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Muito apreciada pelos cidadãos, a arquitetura e beleza do castelo de Santa Cruz resplandecia ao norte do reino. A altura de suas torres era a cereja do bolo, e via-se à longas distancias. Orch era visto pelo povo como um bom ancião e governante, lutando sempre pela prosperidade e direitos dos cidadãos. Acima dos cinquenta anos, barba grisalha, trajava roupas simples, enquanto sua esposa Gena era maligna, perversa e manipuladora. Ela de jovem idade, belíssima em aparência, cercada de preciosas joias, seus lisos cabelos pintados de vermelho combinavam com as grandes unhas e roupas exóticas que adorava exibir. Ela o convenceu a aliar-se ao império, em troca de proteção e livre comércio e convívio entre os reinos.

Na sala do rei, Élder apresentou-se, e Orch o cumprimentou:

– À que devo a visita do comandante do exército imperial? Por acaso alguns de meus cidadãos opõem-se ao alistamento? Há algo errado em minhas terras que o atormentem?

– O imperador agradece a sua colaboração e insiste no bom convívio entre os reinos.

– E o que ele deseja, então?

– Ele solicita a ampliação de suas áreas próximo à cachoeira, para aumentar o contingente.

– Não me diga que o imperador deseja retomar à subida até as muralhas de Thális? Da última vez que ele tentou não teve êxito! Elas são protegidas!

– Bem sabemos que os interesses do imperador não são questionáveis.

– Não estou me opondo, comandante, apenas tentando compreendê-lo. Minhas terras são suas terras, e meus homens seus!

– Jáhva ficará satisfeito em ouvir suas palavras!

– Se esta aliança é proveitosa para o povo, é proveitosa para mim. É como minha esposa sempre diz: "Um forte reinado depende do bom convívio". Aliás, onde ela está que ainda não apareceu? – ele se perguntava.

– Vejo que ela é sabia!

– Não tanto quanto o imperador. Aliás, gostaria muito de falar com ele pessoalmente.

– Ele está em viajem nesse momento, mas enviou seu irmão, o Profeta. Ele está aqui em Santa Cruz, e em breve o visitará.

– Estou certo de que a sua visita será proveitosa! – finalizou o ancião.

Em outro lugar secreto do castelo, o Profeta penetrava forte em Gena, e ela enlouquecida delirava. Terminando, ele levantou-se, vestiu seu terno e ironizou:

– Você me lembra Jezabel.

– Quem?

– Por que eu insisto em deitar minha cultura aos ignorantes?!

Ela permanecia deitada, debaixo da coberta.

– Você possui cães? – perguntou ele.

– Sim, por quê?

– Cuidado! Eles adoram os dedos! E falando em dedos, preciso que coloque os seus sobre seu marido.

– Ele é um cego. Pena ser um homem bom.

– Pelo contrário! É perfeito! Por sua bondade é ouvido pelo povo, e pela sua ingenuidade é submisso a você. E você, a mim!

– Seu idiota! – Ela pegou uma taça de vinho e lançou, tentando acertá-lo. – E o que eu ganho com isso? Uma aliança de merda? Não vê que sou prisioneira de uma vida chata e medíocre?!

O Profeta olhou para a taça quebrada ao chão e o vinho derramado, e comentou:

– Sabia que há uma bebida ainda mais forte e poderosa que este vinho?

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora