Nós três fomos até a barraca, eu fui a primeira, e com minha péssima mira, errei em todas minhas três fichas, e não ganhei nem uma pastilha. Amuada, dei meu lugar ao Caíque, ele acertou uma e ganhou um chaveiro e aí foi a vez Diego, ele nem pareceu se esforçar muito, simplesmente acertou no que precisava acertar para ganhar. Ele fez parecer tão fácil.
O senhor da barraca entregou o urso panda grandão ao Diego, que no mesmo momento virou-se para mim.
- É seu. - disse Diego me entregando o urso com um sorriso largo.
Peguei o urso sentido o coração perder o compasso.
- O-obrigada. - como conseguiria me manter irritada com ele me encarando tão profundamente?
Ficamos com nossos olhares presos até Caíque pigarrear alto.
- Eu acho que já vou. - falei abraçada com meu urso.
- Eu também preciso ir. - disse Caíque pegando a deixa.
- Mas já? - questionou Diego. - Ele olhou para Caíque e depois olhou para mim, disse: - Katherina, antes de você ir, queria ir...na roda gigante com você.
Sabia que Caíque me encarava nenhum pouco satisfeito com tudo aquilo e também sabia que a noite estava longe de acabar. Diego pegou o urso de meus braços e entregou ao Caíque.
- Segure isso, por favor. Espere só mais um pouquinho, Caí. - disse Diego.
- Claro. Podem ir. Estarei aqui. Exatamente aqui.
Não olhei para Caíque, não aguentava mais um olhar interrogador.
Caminhei ao lado de Diego, e quando por um breve instante achei que ele pegaria em minha mão eu cruzei os braços.
- Pode me dizer para que tudo isso? - questionei deixando transparecer minha irritação, quando já estávamos longe o suficiente de Caíque para não sermos ouvidos. - Achei que não queria que ninguém soubesse sobre as aulas.
Ele não me respondeu.
- Diego, eu te fiz uma pergunta. - falei impaciente.
Não tinha fila para andar na roda gigante, então apenas subimos os degraus e sentamos em um dos bancos, um homem carrancudo travou a trava de segurança e subimos um pouco para um banco vazio ficar disponível para quem fosse subir.
- Está abusando da minha paciência. - falei.
Ele olhou para mim.
- Por que estava de mãos dadas com Caíque? - ele perguntou.
Então ele tinha visto.
- Lhe fiz uma pergunta primeiro e não estava de mãos dadas com ele. Deve ter sido reflexo e você confundiu.
- Sei claramente o que vi. - disse ele parecendo...chateado?
Era o fim dos tempos.
- Diego, qual é o problema? Não me diga que está...
Eu não completaria a frase, mas ele sim.
- Com ciúmes? - ele deu um breve sorriso - Nunca tinha sentido isso em toda minha vida, mas quando virei e vi vocês dois...de mãos dadas...Eu senti uma irritação perfurando meu peito, eu fiquei perplexo, estava com ciúmes de você, Katherina. Estava pela primeira vez na vida com ciumes e de você.
Eu estava boquiaberta com o que ele disse. Diego estava com ciúmes de mim? Impossível.
- Sabe o quanto isso soa ridículo? - disse eu irritada - Você com ciúmes de mim? Isso não tem graça.
Ele segurou na barra da trava e me encarou.
- Sim, não tem graça, estou falando sério, fiquei com ciúmes de você. Isso me deixou tão chocado quanto você pode estar, acredite.
Diego parecia realmente falar sério. Senti um frio na barriga.
A roda gigante começou a girar.
- Ainda assim não devia ter feito aquilo. - falei após um silêncio desconfortável - E eu não estava de mãos dadas com Caíque, ele tem namorada e bom gosto.
- Você pode não acreditar, mas algo em você é assustadoramente encantador.
- Encantador? - eu ri - Diego, isso tudo por acaso é uma pegadinha? Sei exatamente o que sou, sou estranha, um tanto desastrada e feia. Sou o tipo de garota que garotos como você não enxergam, só reparam para zombar ou pedir ajuda.
- Você está generalizando.
- Não, estou sendo realista. - falei - Todos os rapazes que conheci com seu nível de popularidade são assim.
- Talvez eu seja a primeira exceção que você conheça em relação a isso.
- Me desculpe, mas eu não acredito.
- Por que é tão difícil para você aceitar que eu posso realmente gostar de você a ponto de sentir ciúmes? - questionou ele parecendo agora tão irritado quanto eu.
- Porque estou cansada de quebrar minha cara, cansada de apanhar da vida, porque se eu escolher acreditar em você, tem uma grande chance...
- Uma grande chance de que? - insistiu ele.
- Uma grande chance de ter o coração partido.
Desviei os olhos dele e encarei a vista de todo o parque e da praia. Sentia vontade de chorar, porque meu coração só queria acreditar em Diego, enquanto a razão me dava os parabéns por não ser tão boba de acreditar em tudo aquilo. Era impossível que ele realmente estivesse gostando de mim.
- Katherina. - ele me chamou, olhei para ele - Seja sincera, tá bem, olhe para mim e responda,não sente nada por mim?
- Eu preferia não sentir. - foi o que respondi - Vou arrancar de mim tudo que sinto por você. E se está sendo sincero sobre gostar de mim, devia fazer o mesmo.
Ele não falou nada.
A roda gigante parou.
Abri a barra de trava, desci, e comecei a caminhar em direção ao Caíque sem esperar Diego, mas ele rapidamente acompanhou meus passos, chegamos juntos, mas sem se falar.
Caíque me entregou o panda de pelúcia.
- Você vai para festa da Bianca? - perguntou Diego ao meu irmão.
- Acho que sim.
- Ótimo, então nos vemos lá. Agora sou eu que preciso ir.
E ele foi.
Quando Diego desapareceu pelo meio das barracas, Caíque me olhou seriamente.
- Acho que temos muito o que conversar. - disse ele.
- Sabia que diria isso.○○○
Contei ao Caíque a quanto tempo estava dando monitoria ao Diego, do motivo que me levou a aceitar a monitorar ele. Omiti os beijos.
- Sou amigo do Diego, - iniciou meu irmão quando terminei de contar - mas não gosto da ideia de você perto dele. Diego tem um coração livre, gosta da liberdade e gosta muito de flertar...E você pode interpretar de forma diferente...
- Não. - interrompi ele - Não sou tão boba, sei que gostar de alguém como Diego é uma enrascada, eu sei.
- E mesmo assim vejo em seus olhos que gosta muito dele.
Odiava o fato de Caíque ler meus olhos.
Senti os olhos se encherem de lágrimas.
- Eu não queria e nem quero sentir o que sinto.
- Ah, Kate... - ele me abraçou - Vou falar com ele.
- Nem pensar! Vamos continuar como estamos. - falei firmemente - Não conte e nem fale com ele sobre mim. Por favor.
- Tudo bem. - ele olhou para o relógio - Eu preciso ir, marquei com Tati, mas amanhã continuaremos a falar sobre isso e sobre você dar monitoria ao Dylan.
- Tudo bem. Vá. Aproveite a festa.
Caíque foi embora e eu me joguei na minha cama e chorei.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Chance para Recomeçar
RomanceA felicidade nunca caminhou lado a lado com Katherina Thomson, ela podia dizer que sua infelicidade começou quando foi abandonada pela mãe. A sorte também não parecia simpatizar muito com ela, era criada pelo pai e uma madrasta que a odiava. O mundo...