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– O que ele fez com você? – espantou-se Orch.

Gena caminhava em sua direção, e o atacava com suas garras, destruindo parte da edificação com a sobrenatural força que adquiriu.

"Preciso tomar cuidado com as garras!", pensou ele.

Ela caminhava lentamente, buscando acertá-lo e ele por milagre conseguia se desviar das velozes unhas.

– Você estragou tudo, Orch!

– Eu estraguei?

– Sim você! Aaaaarg! – ela o atacou.

Orch correu e se escondeu em uma das colunas, deixando-a perdida.

– Que tal subirmos ao quarto, querido? – ela sensualizou, mostrando seus seios agora deformados pela terrível aparência.

"Deus me livre!", aliviou-se.

Orch abaixou, e a garra de Gena passou e rasgou a coluna onde estava, deixando-o à vista.

– Olhe para mim, Orch!

– Como pôde vender a sua alma?

– Todas as almas foram vendidas, Orch. Ninguém escapará do destino final!

– Está enganada!

– Não! Não estou! O Profeta me disse que estamos fadados a um cruel destino!

– Ele enganou você!

– Você precisa abrir os olhos, Orch!

– Eles abriram, Gena! E agora enxergo o mal que fiz ao meu povo!

– Não há mal, nem bem, rei de Santa Cruz! Eles foram unificados quando a estrela caiu. O que resta é apenas escolha.

– Então essa é a sua escolha? Assassinar inocentes?

– O único inocente é você, Orch!

– Sinto pena de você!

– Não me obrigue a matá-lo! Aaaaarg!

Orch desviou o ataque, mas tropeçou, caindo ao chão, e sua espada caiu longe.

– Está indefeso agora! – ela caminhava lentamente em sua direção.

Orch agarrou um pouco de terra de um vaso tombado, e quando ela se aproximou, jogou sobre sua face, cegando-a por um tempo.

– Maldito! – ela tentava se recompor.

Ele levantou afoito, pegou sua espada e correu de volta aos corredores, retornando à torre. Ele chegou até o guarda corpo, e olhou para baixo, não encontrando saída, e antes que recuperasse o fôlego, ela estava de pé, sorrindo e o encarando.

– Eu tirei você da lama... Era perdida e sem lar. Eu dei a você tudo isso, e é assim que me retribuiu?

– Você me tirou da lama? Há! Há! Há! Eu dei tudo isso a você, Orch! Antes você era apenas um ancião de merda! Eu busquei aliança com o império! Eu o tornei grande! Foi por minha causa que você esteve no trono todo esse tempo!

Orch recuou, enquanto ela se aproximava vagarosamente. Ele temeu e ela sorriu:

– Foi aqui onde tudo começou... E será aqui onde tudo terminará! – concluiu ela.

– Você que assassinou meus guardas!

– Você assassinou o seu futuro! – ela passou a mão em seu ventre.

– Do que está falando?

– Eu estou grávida!

– O quê? – ele tremeu.

– Quem garante que é meu?

– Idiota! O Profeta não pode gerar!

– Um filho... – ele meditou e perdeu-se, abaixando sua espada.

Ela o agarrou pelo pescoço e o suspendeu.

– Ele tem a mim, e não precisa de um pai!

– Aaaaarg!

Ela o levou ao guarda corpo para o soltar, mas o capitão surgiu com alguns soldados e cães, e vendo ela os animais, assustou-se e temeu, soltando o rei e afastando-se.

– Afaste-os de mim! – ela gritou desesperada.

Um soldado os segurava pela coleira, e soltando-os eles a encurralaram, ameaçando atacá-la.

– Afastem-se, malditos! – ela recuou até o guarda corpo e subiu nele.

– Espere! – Orch gritou.

– Morrerá com essa dor, Orch!

– Não! Por favor! – ele a implorou.

Ela olhou profundamente nos olhos do rei e sorriu vitoriosa, jogando-se do alto, e caiu em velocidade. Orch correu até o guarda corpo e olhando para baixo a viu espatifada ao chão. Então ele chorou.

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora