Uma Chance para Recomeçar

Capítulo XXII

  Como todos os sábados fui trabalhar, mas hoje não tinha muita coisa para fazer, apenas anotar as novas encomendas, e o nome das flores que precisavam serem abastecidas.
  Sr.Fillipo tinha saído para fazer uns pagamentos e por isso eu estava sozinha quando Diego passou pela porta fazendo a campanhia soar alta e clara me assustando e fazendo a caneta passar direto, riscando o papel. Eu bufei. Agora teria que passar toda a lista a limpo.
  - Bom dia, flor do dia. - disse ele sorrindo se aproximando do balcão.
  - Bom dia. - respondi tentando voltar a me concentrar no que eu estava fazendo, mas parecia que o objetivo dele era exatamente o contrário. Ele se apoiou no balcão e me deu um beijo.
  - O que está fazendo aqui? - perguntei - Estou trabalhando e você me desconcentra.
  - Vim comprar flores.
  - Flores? Para alguma de suas amigas?
  Ele riu.
  - Para uma amiga, muito especial.
  - Muito especial? - eu cruzei os braços - E não tinha outra floricultura para você ir comprar essas flores? - perguntei enciumada.
  Ele continuava sorrindo quando respondeu:
  - Soube que as flores daqui são as mais lindas e a atendente é excelente.
  Seja profissional. Seja profissional.
  - O.k. Você quer um buquê de qual delas? - perguntei apontando para as flores.
  - Qual delas você gosta mais?
  Eu o encarei com os olhos estreitos desconfiada, fechei o caderno e dei a volta no balcão. Respondi:
  - Eu tenho um certo fetiche por girassol. São vibrantes, trás uma positividade maravilhosa e são lindos.
  - Ótimo. Quero um buquê de girassol, então.
  Senti vontade de bater nele. Mas eu não podia ser demitida. E ele era um cliente, e mesmo com vontade de esganá-lo eu devia agir como uma profissional.
  Voltei para trás do balcão,  preparei o buquê, amarrei com um laço amarelo, estava lindo.
Ele me pagou e eu entreguei o buquê para ele.
  Ficamos nos encarando por alguns segundos. Até que ele deu a volta no balcão e...Se ajoelhou em minha frente.
  - Mas o que você está fazendo?! - perguntei.
  - Estou tentando me declarar para a garota que amo. A única que amo.
  - Mas...
  - Kate, por favor, me deixe falar tá bem? Estou nervoso e não quero estragar tudo. Passei horas ensaiando o que falar e agora parece que nem sei meu nome. - eu ri - Fique quieta e escute. 
  Concordei com um aceno. Tentando conter o sorriso.
  - Kate, eu... - ele pigarreou, passou a mão no rosto e voltou a me encarar  - Eu nunca achei que ia ser capturado pela paixão, achava clichê e ridículo, eu ria do modo como meus amigos falavam das namoradas, do sorriso tolo que aparecia quando falavam delas. Eu achava tão patético tudo aquilo, porquê se prender a alguém se você pode ter várias?
  Eu bati no ombro dele.
  - Ai! Calma. Me deixa terminar. - disse ele rindo. - Foi por isso que fiquei chocado ao perceber que estava apaixonado. Claro que não percebi de imediato, eu neguei o quanto consegui para mim mesmo. Mas começou a se tornar impossível, eu sonhava com você dormindo ou acordado, eu pensava em você até mesmo quando não achava que estava pensando, eu me pegava olhando suas fotos e tentando adivinhar o que você estava fazendo naquela hora. Comecei a ficar ansioso para te ver e sentia o coração acelerado quando você estava perto. Às três da tarde se tornou meu horário favorito. Quanto mais eu te conhecia, mais afetado eu ficava por você, mais eu pensava em você, mais eu queria estar com você... mais eu te amava. Quando te beijei pela primeira vez, eu senti um frio na barriga, uma sensação completamente diferente de todas as outras, o coração batia tão forte que achei que a rua toda estava ouvindo, a vontade que eu tinha era de não te largar nunca mais. Jamais tinha me sentido assim. Agora era eu que ficava com um sorriso tolo falando de você, sorrindo como um bobo pensando em você, lembrando de cada detalhe seu, foi aí que percebi que não era patético ficar preso a alguém nem ridículo, era lindo. Porque quanto mais eu estou com você mais livre me sinto. Eu não podia mais negar para mim mesmo que eu estou completamente e loucamente apaixonado por você. O que sinto por você, Kate
é forte, é a coisa mais linda e pura que senti em toda minha existência. Não há nenhuma outra garota que me interesse, não há mais ninguém, só há você. Só você. Meu coração lhe pertence, e hoje estou aqui para entregá-lo definitivamente. Kate, minha doce, inteligente e encantadora Kate, como amo chamá-la assim... Mas queria mesmo era ter o prazer de te chamar de minha namorada.  Então te peço, Kate, aceita namorar comigo?
  Eu estava sem palavras, o coração batia tão forte que chegava a doer, as lágrimas desciam trilhando caminhos por minhas bochechas. Aquela era a declaração mais linda que eu já tinha escutado. E era para mim. Eu não sabia se ria ou chorava. Tentei me controlar um pouco e disse:
  - Diego, levante. - Ele levantou com a testa franzida.
  - Fiz algo errado?
  - Me dê um beijo. - ordenei.
  Ele pareceu ser pego de surpresa.
  - O-o quê?
  Eu o puxei pela gola da camisa, me inclinei e o beijei intensamente. Ele me ergueu do chão, eu passei as pernas pela cintura dele e o abracei forte.
  - Isso é um sim, não é? Tem que ser. - falou ele sorrindo.
  Eu sorri.
  - Sim, é um sim. Mil vezes sim.
  Ele me abraçou, e dessa vez ele me beijou.
  Eu me afastei o suficiente para encará-lo.
  - Agora é sua vez de me escutar. - voltei a ficar de pé, porquê não conseguiria pensar tão pertinho dele - Bem...Eu sempre tive medo de me entregar, de confiar demais nas pessoas, porquê quando a gente ama alguém e ela te magoe a dor é grande demais e eu já sofri tanto... - ele enxugou as lágrimas que desciam - Mas com você eu não tive escolha, eu gostava de pensar que tinha essa decisão em minhas mãos, mas eu não tinha. E eu me apaixonei por você, me apaixonei pelo Diego que quase ninguém conhece, pela pessoa que você é de verdade. Eu nunca senti algo tão esplêndido. Ninguém nunca fez meu coração bater tão forte, nem me fez tão feliz que sinto que a qualquer momento meu coração vai explodir de tanta felicidade. Você, Diego, tem meu coração e meu amor, tem toda minha paixão e minha felicidade. Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida. E hoje eu não sinto nenhuma dúvida, nenhum medo de dizer que sou completamente, definitivamente apaixonada por você e que te amo muito, muito mais do que achava possível amar. 
  - Eu te amo, te amo, te amo. - ele sussurrou e me beijou de novo.
  Sentia as pernas bambas, o coração pulava descontrolado a razão tinha tirado férias, e eu me sentia tão, tão feliz que tinha medo de acordar, mas já não me sentia insegura, me sentia completa. Me sentia tão bem, como nunca havia me sentido.
  Ouvi um pigarrear, e outro. Até eu me lembrar de onde estávamos.
  Me afastei de Diego e encarei o Sr.Fillipo. Meu rosto corou imediatamente.
  - Desculpe Sr.Fillipo. Eu...Eu sei que não tem desculpa para cena que viu, mas eu estou muito feliz, acabei de ser pedida em namoro!
  Ele sorriu.
  - Parabéns aos pombinhos! - ele não parecia chateado, parecia alegre - Garoto, cuide bem dessa moça, ela é única e especial.
  - Cuidarei muito bem dela.
  - Acho que um pedido desses merece uma comemoração, vou lhe dar folga, Kate.
  - Mas...
  - Sem mas. Vá. Divirtam-se.
