Capítulo 19 - Onde eu estava todo esse tempo?

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Andrew e eu tomamos nosso café, estava tão diferente dos que Mat costumava preparar. Eu não gostei. O dele era mais doce e só ele sabia fazer assim

-Para onde vamos agora? - perguntei levantando da mesa

-Eu também não sei, só vamos - ele responde me dando a mão e me puxando para perto

Eu já estava tão cansada de tudo, daquela cidade, dos carros, das ruas, da avenida barulhenta e de todas aquelas pessoas... Era disso que eu precisava, estar com alguém que eu amo e tenho certeza que me ama também, meu irmão sempre teve esse jeito protetor de não deixar que nada me aborreça, infelizmente nós crescemos, ele não pode mais impedir que isso aconteça, mas ele sempre esteve lá para me tentar deixar melhor. Foi assim quando eu caí da bicicleta quando pequena, ele não pode evitar que eu quebrasse o braço, mas desenhou lindas borboletas no gesso. O problema é que não é meu braço que está quebrado agora.

-Fique parada ai, não se mexa - Andrew diz tirando o celular do bolso

Me perguntei o que ele estava fazendo, e quando vi a foto que ele tirou minha, percebi como eu estava totalmente arrasada e era muito perceptível até mesmo por foto. Meus olhos estavam pálidos, sem brilho nenhum como costumava ter, eu não tinha expressão, não era nada triste muito menos feliz, era um nada. Não sentia nada, não havia ninguém ali, eu estava apenas observando meu corpo vagar pelas ruas mas não tinha ninguém ali.

Eu precisava saber onde eu estava, tinha que procurar por mim.

-Tenta lembrar da última vez que se viu - disse Andrew

Procurando entre as minhas memórias e vasculhando sobre algumas um tanto dolorosas me encontro onde havia me perdido. Eu estava dançando, e eu estava ali, eu sentia meu corpo se movimentar e me mexia com ele porque eu ainda estava lá dentro.

-É isso!!! - puxo o braço de Andrew em direção a avenida, onde eu vi os jovens dançando da última vez, era lá que eu estaria - Foi lá que eu me vi pela última vez

Saímos andando rapidamente, passando entre as pessoas que formavam um enorme labirinto e esbarrando em algumas delas, no meio de toda aquela gente vi novamente o grupo na calçada, eram tão graciosos quanto da última vez.

Andrew ergueu meu braço e me rodou, e eu me senti balançar lá dentro. Finalmente.

Me juntei ao grupo e sequer prestei atenção na música, apenas segui o ritmo, não sei dizer se era um jazz ou algo do tipo, eu só dancei, e dancei como nunca tinha feito. Era uma sequencia de giros, e eu me sentia mais viva a cada um deles, estava tudo tão perfeito. Puxei meu irmão junto, mas ele não era tão bom em decorar passos, então ficou engraçado vê-lo dançar, eu sorri e sorri novamente, e fiz isso inúmeras vezes até sentir o suor descendo pelo meu rosto, ofegante sentei na calçada

-Você é muito boa - disse um homem que fazia parte daquele grupo

-Obrigada

-O que acha de aparecer na nossa academia semana que vem, vai ser legal ter você lá

Peguei o cartão que ele entregou, eu iria com toda a certeza, eles eram divertidos então ficamos conversando por bastante tempo, Josh um moreno que tinha olhos âmbar e Livia que era ruiva e usava acessórios estranhos ficaram interessados em saber da minha quase-carreira.

Eu estava me sentindo tão bem, caminhava em passos leves, eu sentia o chão abaixo dos pés, era incrível essa sensação.

Infelizmente Andrew vai para Geórgia na manhã seguinte para ver nosso pai, então só o veria depois de alguns dias, vamos para casa e eu arrumo o sofá para ele dormir, mas não dormimos, ficamos a noite inteira assistindo tv, era bom tê-lo por perto.

<2:32 am> Mat : Oii, você está ai?

<2:33 am> Mat: Caren, preciso falar com você amanhã

-Você está querendo dizer hoje né? - liguei para ele imediatamente

-Dá no mesmo - ele ri - Eu só preciso te ver amanhã, pode ser?

-Sim, te mando mensagem quando sair daqui - mexo no cabelo inconscientemente enquanto falo no telefone

-Te espero lá na cafeteria

Deliguei o celular, para que a próxima frase não estragasse tudo, eu o veria amanhã, estava explodindo de felicidade. Eu costumava o ver todos os dias, mas agora seria diferente não é só o Mat é O MAT e eu estou gritando aqui dentro esperando amanhecer.

Aprendendo a dançar na chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora