. E olha só eu to conseguindo respirar agora, é maravilhoso.

~~ Mathew~~

Ela não sabia, mas eu contei. Que eu a amava mais que tudo nesse mundo, desde a primeira vez que em que a vi e ela não sabia como se falava croissant, eu amei todos os seus defeitos, birras e manias, de dentro pra fora, a amei durante as nossas brigas e depois delas, amei enquanto chorava escondido no banheiro daquela festa e quando ela passava na rua com pressa e despercebida.

Nossas respirações se confundem enquanto nossas bocas quase se tocam.

- Preciso te mostrar uma coisa - lembro

Caren

Mat me puxa pelo braço em direção a pequena porta, entramos de volta na festa, ele me guia mas não o enxergo, passamos entre as pessoas como dois ratos, ligeiros e invisíveis. Não fazia ideia de onde estávamos indo, atrás do balcão do bar e cercado de fardos de bebidas havia uma escada em espiral escondida por uma parede falsa de madeira, Mat vai na frente e eu o acompanho. Subimos dois degraus por vez, a euforia ainda tomava conta de mim e as imagens eram rápidas demais para serem processadas pelo meu cérebro.

Passando o último degrau Mathew me ajuda a subir no enorme terraço que nos esperava no fim da escada. Me desequilibro um pouco quando me deparo com a paisagem que nos cercava, era uma vista panorâmica para a grande e iluminada cidade. 

- Tem uma coisa que tenho ensaiado há muito tempo-  Mat diz um pouco envergonhado, foi extremamente fofo vê-lo com as bochechas coradas mas mesmo assim tentando manter a postura de quem sabia exatamente o que estava prestes a fazer.

Mathew estende a mão para mim e eu não acreditava no que acabava de acontecer, com uma das mãos firmes em minha cintura começa os passos exatamente ensaiados de tango - ritmo que eu particularmente sempre amei, e ele sabia disso - começo a rir mas ele continua, me deixo levar e depois de alguns segundos de passos robóticos e planejados Mat começa a se soltar, e eu também. 

A fina garoa começa a engrossar e se torna uma chuva quente e tomada por um aroma de terra molhada, o ar quente se mistura com nossa respiração que ainda estava ofegante desde as escadas, nossas bocas se aproximam fazendo com que a brisa quente da chuva e nossa respiração fossem confundidas até que ele me beija, um beijo forte e molhado, que se encaixava, como sempre. 

Me pego pensando sobre minha trajetória até aqui, olho para as luzes da molhada cidade abaixo e me lembro como eu era quando cheguei, quando era a pequena garota insegura na cidade de pessoas tão confiantes, lembro de como eu sempre tive medo de tudo e como esse medo fez com que estar com Mathew demorasse tanto... Porém o destino ainda que  imprevisível sempre dá um jeito de colocar as coisas em seus devidos lugares.

É o caos que desperta o nosso melhor, e gosto de pensar que se todas as coisas que aconteceram comigo fossem evitadas talvez eu não teria a coragem que tenho hoje, de por a cara à tapa, vivenciar a tristeza e as partes ruins, as perdas e noites sem dormir, o eco do apartamento e a dor da recuperação, tudo isso fez com que eu aprendesse a não fugir do caos mas conviver com ele, a aceitar os altos e baixos da vida, dançar em meio à tempestade.

 Ele se afasta com o sorriso mais sincero que eu a tinha visto e volta a dançar de forma exagerada e eu dou risada, eu estava livre, nao sentia medo de ser feliz. Eu estava ali dançando, e era só isso que importava.

E foi assim que Mathew, literalmente, me fez aprender a dançar na chuva.

Aprendendo a dançar na chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora