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O frio estava intenso, e a tripulação do Rosa de Saron finalmente alcançou as primeiras camadas de gelo do continente remoto. Seu tom branco e gélido de longe se diferenciava de Emiliano e Porto Belo, mostrando apenas solidão e morte no largo e infinito horizonte sólido que os cercava. Algumas montanhas se destacavam, mostrando-se aos olhos de Islo e sua tripulação.

– Aqui é o máximo que o navio consegue chegar – explicou. – Agora teremos que seguir caminhando.

– Ainda bem que trouxe meu cachecol! – comentou Dinho.

– Vamos! – Islo adicionou uma mochila às costas e liderou o grupo, formado por Mago, Elimar e Nick, também Felipe, Dinho e mais sete aliados, e por fim quatro homens do Rosa de Saron. Eles carregavam espadas e arcos, e Nick preocupou-se:

– Pensei ter dito que aqui era inabitado.

– De humanos sim... – respondeu.

Nick engoliu seco.

Após uma tarde inteira caminhando, finalmente chegaram até uma cadeia de montanhas, e os ventos uivavam, anunciando fortes tempestades.

– Quanto tempo até chegarmos? – Mago perguntou.

– Teremos que atravessar toda essa cordilheira até a orla da grande montanha. Acredito que antes de amanhã à noite chegaremos.

– Aff... – desanimou Nick.

– Acamparemos entre as montanhas. Elas nos protegerão da tempestade que virá – disse Islo.

Eles montaram uma grande tenda, vendando as laterais e impedindo o vento de entrar, e acenderam uma chama em um pequeno latão que trouxeram. Deitados ao redor, protegeram-se do forte frio.

– Ainda em que trouxemos essas peles de Jiraths – comentou Dinho. – São fedorentas, mas são os melhores isolantes térmicos que existem.

– Isso aqui é o inferno... – reclamou Felipe bicudo.

– Você está muito nervosinho, Fê...

– Ah! Cale essa sua boca!

– E muito desbocado também!

– Tudo isso por quê? Porque o meu amigo ali decidiu confrontar o império! – Felipe reclamava.

– Falou o homem que me fez roubar uma carroça imperial! – revidou.

Eles riram achando hilário, inclusive Felipe, mudando o seu humor.

– Pelo menos lá não era tão frio assim! – ele o rebateu. – Nem era cercado de predadores!

– Verdade! Esqueci que em Porto Belo você vivia cercado de mulheres...

– Uuuuuh! – todos gargalharam.

– Que isso, Fê! Esse seu cavanhaque sensual está muito arteiro, hein!

– Cale... Essa... Boca! – Felipe irritou-se e Dinho deu de ombros.

– Amanhã dobraremos a atenção quando alcançarmos o vale estreito – Islo antecipou.

– O que tem lá? – preocupou-se Nick.

– Uma criatura grande e perigosa.

– Que tipo?

– O Maraghor – ele explicou. – Um lobo maior que estas rochas, com pelos densos e negros, e garras capazes de estripar um de nós em segundos. Sua audição é poderosa e pode ouvir nossa respiração à metros de distância.

– Estou começando a concordar com o Felipe! – comentou Nick.

– Eu disse... – Felipe carimbou o comentário.

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora