Pegamos um táxi para chegarmos mais rápido em casa, Caíque ficou pagando o taxista enquanto eu levava Diego até os fundos da casa rapidamente.
- Então era por isso que não me deixava trazê-la em casa? Porque tem um segredinho com Caíque.
- Shhhh fale baixo, ou melhor não fale nada até eu limpar esses ferimentos e ver o estado em que você está.
Esperamos Caíque aparecer, ele entrou primeiro para verificar se tinha alguém na cozinha, instantes depois ele fez sinal para que a gente entrasse. Desci com Diego para meu quarto e o coloquei em minha cama.
- Isso é um porão? - ele perguntou olhando pela brecha do olho menos inchado.
- É meu quarto. - corrigi.
- Por que Caíque chamou você de meu amor? E o tal do nossa casa?
- Já mandei parar de falar, só vai doer mais. - falei seriamente - Eu vou explicar tudo. Eu prometo.
Caíque desceu com uma bolsa de gelo, uma garrafa de água, um kit de primeiros socorros e me entregou.
- Eu vou conversar sozinha com ele primeiro. - eu disse ao meu irmão - Depois eu te chamo.
- Tá. - ele me deu um beijo na testa e subiu.
Voltei para perto de Diego e sentei ao lado dele.
- Tome. - entreguei o saco de gelo para ele.
- Obrigado.
Ele tentou sorrir, mas o sorriso se transformou em careta com a dor.
- Sinto muito, Diego. Eu devia ter ouvido você e o Caíque.
Senti os olhos ardendo.
- Ei, não chore mais, tá tudo bem agora.
- Mas não com você. - falei e funguei.
- A única coisa que me importa é que você está bem. E isso me deixa ótimo.
Abri a caixinha de primeiros socorros e peguei gazes, limpei o sangue do seu rosto, depois passei um cicatrizante nas feridas.
Tinha um corte perto da sobrancelha, um perto da boca, um hematoma em uma das bochechas, fiquei aliviada de ver que não tinha sido tão grave quanto pensei, mas isso não diminua minha culpa, ele tinha entrado na briga por minha causa. Coloquei os curativos e acariciei seu rosto.
- Deixe eu ver como está seu abdômen. Tire a camisa. - ordenei.
- Sei que isso é desculpa para me ver sem camisa.
- Você é muito convencido. - eu sorri para ele e lhe dei um beijinho - Mas claro que vou tirar uma casquinha.
Ele tirou a camisa, tinha dois hematomas em sua barriga.
- Que tal um analgésico? Para aliviar a dor.
- Seria ótimo, assim como um beijo seu.
Ele segurou meu rosto com as mãos e roçou levemente seus lábios nos meus. Depois eu o beijei devagar, e quando me afastei lhe dei um beijo na testa e também ganhei um.
Entreguei para ele o remédio e a garrafa de água.
- Acho que tá na hora de te contar sobre mim e Caíque.
Senti ele ficar um pouco tenso.
Eu me levantei da cama e comecei a andar de um lado para o outro. Então parei em sua frente e disse:
- Bem...Vou ser bem direta...Eu e o Caíque somos irmãos.
Ele franziu a testa o máximo que conseguiu com a cara inchada.
- O que disse?
- Que eu e o Caíque somos irmãos.
- Irmãos? Vocês são irmãos? Tipo irmãos?
- Sim Diego, irmãos. Sei que é chocante, estranho e confuso.
- Sim, eu tô muito confuso.
- Eu sei. Mas eu vou explicar. - eu sentei ao lado dele de novo - Vou explicar bem do início.
Então contei a ele sobre a breve separação de Sebastian com Liz, do seu breve encontro com minha mãe, sobre como eu sendo uma bebê pequena e frágil fui abandonada na porta da casa de Sebastian. Contei sobre como Caíque sempre me defendeu e sobre meu plano para deixá-lo livre para viver por ser ele e não por ser meu irmão.
- Vocês enganam todo mundo. - ele disse.
- Está chateado? Tem que entender que era o único modo de Caíque se destacar, sendo meu irmão ele...As pessoas não davam o devido valor para Caíque. Você seria amigo dele se soubesse que ele era meu irmão? Acha que ele seria aceito entre os populares? Sabe que a resposta é não. Eu queria que ele tivesse tudo que merecia. Só porquê meus anos escolares foram terríveis os dele não tinham que ser.
- Você é a pessoa mais maravilhosa que existe nesse mundo, e a mais forte que conheço.
Ele me abraçou.
- Obrigada. Por favor não conte a ninguém.
- Não vou contar.
- É tão bom ter te contado, agora não escondo mais nada de você, nem nunca vou esconder.
De repente Diego empalideceu.
- Diego, está se sentindo bem?
- Acabei de perceber que se você e o Caíque são irmãos...Então a Camille...
- Também é minha irmã. - completei - Não somos nada parecidas, não é? Ela é linda.
- Não, você é que é linda.
Eu dei uma risada.
- Posso acreditar que você gosta de mim, mas não que se tornou cego para achar que sou mais bonita que...
Ele me abraçou forte me interrompendo.
- Eu amo você. - disse ele me pegando de surpresa - Eu te amo muito, Kate.
Senti as lágrimas descendo. O coração batia forte e descontrolado. Ele enxugou minhas lágrimas com seus polegares.
- Eu também amo você. - eu disse e o abracei ainda mais forte - Amo muito você.
Ele se afastou para me encarar e segurou meu pulso onde Dylan tinha apertado. Alisou delicadamente e plantou um beijo ali. Meu coração quase se derreteu naquele momento.
- Quando eu vi Dylan segurando você meu sangue ferveu, não sabia que podia ficar tão furioso, e sabe por quê? Porque ele estava com meu coração nas mãos.
Voltei a chorar.
- Não chore, por favor não chore, odeio quando chora.
- É você falando essas coisas - falei com a voz fanhosa - Mas são lágrimas de felicidade, eu tô transbordando de felicidade. Eu...Eu estava com medo de me deixar levar por essa felicidade, Diego, medo de entregar meu coração para você...Mal sabia eu que ele já te pertencia.
Ele deu o sorriso mais lindo do mundo e encostou sua testa na minha, depois disse:
- Eu quero fazer tudo do jeito certo, com você quero fazer tudo como tem que ser. Mas quero estar mais apresentável no dia - eu dei uma risada - Eu amo o som da sua risada...Acho que amo tudo em você.
- Vai me fazer chorar de novo. - avisei.
Ele deu uma risada.
- Eu poderia passar o resto da noite admirando você pela minha brecha de olho, mas acho que devo falar com Caíque.
- Também acho.
Ele me deu outro beijo e levantou, avistou o urso panda que ganhou para mim no parque e sorriu.
- Em pensar que quase morri de ciúme de você e o Caíque. Podia ter me poupado dessa dor de cotovelo.
Eu comecei a rir de novo e levantei da cama.
- Eu vou chamar o Caíque.
Subi e encontrei Caíque na cozinha.
- Já contei tudo para ele. - eu disse.
- E ele?
- Ele entendeu. Vocês tem que conversar.
- Eu sei. E é melhor ele não ir para casa hoje, só vai preocupar a mãe dele.
- Você tem razão.
- Vou levá-lo para meu quarto.
- Tá bem.
Descemos de volta para meu quarto, Diego estava parado olhando um quadro cheio de fotos minhas com Caíque e Sebastian, algumas sozinhas.
- Diego. - chamou meu irmão e ele virou-se e se aproximou de nós - Achamos melhor você passar a noite aqui. Sua aparência não está das melhores e isso pode deixar sua mãe muito preocupada.
- É, tem razão.
- Ligue para ela. - sugeri.
- Vou ligar.
- Vem comigo, você vai dormir em meu quarto.
Diego pegou minha mão na sua e deu um beijo nas costas da minha mão.
- Boa noite, Kate.
- Boa noite, Diego. - olhei para meu irmão - Boa noite Caí.
- Boa noite.
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Uma Chance para Recomeçar
عاطفيةA felicidade nunca caminhou lado a lado com Katherina Thomson, ela podia dizer que sua infelicidade começou quando foi abandonada pela mãe. A sorte também não parecia simpatizar muito com ela, era criada pelo pai e uma madrasta que a odiava. O mundo...