A Trégua

Capítulo 37

O professor falava sem parar logo a minha frente, coisas que provavelmente eu deveria estar prestando atenção, não consigo me concentrar para entender alguma coisa relevante, meu pensamento viaja para longe, precisamente para Amsterdam. Os dias estavam se arrastando vagarosamente desde que ele se foi.

As mensagens e ligações trocadas não estavam sendo o bastante para aplacar a saudade.

O professor avisa sobre o fim da aula e todos começam a se levantar, espero que alguns saiam e me levanto também indo em direção ao ponto de ônibus para ir ao trabalho. Meu celular vibra e pego sabendo de quem é a mensagem. ''Já saiu da faculdade?''

" Agora, estou indo para a empresa"

''Se cuida, me avisa quando chegar lá."

" Ta bem, saudades.."

"Eu também estrelinha, eu também.."

Guardo meu celular quando o ônibus chega, o percurso é rápido e logo estou em frente ao trabalho, mando a mensagem avisando que cheguei e entro encontrando tio Paulo na recepção. – Oi tio.

- Olá querida, falou com Sebastian hoje? – Indaga enquanto andamos para o elevador.

- Falei sim, ele não vai conseguir vir na semana que vem, surgiram alguns trabalhos novos e ele não pode pedir folga, estou com saudades dele tio. – Choramingo.

- Logo estarão juntos minha querida, todos nós sentimos saudades. Até mais tarde. – Beija minha testa e entra para sua sala, ando até a sala que dividia com Sebastian, cada vez que entro aqui sinto sua falta. Olho para sua mesa e fungo, tento me concentrar no trabalho e esquecer que um oceano agora nos separa.

Horas mais tarde o telefone toca dentro da minha bolsa e me levanto para pega-lo, apesar do fuso- horário, estávamos conseguindo conversar bem, agora já eram 16:00hs aqui, então lá já era a noite. – Oi estrelinha.

- Oi amor.

- Gosto quando me chama assim, ainda está no trabalho?

- Sim, aqui ainda são 16:00, tudo bem por ai? – Respondo enquanto brinco com a aliança em meu dedo.

- Sim e como está tudo ai?

- Bem, mas com saudades..

- Eu sei estrelinha, em breve vou voltar, não vai ser para ficar. Mas vai diminuir um pouco.

- Será mesmo? – Choramingo. – Depois você vai embora de novo e fica pior.

- Não quer que eu vá?

- Você sabe que sim, só estou dizendo.

- Estrelinha, preciso desligar.

- Claro, tudo bem.

- Amo você, depois nos falamos.

- Também te amo. – O barulho do bip dá fim a ligação, meu coração da uma apertadinha mais resolvo deixar para lá. Quando as pessoas diziam sobre relacionamentos a distância eu não imaginava que poderia ser tão complicado, a saudade, insegurança e todo o resto misturado em uma só coisa.

O fim de tarde se arrasta e logo estou indo para casa. Penso em mandar uma mensagem para Sebastian mas lembro que lá já é de madrugada e desisto.

O cansaço me vence antes das 22:00hs, adormeço. Depois de 5 semanas longe de Sebastian, é mais fácil pegar no sono, os primeiros dias foram complicados, o calor de seu corpo fazia falta, e como fazia.

A manha seguinte é como todas as outras, corrida no parque e depois faculdade. Diferente do dia anterior, hoje eu consigo prestar atenção na aula, ao menos em metade dela.

Quando entro no ônibus para ir ao trabalho um dor de cabeça começa a me incomodar, procuro algum remédio na bolsa e não encontro, quando me levanto para descer, minha visão escurece e quase vou de encontro ao chão.

Minha cabeça ainda dói quando chego em frente ao prédio, Joaquim atravessa a rua vindo em minha direção.

- Selena? Tudo bem? Você está amarela. – Pergunta quando chega ao meu lado.

- Oi Joca, acho que estou bem sim, minha cabeça está explodindo.

- Vem, vou te ajudar a chegar lá dentro, lá deve ter algum remédio, se não tiver nos compramos. – Toca meu braço me incentivando a andar, quando dou o primeiro passo minha visão escurece novamente, a ultima coisa que escuto é Joaquim chamando meu nome antes de ficar tudo uma completa escuridão. 

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E então, será que ela está com algo grave?? Deixo vocês descobrirem!!