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TRILHA SONORA DO LIVRO
Toda a trilha sonora foi composta e produzida pelo autor originalmente para este livro https://soundcloud.com/brunodiedrichs/sets/saga-depois-do-mundo

ARTE DO LIVRO
Todas as imagens foram desenhadas à mão pelo Autor
https://brunodiedrichs.wixsite.com/sagadepoisdomundo

"És o berço da humanidade, és o lar dos grandes e fortes, és a toda gloriosa e rainha, és tu, oh! Cidade de Emiliano, que nos dá de beber, nos dá de comer, e com seu comércio nos farta, com sua altivez nos representa, com sua força nos protege, nenhuma outra é como tu, nada a ti se iguala e nenhuma entre as outras é mais formosa!", apregoava um louco sobre a pedra mais alta da praça da cidade.

Tomada de ambulantes, o centro da cidade assemelhava-se a um formigueiro pisoteado, e como loucos os mercadores gritavam, oferecendo suas preciosas mercadorias, atraindo visitantes, e nem mesmo a grossa camada de neve era capaz de desanimá-los. Brancos, negros e mestiços, eles predominavam, e a massiva presença dos soldados imperiais espalhados pela cidade demonstrava a força e ordem do rico império que a nutria. Pedras preciosas, armas, feras, alimentos e as mais diversas especiarias expostas e cambiadas por seus artesões e vendedores, trapaceiros e oportunistas, desbravadores. Os contornos da cidade eram bem alinhados e simétricos, construídos em pedras e madeira, e o grande eixo redondo ao centro há décadas deixou de ser praça, tornando-se livre área comercial.

Nick caminhava ávido e atento. O garoto de rosto franzino e angelical se encantava com as barganhas espalhadas sobre as tábuas e lonas de couro, enfileiradas em todas as direções.

– Quer comprar um tecido real, garoto?

Ele negou a oferta assustado e distraído. Havia encostado numa pequena jaula, quase arranhado pela pequena criatura de focinho comprido que parecia desejá-lo. Sorte haver uma grade para protegê-lo.

– Tome cuidado, garoto! – os vendedores zombavam dele.

Nick esbarrava em tudo e todos, e eles o retribuíam com solavancos capazes de lançá-lo em grandes distâncias. Ficou surpreso com as feras em pequenas gaiolas de madeiras. "Quem tem coragem de comer essa porcaria?", pensou o menino que tinha sobre a cabeça uma touca cinza de lã.

Uma barraca chamou sua atenção: um homem vendia quinquilharias do antigo mundo, e Nick saboreava cada peça, e cada uma delas arrancava dele um sorriso à parte. Hélices plásticas de ventiladores, carcaças de ferros de passar roupas, pulseiras, cordões, e coisas de todos os tipos. Ele observava tudo com interesse, até que algo o deixou abobado: em suas mãos, um aparelho intacto, de cor negra retangular e bordas prateadas. No verso, brilhando ao reflexo, o seu nome surgiu: "iphone". O seu coração se ascendeu, e perguntou ao vendedor:

– O que é isso?

– Meu jovem curioso. Não sabe o que é essa maravilha? – respondeu o homem que mais parecia um abridor de latas por causa de seu único dente expressivamente exposto.

– Não. Mas vejo que o senhor é um especialista!

– Verdade – gabou-se ele. – Sou conhecido como o sábio da antiga tecnologia.

– Então o senhor poderá me dizer para que serve!

– Meu jovem (tentava enganá-lo), isso é um olho mágico!

– Uau! E o que ele faz?!

– Os antigos usavam para ver o futuro!

– É por isso que ele tem essa bolinha atrás?

– Isso mesmo meu jovem! Você descobriu o segredo!

Nick virou o aparelho, consumindo o seu brilho e beleza, e decidiu:

– Quero comprar!

– Calma meu ávido jovem! Essa preciosidade não custará barato!

– Quanto?

– Cinquenta Dracos.

– Hei! Que roubo! Não tenho tudo isso!

– Como ousa garoto?! – irritou-se o vendedor.

– Então ta! Irei procurar outro lugar para gastar meus dez Dracos.

O vendedor gaguejou e suou frio vendo o dinheiro nas mãos do menino. Ele o abraçou, trazendo-o de volta.

– Que menino afoito! Venha, encoste aqui...

Nick o observava com olhar ingênuo e o vendedor se aproveitou.

– Vamos negociar: eu te vendo por dez Dracos!

– Eu estive pensando, e não sei se quero mais! – demonstrou desânimo.

– O quê?

– Talvez se me desse mais alguma coisa...

– Seu diabinho! Pensa que pode me enrolar é?

– Jamais! O senhor é um especialista, e eu apenas um menino com dez Dracos.

– Tome! – ele pegou um cordão em formato de sol e jogou ao garoto junto com o iphone. – É o máximo que pode levar, abusado!

– Negociar com um especialista me traz um imenso prazer!

Nick pegou o cordão e o aparelho e guardou em seu bolso. Ele olhou para todos os lados e afastou-se, desaparecendo o mais rápido que pôde.

O vendedor sorriu e atravessou toda a feira, ostentando seus Dracos ao amigo vendedor na ponta oeste da praça.

– Consegui uma barganha! Um garoto idiota caiu em minha lábia!

– Excelente! Em falar em garoto, eu consegui as amostras de Dracos falsos. Ficaremos ricos!

– Maravilha! E onde estão?

– Com o garoto que enviei à sua barraca hoje!

– Que garoto?

– Um abobado. Ele estava rondando por aqui mal vestido e com uma touca cinza na cabeça!

–Maldito garoto! – gritou o vendedor irado.

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora