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Diante de milhares de olhos espantados à luz do dia, Daniel sobrevoou o castelo de Santa Cruz, e sem aparente medo, ele esperava uma grande investida dos Solkers e soldados de Orch. O que eles não imaginavam é que a Fênix é imortal, e mesmo sendo ela golpeada por sortudas e pontiagudas flechas, elas se desfaziam em cinzas, e Daniel sorria animado, agradecendo seu amigo com carinhos no pescoço.

– Espero que Pateta não tenha ciúmes! – comentou ele.

Orch novamente correu para as janelas de seus aposentos, e contemplou a majestade de Daniel e admirou-se, invejando-o por um instante. A porta de seu quarto sonorizou com as batidas de seu capitão, e o rei a abriu e passando à frente de seu amigo e falando freneticamente:

– Vamos para a torre, George!

– Eu vou chamar os soldados!

– Não! Vamos apenas nós, por enquanto!

Daniel desviava de todos os tipos de investidas, e suas flechas não eram suficientes para um bom contra-ataque. Ele e Tuto saltaram na torre alta, e a Fênix desfez-se em cinzas e o deixou. Sobre a torre, ele pegou um espada ao chão, presenteada por alguns soldados que ele derrubou ainda no céu, e preparando-se para descer a longa escadaria, foi interrompido pelo ancião e seu leal capitão.

Orch estava de posse de uma espada, e o observou curioso. Sua expressão mais o admirava do que o temia, e o perguntou:

– Qual é o seu propósito, guerreiro?

Daniel estranhou, e curioso o respondeu com uma pergunta:

– Não deveria um ancião com fama de justo lutar pelo povo?

– Lado é uma questão de perspectiva... Mas agora responda a minha.

– Seu eu não responder lutarei com você?

– Se seu propósito for maior que esta guerra, irei contigo!

Daniel abaixou sua espada e desfez sua posição de ataque, relaxando seu corpo e acalmando Tuto. Ele respondeu:

– Antes eu não tinha...

– Diga! – o rei o interrompeu ansioso.

Ele suspirou e continuou:

– Luto pelos meus amigos, para acabar de vez com essa maldita guerra! Luto porque eu... – ele abaixou sua cabeça e o rei baixou sua espada, e ordenou ao seu capitão que também baixasse.

– Qual o seu nome? – perguntou.

– Daniel.

– Havia três soldados nesta torre, e antes de morrerem, eles me disseram que um rei deveria lutar pela justiça.

– Justiça também é questão de perspectiva...

– Está bem! Irei com você! – assentiu Orch.

– Não espere de mim amizade...

– Certo!

– Mas se importa pra você... Sou de Santa Cruz! – finalizou Daniel.

Orch sorriu animado e o guiou:

– Vamos!

Descendo eles, chegaram até o quarto de Rebecca, mas ela não estava mais. Orch questionou um dos guardas e ele respondeu que Gena havia a levado para a sala do trono. Ele virou-se para George e o ordenou:

– Junte todos os nossos homens! Eu decreto o império oficialmente nosso inimigo! Expulse-os de nossas terras!

– Com todo o prazer, meu senhor! – respondeu.

– Sigam-me! – Orch conduziu Daniel e Tuto.

George ajuntou todos os soldados, atacando todos os Solkers que se aventuravam no interior do castelo. Depois seguiram para o portão, limpando o entorno. Um grande grupo de soldados do império guardavam o acampamento, e puxaram suas espadas para confrontá-los, e um enxame de Solkers negros correu em sua direção.

– Eles são muitos! – gritou um soldado.

Uma grande batalha esticou-se nos campos do castelo, e os Solkers, lançavam flechas com fogo não apenas na direção do castelo, mas também nos campos e casas, para se vingarem.

– Estão atacando nossas famílias! – gritou outro soldado.

– Liberdade! – George levantou sua espada e os soldados puxaram suas espadas com toda a fúria, e a guerra travou-se em Santa Cruz.

Os Solkers eram em maior número, e espalharam-se rapidamente pelos vilarejos, ateando fogo nas casas, e assassinando camponeses desavisados. Eles invadiram a casa da amante de Radamés e a assassinaram sem dó e piedade.

– Queimem tudo! – disse a capitã que os liderava. – Que esse maldito ancião conheça a ira do império!

Alguns soldados de Orch apareceram e novamente as espadas se cruzaram nos campos, mas o desequilíbrio era evidente, e a balança pesava à favor do império. Aquela Solker chegou até uma simples casa e encontrando a mãe abraçada com seu filho, puxou sua espada para matá-los.

A mãe suplicou:

– Por favor! Poupe meu filho!

– Viva o imperador!

A Solker levantou sua espada e o seu braço foi cortado no ar. Ela olhou para o chão, vendo seu membro caído, enquanto o sangue jorrava de seu ombro. Ela virou-se para trás, e aquele gigante cortou sua cabeça tão rápido que ela não percebeu.

A mãe tremia ao chão, agarrada ao filho, e o gigante puxou de sua cintura uma pequena espada de madeira e a devolveu ao seu verdadeiro dono. O menino desprendeu-se de sua mãe, e aproximou-se do gigante para receber sua arma de volta, e sorriu feliz em vê-lo.

O gigante levantou-se e intentou retornar ao acampamento, mas o menino o agarrou, abraçando-o forte.

– Eu sabia que você era bom! – sorriu o menino.

Ele retribuiu o abraço, ouvindo aquela voz inocente, e cabisbaixo respondeu:

– Meu nome é Hugo – e fechou seus olhos, suspirando e meditando. Olhou para alguns Solkers que incendiavam outras casas e grunhiu alto:

– Aaaaarg!

Ele correu até os soldados e matou todos que levantavam a bandeira do império.

George e seus soldados lutavam bravamente, mas a desvantagem certamente decidiria a batalha, e a derrota batia à porta. Ele desviava de golpes de Solkers, e sua espada assassinou dezenas deles, porém pareciam se multiplicar, e quanto mais ele matava, mais eles surgiam.

– Não recuem! – ele gritava, motivando seus soldados.

– Eles são muitos, capitão!

– Enquanto o último de nós estiver de pé, a guerra ainda não estará decidida!

Eles lutavam bravamente, e recuavam, enquanto os Solkers os encurralavam em suas edificações.

– Senhor Deus! Nos ajude! – clamou o capitão.

Um gravíssimo e abalador som ouviu-se no centro da batalha, e os Solkers eram arremessados longe.

– O que está acontecendo? – um soldado perguntou.

– Não tenho visão daqui! – respondeu George, tentando entender.

Ele assustou-se e perdeu-se quando viu Hugo e os gigantes estraçalharem o império, e um de seus soldados o perguntou:

– Eles estão conosco?

– Não sei se tenho coragem de perguntá-los! – temeu George.

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora