Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]

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TRILHA SONORA DO LIVRO
Toda a trilha sonora foi composta e produzida pelo autor originalmente para este livro https://soundcloud.com/brunodiedrichs/sets/saga-depois-do-mundo

ARTE DO LIVRO
Todas as imagens foram desenhadas à mão pelo Autor
https://brunodiedrichs.wixsite.com/brunodiedrichs

Líliam, a cidade escrava de seus muros, desprezada, enfadada por uma maldição que atormenta seus moradores de dia e de noite. Sua pobreza enterrou sua estima, e os cansados olhos do povo perderam o brilho no despertar da religião. O conflito interno era eminente, e a polarização de ideais transformou suas calçadas em verdadeiras praças de guerra, disputando eles conceitos morais e religiosos, trazendo à tona o fracasso de seus fundadores.

Marcos incitava a dissolução do conselho, e liderava uma frente que se autodenominava revolucionária, formando pensamentos voltados ao progresso e reestruturação da cidade, forjando frases ao povo, pregando acordos de paz com o império, acreditando ele que a prosperidade teria chances de retornar aos pratos de cada cidadão. Moisés era contrário, e julgava profanas as ideologias de Marcos. Ele acreditava que o império jamais faria acordos que não fossem de cunho anticristão. "Com bandidos não se faz acordos!", dizia ele. E o povo estava perdido e dividido, sendo a maioria simpatizante à Marcos, já que nada tinham a perder, e a fome já os castigara demais, e os olhos suplicantes de seus filhos o torturavam.

– Sua ingenuidade nos levará a morte! – gritava Moisés.

– Já temos lápides sobre nossas cabeças! – respondeu Marcos.

– Isso é loucura!

– É a vontade do povo!

– Eles desconhecem o mundo lá fora!

– A decisão não é sua!

Na parte mais inexplorada da cidade, segredos singulares ocultavam-se entre os escombros abandonados. Montes de pedras, ferros, camas quebradas, automóveis destruídos e uma antiga rodovia coberta de terra e mato selvagem, nascida entre as rochas e findando-se aos pés da montanha. Uma estreita fenda entre as rochas e incapaz de ser descoberta à olho nu ocultou uma ilustre personagem que entrava e saía da cidade secretamente. Vestida como um longo manto negro, a bela mulher de cabelos castanhos escuros e trança lateral surgiu, e embrulhou suas vestes aventureiras, escondendo-as entre ferragens. Trajava agora um grande vestido negro com compridas mangas abertas nos pulsos, e sutilmente retornou à cidade, certificando-se de que ninguém a viu, preservando seu segredo. Ela seguiu arisca pelos becos da cidade, e acabou esbarrando em Moisés, trocando olhares desconfiados.

– Onde esteve, Rebecca?

– Eu...

– Procurei você por toda a cidade!

– Desculpe pai. Eu estava cuidando de alguns doentes.

– Boa alma, mas inconsequente!

Ela sorriu desajeitada.

– Não deve ficar sozinha. Os dias estão tenebrosos.

– Urias já retornou? – ela perguntou curiosa.

– Aquele insolente?

– Pai!

– Não entendo como pode gostar dele...

– Ele é um bom homem.

– É abusado e irritante.

– Ele só está tentando ajudar!

– Ajudar? Ele nos desafia. A ruína o precede!

– Acho que no fundo é apenas ciúme – ela sorriu.