Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]

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TRILHA SONORA DO LIVRO
Toda a trilha sonora foi composta e produzida pelo autor originalmente para este livro https://soundcloud.com/brunodiedrichs/sets/saga-depois-do-mundo

ARTE DO LIVRO
Todas as imagens foram desenhadas à mão pelo Autor
https://brunodiedrichs.wixsite.com/brunodiedrichs

Localizadas ao sul do reino de Santa Cruz, na orla do Mar dos Reis, as aconchegantes e rústicas cavernas da Costa compõem uma extensa cordilheira montanhosa formada por rochas lisas, movidas e sobrepostas pelo impacto da estrela. De dia, o típico calor sazonal é amenizado pelo frescor interno da montanha, porém as noites os castigam com baixíssimas temperaturas, mesmo em temporada de mormaço. O fator determinante entre a camiseta e o agasalho é a luz do dia.

Elimar treinava seus golpes, e as paredes da caverna estremeciam com tamanha violência e força. Seu humor estava em declínio, e constantemente resmungava preocupado com Daniel.

– Ele não dá sinal de vida!

Mago sempre se dedicava à leitura, e aquela tarde não fora diferente. Usando uns óculos que encontrou em uma de suas buscas, e que pelo acaso combinava com seu exato grau de leitura, ele folheava alguns versículos de provérbios bíblicos, seus preferidos, e constantemente os declarava em sussurros.

Elimar irritou-se com sua frieza e o perguntou:

– Como consegue ficar tão calmo?

– E você não tem algo menos barulhento para fazer? – respondeu seco.

Elimar suspirou irritado, e promoveu um golpe tão forte que rachou a rocha, fazendo o Mago comentar por cima dos óculos:

– Ainda bem que somos amigos...

Elimar respirou fundo e tirou a camisa, e um exército de cicatrizes surgiu em seu corpo moreno escuro. Ele pegou suas adagas e praticou alguns ataques, acertando o armário de madeira, fincando-as simetricamente com incrível precisão e perfeição, chamando novamente a atenção do Mago.

Eles ouviram um relinchar de cavalo vindo de fora, e rapidamente pegaram suas armas, seguindo o som, e foram surpreendidos por Daniel cruzando a entrada da caverna.

– Daniel! – gritou Elimar feliz em vê-lo.

Ele carregava sua mochila nas costas e uma bolsa ao ombro. Cansado, jogou tudo ao chão e estirou-se em uma pequena cama completamente exausto.

– Água! – suplicou.

Seus semblantes despencaram quando um jovem rapaz de pernas finas e calças com listras na lateral, vestindo uma blusa de moletom com mangas que o engoliam cruzou a entrada. O menino tentava erguer a pesada bolsa, e Elimar o seguiu com os olhos, até que não se conteve e perguntou a Daniel:

– O que é isso?

– Carne, ora! – respondeu o garoto nervoso. – Vai ficar aí olhando ou vai me ajudar?

– É sério mesmo? – Elimar questionou Daniel.

Daniel franziu a testa e respondeu desajeitado:

– Eu juro que tentei me livrar, mas ele é pior do que um carrapato. Acreditem!

– Qual é o seu nome, garoto? – perguntou Elimar ainda inconformado.

– Nick.

O Mago não desgrudou do menino, e o seu olhar experiente enxergou algo diferente nas entrelinhas, enquanto Elimar continuava a discutir com Daniel:

– Ele ficará conosco? – perguntou Elimar irritado.

– É só por um tempo – respondeu.

– Onde ele dormirá?

– Sei lá! Dê um tapetinho pra ele...

– Hei! Não sou nenhum cachorro! – reclamou Nick.

Mago não conseguiu se segurar e soltou uma risada, zombando de Daniel.

– Do que está rindo? – Daniel irritou-se com ele.

– Você caiu como trouxa! – ele se engasgava de tanto rir.

Daniel irritou-se ainda mais:

– O que tem o garoto?

– Ah! Ele é muito bom! É rápido, esperto e habilidoso, mestre em disfarces! Ele te enganou muito bem!

Nick engoliu saliva, e afastou-se para o canto, vendo seu segredo esvair-se nas risadas do Mago.

– Fale logo de uma vez! – Daniel ficou vermelho de raiva.

O Mago abriu os braços e explicou:

– Você foi enganado por esse garoto, ou melhor... – Mago aproximou-se de Nick e arrancou sua toca, soltando seus longos cabelos loiros e compridos. – Garota!

– Porra! – Daniel gritou.

Nick abaixou sua cabeça, e ficou desajeitada.

Eles a olhavam surpresos, tentando decifrá-la. Elimar arregalou seus olhos, zombando de Daniel.

– Cara! Como você caiu?

– Ela é habilidosa! – O Mago alisou os cabelos dela, sorrindo e admirando-a.

Daniel estava tão irritado que deu de ombros e saiu, e Elimar acabou gostando da ideia de ter uma companhia feminina entre eles.

– Bem vinda ao clube, menina! – sorriu ele, estendendo sua mão para saudá-la.

– É Nick! – ela rebateu cruzando os braços.

– Uuuuuh! Ela é esquentadinha!

– Você pode ficar naquele canto – apontou o Mago.

Daniel remexeu em suas coisas e jogou algumas roupas novas sobre ela.

– O que é isso? – perguntou curiosa.

– Você fede mais do que um Jirath! – respondeu.

– São de menino!

– Isso não será problema pra você! – ironizou.

– Não... Só não imaginei que aqui tinha roupas de menino!

Novamente algumas lembranças ocultas abateram Daniel e então ele fechou seus olhos, engoliu saliva e escondeu seu rosto, não deixando que ela o visse daquele jeito. Ele apontou para um vão na caverna e ordenou:

– Tem um latão d'água ali. Tome um banho!