  Peguei minha bolsa e lhe dei um abraço.
  - Obrigada, Sr.Fillipo.
  - Você merece, minha querida.
  Diego entrelaçou seus dedos nos meus e foi assim que saímos da floricultura:
  Eu segurava meu buquê, a mochila nas costas, de mãos dadas com o garoto mais lindo, mais romântico e meu. Meu namorado.
  - Para onde vamos? - perguntei.
  - Para onde você quiser, minha namorada. - respondeu Diego sorrindo.
  - Que tal para praia, meu namorado?
  - Excelente ideia, minha namorada.
  A gente caiu na risada.
  - Você não sabe o quanto me faz bem. - eu disse.
  - Você é que não sabe o quanto me faz bem, o quanto me fez ser melhor, e continua fazendo.
  Ele me deu um beijo.
  - É muito clichê eu dizer que você é o melhor namorado do mundo?
  - Não se você não achar clichê eu dizer que você é a melhor namorada do mundo.

○○○

  Encontramos um lugar mais reservado na praia, perto de umas rochas.
  - Precisamos conversar. - eu disse depois de um beijo que me deixou sem fôlego.
  - Eu sei.
  - Diego, você...Você quer mesmo me assumir como sua namorada? Porque eu não me importo de namorarmos escondidos...
  - Não. Não continue. Kate, eu quero namorar você. Namorar sério, eu quero que todo mundo saiba o motivo dos meus sorrisos, das minhas distrações, o motivo de eu ter me tornado alguém melhor.
  - Eles não vão aceitar. Você vai ficar em uma situação complica... - Diego me interrompeu com um beijo.
  - Meu amor, eu não me importo com o que vão falar, eles vão ter que aceitar. Nada que eles façam ou falem vai nos separar.
  Eu o abracei.
  - Promete que nada que eles façam vai nos separar?
  Ele segurou meu rosto em suas mãos.
  - Prometo. Eu prometo.
  - Eu te amo tanto.
  - Também te amo. Te amo muito.
  Ficamos abraçados um bom tempo. Até Diego se afastar um pouco para me encarar e dizer:
  - Segunda, entraremos na escola juntos e todo mundo vai saber que estamos namorando.
  Eu sorri.
  - Consegue imaginar a cara deles?
  - Vão ficar chocados.
  - Vão mesmo.
  - Você...Você disse que tinha novidades, quais?
  - Diego, meu pai me falou sobre minha mãe. Falou o nome dela, como a conheceu, acho que posso encontrá-la.
  - Quer encontrá-la?
  - Quero. Quero vê-la, quero saber o motivo dela ter me deixado.
  - Pode contar comigo. Vou te ajudar no que precisar.
  - Você é oficialmente o melhor namorado do mundo.
  - E você é a namorada mais fantástica do mundo. Amanhã vou me apresentar ao seu pai como seu namorado. Acho que ele vai gostar de mim.
  - Na verdade, ele já gostou de você. Acho que esqueci de comentar que o almoço de amanhã também é uma avaliação para saber se você é um bom partido.
  Ele ergueu uma sobrancelha.
  - Ah, esqueceu de comentar, foi?
  - Esqueci.
  Ele me agarrou, me puxou para seu colo e começou a fazer cócegas.
  Cai na gargalhada tentando me desvencilhar dele. Me sacudi tanto que acabei derrubando ele, ficamos embolando na areia, até que eu parei deitada de costas, e ele apoiado nos cotovelos em cima de mim.
  - Eu. Te. Amo. - A cada palavra ele me dava uma selinho.
  Eu o puxei pelo cabelo para mais perto e capturei aquela boca que me tirava o fôlego, a razão, que me agitava e me enlouquecia.
  Precisando de ar eu o empurrei e ele caiu deitado ao meu lado rindo.
  - Vou fazer o possível e o impossível para ser o melhor namorado do mundo. - ele disse.
  - Deixe de ser tolo, você já é.
  Ele me puxou para perto dele e ficamos ali, abraçadinhos, conversando e rindo sem se importar com mais nada que não fosse nós dois.