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A mãe sentou-se com o pequeno menino frente à mesa, e repartiu o pão. Adicionou uma bebida feita de grãos, colocando-a em uma pequena caneca de madeira surrada, e o garoto sorriu, saboreando a refeição.

Olhando o menino para a caneca, percebeu ela tremer e acompanhou as pequenas ondas que se formavam sobre a superfície, achando tudo aquilo incrível.

– Que legal!

– Pare de balançar a mesa, filho! – pediu a jovem mãe camponesa.

– Não sou eu mãe! – ele justificou-se e ela deu de ombros, distraída a costurar.

Novamente as ondas formaram-se, e o garoto sentiu a cadeira tremer, e a mãe novamente o pediu:

– Pare de chutar a mesa...

O menino sentiu um forte tremor, e buscava a origem por debaixo da mesa, até que a caneca vibrou, e ouviu um som gravíssimo.

– Filho! – ela repetiu distraída.

O garoto correu para a janela, vendo apenas o horizonte dos campos de trigo, vazios, balançando ao vento, e colocou o corpo para fora da janela, buscando aquele som.

– Volte para a mesa...

Ele subiu em outra janela, mas nada enxergava. Saiu e rodeou a casa, e viu algo estranho aproximando-se vagarosamente.

– Filho! – a mãe o chamava.

Ele correu para uma pequena estrada, afastando-se, e parou no acostamento, subindo em uma pedra e seus olhos se esbugalharam espantados. Os gigantes marchavam em direção ao centro de Santa Cruz, e passavam por ele, lentos e enormes, e seus passos tremiam o chão.

De longe, a mãe gritou, temendo pela vida do pobre garoto, mas ele estava preso à visão que tanto admirava. Eram tão altos, que o menino de pé não alcançava os joelhos do menor deles, e eles o encaravam de volta. Os gigantes estavam armados, e seguiam em fila, solitários. O pequeno puxou uma pequena espada de madeira, levantando-a e apontando para eles.

– Jonas! – gritava a mãe em pânico.

Um deles desviou-se da fila e aproximou-se do menino que levantara sua pequena arma de brinquedo, enquanto a mãe chorava e implorava pela vida do filho. O gigante parou em frente ao menino, e trocaram olhares. O menino esticou o braço, entregando-o sua espada.

– Tome! Vai te ajudar a lutar! – disse o menino.

O gigante pegou de suas pequeninas mãos e a observou por um tempo, colocando-a em sua cintura, e ainda se entreolharam por um curto tempo. O garoto correu acelerado de volta para sua mãe, deixando-o solitário, enquanto a fila marchava.

"Obrigado...", sussurrou triste o gigante.

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora