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– Que o criador abençoe essas mãos que furtam para o bem! – Radamés o saudou agradecido.

"O que será que ele quis dizer com isso?", sussurrou Baldur, perdido naquelas palavras. Mas deu de ombros e continuou abaixado, enquanto libertava Radamés.

– Trouxe algum arco para mim?

– Não...

– Por que não?!

– Ora! Eu consegui a chave, pode ser?

– Deveria trazer um arco!

– Eu passei oculto por mais de vinte soldados, me arriscando sabia? Isso não basta? – Baldur irritou-se.

– Como vou me defender?

– Eu não sei!

– Eu não sei usar espada... Tinha que ter trazido um arco!

– Aaaaah!

Eles seguiram abaixados e cruzaram o primeiro corredor. Baldur chegou até uma esquina e olhou para os lados, e passaram pelo acesso à saída.

– Volte! Soldados! – sussurrou Radamés.

Eles retornaram até a esquina, e alguns soldados surgiram no corredor, e por pouco não os viram.

– Que tipo de capitão não sabe usar uma espada?

– Do tipo que sabe usar apenas arcos, ora! – Radamés o rebateu. – E eu não sou capitão!

– Mas foi...

– Quem te contou?

– Laudir!

– Pelo menos alguém decente.

– Não mais...

Radamés abateu-se e perguntou:

– O que mais aconteceu enquanto estive preso?

– Em resumo: Joel traiu a todos e o império atacou a cidade.

– Aquele maldito!

– Ele levou Débora.

– O quê?! Precisamos salvá-la o mais rápido possível!

– Urias foi buscá-la!

– Você não entende! Joel é um demônio! Ele irá matá-la!

– Você o conhece tão bem assim? – ironizou Baldur.

– Eu não me deitei com a mulher do capitão. Ele fez e me culpou. Ele sabia da minha fraqueza por mulheres, e armou para mim! Jamais tomaria em meus braços uma mulher casada. É contra os meus princípios!

– Hei! Vocês! – gritou um soldado, alertando a todos.

– Droga! Não trouxe mesmo um arco?

– Já disse que não!

Baldur sacou sua espada e lutou contra aquele soldado e o matou rapidamente. Antes que ele tentasse respirar, outros soldados saltaram e os perseguiram pelos túneis, até chegarem em um grande vão circular. Eles os rodeavam e um deles segurava um arco.

– Ali! Pegue aquele primeiro e me passe o arco! – Apontou Radamés.

– Tem uns dez na frente dele!

– Éh! Isso!

– Está brincando comigo?

– Não! Eu preciso de um arco!

Baldur lutou contra eles, e o que tinha o arco mirava nele, e Radamés o guiava escondido e sorrindo:

– Para a esquerda!

– O quê? – Baldur virou-se para a direita e a flecha errou sua cabeça.

– Está me guiando errado?!

– Se tivesse virado para a esquerda, a flecha também teria te errado...

– Você é maluco?

– Sou expert! Abaixe!

Baldur abaixou e a flecha passou correndo por cima dele, acertando outro soldado que tentou golpeá-lo por trás.

– Obrigado! – sorriu Radamés. – Salvei sua vida!

– Eu te salvei primeiro!

– Não! Não! Você é lento e burro! Eu mandei você virar pra esquerda, e virou para o lado errado e... Esquerda!

Baldur tombou a esquerda e outra flecha acertou outro soldado.

– Já pegou o meu arco?

– Pode esperar um pouco? Não vê que estou ocupado?

– Eu posso fazer isso ao dia inteiro! – Radamés bocejou, observando o espaço e guiando Baldur.

– Venha um pouco mais para o centro!

Baldur travava uma forte luta de espadas com dois soldados e reclamou:

– O quê?!

– Para-o-centro!

Baldur irritou-se e recuou para o centro como Radamés ordenou.

– Agora gire um o seu corpo um pouquinho para a direita!

– Isso é brincadeira?

– Gire!

"Vou acabar morrendo!", sussurrou Baldur lutando contra os soldados.

– Flexione um pouco seus joelhos!

Baldur irritou-se ainda mais, e abaixou rapidamente com o golpe da espada de um dos soldados, mas seguiu a ordem de Radamés.

– Quando eu disser... Você apenas deita um pouco o corpo para trás.

– Acha mesmo que eu vou fazer e...

– Agora!

Baldur inclinou seu corpo para trás, e a flecha acertou uma placa metálica, soltando uma grade, e ela caiu sobre ambos os soldados, deixando Baldur livre.

– Obrigado! – sorriu Radamés. – Agora pode pegar o arco?

O soldado era o último, e somente ele estava de pé. Ele largou o arco e correu desesperado, desaparecendo de suas vistas.

Baldur pegou o arco e entregou a Radamés.

– Assim? Tão fácil, sem nenhum esforço? Não tem graça! – zombou Radamés.

Baldur irritou-se e ambos fugiram da prisão.

Diante do castelo, Radamés abateu-se ao ver o grande salão destruído e a praça repleta de corpos e lamentou:

– Que a mão de Deus esteja sobre esta cidade...

– E quanto a Joel?

– Siga-me!

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora