—E o Mat? Tem falado com ele?
Aquela pergunta martelava na minha cabeça, eu queria desesperadamente poder diz que sim, que eu recebia uma ligação dele no fim da tarde, que ainda discutíamos sobre política ou nosso time preferido mas nada disso era real, só uma utopia, e desde que o vi no pub aquele dia não paro de pensar nisso. Apesar da nossa turbulenta história cheia de encontros e desencontros eu ainda tinha muito a dizer...
—E-é, não muito. Por quê? — dou um sorriso torto
—Nada, só curiosidade— Andrew responde indiferente.
Me sinto estúpida por imaginar que Mathew havia falado com ele sobre mim. Mais uma vez. Estúpida estúpida, estúpida Caren.
Continuamos nossa noite, eu menos animada porém ainda era divertido. Eu só queria que você estivesse aqui... Mat.
(algumas semanas depois)
Eis o dia que eu tanto evitava, levanto da cama e abro a janela lentamente. Lá fora a mesma cena de sempre, os carros buzinavam e o céu estava nublado.
Vejo Nick dormindo em cima da mesa de centro, ele também esqueceu que dia é hoje.
Nunca gostei do dia do meu aniversário, me sentia cada vez mais longe da juventude que perdi na faculdade de medicina que sequer gostava.
Mas o que mais me fazia falta era a ligação da minha mãe que pontualmente me acordava e parabenizava por mais um ano, Katharinna fazia questão de deixar claro o orgulho que sentia por mim, e sua voz tão inconfundível quanto seu nome amenizava a melancolia desse temido dia. Mas hoje foi diferente, assim como no ano anterior. Ela não me ligou, e devo admitir que mesmo depois de sua morte ainda espero uma ligação pela manhã no meu aniversário, o que sempre resulta em um aperto insuportável no peito e o silêncio inerte da minha sala de estar.
— Vou querer um Capuccino — falo colocando uma nota amassada sobre o balcão da cafeteria aberta recentemente na rua de trás.
Saio pela porta de vidro e o vento gelado se choca contra mim, fazendo meu braço arrepiar, o Capuccino estava quente mas não tinha o mesmo gosto que o do... ah, deixa pra lá. Porque esse dia é tão nostalgico? Droga!
Observo os casais se abraçando nas esquinas da movimentada avenida, escondendo-se do frio e tendo um ao outro como cobertor, eu tinha um copo de Capuccino que já estava começando a esfriar e uma raiva terrível de todos esses casais.
Fazer 26 anos é um tanto desesperador, você está mais perto dos 30 do que nunca. Faltavam 4 anos e eu já estava surtando. Todas as pessoas que eu conhecia, inclusive Jenny e Liam já estavam casados, ou planejando o casamento, ou esperando um bebê, e eu? Bom... eu comprei uma pipoqueira nova mês passado, ela faz a pipoca sozinha e SEM ÓLEO, pasmem. Ela tem sido minha companheira nas noites em que assisto minhas séries enquanto todos as outras pessoas normais da minha idade comem foudue em algum lugar chique no centro da cidade. Lauren, minha companheira de festas estava caindinha pelo meu irmão e os dois estavam insuportáveis, tão... apaixonados (aff). Diz ela que ele vai vir morar em NY mas eu duvido que ele realmente pare em algum lugar.
Recebo uma ligação, mas não era Lauren, nem Jenny, ou Liam, Andrew ou Rick, nem mesmo Noah. Era só do emprego dizendo que eu teria um dia de folga hoje.
Alguns colegas deixam mensagens genéricas de feliz aniversário, até alguns da faculdade que eu não via há muito tempo. Mas os que eu mais esperava uma mensagem não deram sinal de vida.
Para de paranoia Caren, eles só estão ocupados— falo comigo mesma enquanto me jogo na cama que não tive coragem de arrumar mais cedo. Fazer aniversário numa quinta-feira é horrível.
~~Mathew~~~
Com um olho só espio o horário no celular, já passava do meio dia do dia 17 de outubro, mais conhecido como aniversário da Caren, bem que eu tentei esquecer na noite anterior do dia de hoje, mas não foi possível, foi a primeira coisa que eu pensei ao acordar e sentir a cabeça doer, fruto de outra quarta-feira agitada no pub. Sei que não é elegante beber no seu próprio negócio, mas em caso de "véspera do aniversário da pessoa que eu mais amo no mundo e não tenho coragem de contar" essa opção era totalmente válida.
Volto a fechar os olhos e o celular vibra embaixo do travesseiro, era Lauren ligando.
Lá vem problema...
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Aprendendo a dançar na chuva
RomantikCaren Miller é uma jovem que ao chegar em Nova Iorque para começar a nova carreira entra em uma jornada para descobrir mais sobre seus próprios medos, dúvidas e o amor, em meio a decepções e triângulos amorosos. A vida é uma grande oscilação entre m...