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Urias, Débora e Baldur passaram despercebidos entre os Solkers pela madrugada e chegaram até a outra zona de Emiliano.

– Estamos no caminho certo? – Baldur perguntou.

– Sim! Estamos! – respondeu ela.

Cada espaço e cada canto escuro daquela cidade embaçavam suas visões e a forte neve desacelerava os seus passos. Entre as sombras, Urias viu um vulto atravessar rapidamente, e intrigou-se:

– Há alguém ali! – sussurrou para seus amigos.

– Pode ser um Filho de Deus! – Débora animou-se.

Eles seguiram silenciosamente o vulto e chegaram até a outra banda da cidade.

– Ninguém! – Débora ficou surpresa.

Urias olhou cuidadosamente cada fresta, canto escuro e frustrou-se:

– Vamos voltar!

"Preciso ter mais cuidado!", Nick suspirou aliviada atrás de um pequeno caixote que a escondeu e os despistou. Depois, caminhou até encontrar uma pequena e simples casa, tocando vagarosamente a janela, deixando aberta uma pequena fresta que lhe permitia enxergar um pequeno cômodo, com uma cadeira e uma pequena cama, iluminadas por um lampião aceso. Ela entrou silenciosamente.

Ao canto, algumas roupas de menina bem dobradas e arrumadas pareciam troféus, e Nick tocou todas. Pegou um casaco novo e o vestiu, tropeçando na cadeira, provocando um ruído e pulou a janela novamente, esquecendo-a aberta.

Uma mulher loira, magra e abatida entrou no quarto, chorando sutilmente, e sentou-se na cadeira, frente àquela cama. Ela encontrou o casaco sujo, levando-o ao rosto, sentindo o cheiro, e correu até a janela, chamando:

– Monique?!

Um homem magro e alto também entrou no quarto, e abraçando-a tentava consolá-la:

– Ela não está aqui, querida! Venha!

– Monique! Monique! – ela insistia, vasculhando onde sua visão alcançava.

Nick chorou.

– Monique! Eu sei que está aqui! – chamava a mulher.

– Querida! Pare com isso!

– Eu te amo, filha! Eu te amo!

– Vamos!

– Eu te amo!

O homem fechou a janela, e a retirou.

Nick abaixou-se ao chão e chorou angustiada. "Desculpe!", ela sussurrou.

Ela se levantou e despercebidamente esbarrou num Solker, e suas pernas tremeram.

– O que um garoto faz aqui à essa hora da madrugada? – perguntou Urias.

– Eu... Eu...

– Não está roubando, está? – olhou ele para a janela.

– Eu? Que nada, seu soldado! Estou apenas caminhando, sabe como é, né! A propósito... Bela armadura!

Urias achou Nick engraçada, mas Débora e Baldur se aproximaram e o distraíram. Ele virou-se novamente para Nick, mas ela havia desaparecido.

– Garoto esperto! – ele sorriu.

Pedro conduzia Mago e seus amigos ao porto, para subirem à bordo do Emily, o principal navio de cargas e passageiros da cidade, e eles seguiam apressados.

Urias continuava sua busca e viu uma silhueta como a de Rebecca passar por entre as sombras, e seu coração disparou.

– Rebecca! – ele correu.

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora