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Às horas se passavam, Miranda colocou Mateo que já dormia na cama e desceu seguindo para a cozinha, sentou em frente ao balcão e pegou a taça enchendo de vinho, ficou distraída encarando o líquido escuro por longos minutos.

Andrea adentrou a cozinha e viu sentada, se virou para sair sem ser percebida mas se bateu no armário fazendo com que o pequeno barulho fizesse a editora olha-la, fechou os olhos com certa força e fechou as mãos.

– Droga — Murmurou.

– Se machucou? — Andrea a olhou.

– Não, eu estou bem.

– Posso sair para que fique a vontade, já que minha presença impede que você continue na cozinha.

– Não, eu só... Só estava fugindo das perguntas que Olga estava fazendo — Miranda acenou com a cabeça e voltou a encarar a taça, escutou os passos de Andrea se aproximarem e a silhueta da morena ao seu lado, ficaram em silêncio por longos minutos.

– Eu... — Miranda começou, mas parou logo em seguida, deu um longo suspiro, Andrea a olhou — Eu não sei se estou pronta.

– Para?

– Desistir de você, Andrea, eu não sei se consigo, sou egoísta demais pra deixar você ir e fingir que não existe mais nada entre nós, pois existe e não é apenas Mateo que está envolvido, há muito mais do que isso, sempre teve algo a mais do que isso, mas você não quer ver isso.

– Eu não quero ver, Miranda? — Disse a olhando nos olhos — Você mesma me confesou que era você naquelas fotos.

– Você não me deixou explicar.

– Eu não quero explicações, eu já estou cansada delas, eu quero apenas que você assine aquela droga de papel e que a única coisa que nos ligue seja o Mateo, eu não quero ter que encontrar você a menos que seja por causa dele, eu não quero que nada me prenda a você, eu quero me libertar de você, Miranda, quero esquecer que algum dia a gente teve algo, quero ser feliz, entende isso? Eu quero me libertar de você, é a única coisa que quero, não quero mais desculpas e coisas que me façam cair outra vez, é uma vulnerabilidade que não vale a pena e que eu não quero pra minha vida, estou perfeitamente bem com Mariana, eu consigo ao menos ter algum controle da minha vida quando esse é o assunto, eu... Eu estou sozinha nisso tudo, será que não entende? Qual a droga do problema de todo mundo que só vêem o seu lado? Eu também estou aqui, sentindo absolutamente tudo, perdendo tudo, então não me peça pra desistir da
única coisa que eu tenho total controle, não vou desistir do divórcio, nem da minha relação com a Mariana, ela é a única coisa que tem me mantido sã nisso tudo — Disse e saiu, Miranda respirou fundo colocando o rosto entre as mãos e tentou conter ás lágrimas que insistem querer cair.

– Mãe? — A voz de Cassidy ecoou, Miranda olhou para cima para segurar às lágrimas e virou para a filha.

– Oi bobbsey, aconteceu algo?

– Está tudo bem?

– Sim querida — Forçou um sorriso.

– Sei que não é verdade, o que aconteceu?

– Nada bobbsey, eu vou subir, estou com dor de cabeça e tenho medo que seu irmão acorde — Disse beijando os cabelos ruivos da filha — Boa noite, avise aos outros que não me sentia bem, caso perguntem de mim.

– Tudo bem — Miranda saiu da cozinha sob o olhar da filha e subiu, entrou no quarto vendo Mateo dormindo e seguiu para o banheiro, após um breve banho se aproximou da cama, olhou para o pequeno que estava agarrado ao elefante de pelúcia, o beijou na testa e seguiu para a varanda, sentou olhando o escuro da noite, a casa dos pais de Andrea era um pouco afastada da cidade, uma chácara bem aconchegante e cômoda, muito boa para eventos como aquele, pena que não estava em seu melhor momento de comemoração, seguiu para dentro após longos minutos e deitou sentindo o pequeno se aconchegar em seu corpo, logo se permitiu relaxar.

3. A Que Eu Sempre AmareiOnde histórias criam vida. Descubra agora