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Urias acompanhou em visão a estranha movimentação dos soldados. Eles desapareciam em uma ala ao norte da cidade, deixando-o intrigado. Procurou abaixo de sua sacada, e percebendo a falta de movimentação, desceu por entre as plantas que aderiam à parede, alcançando o térreo. Alguns soldados surgiam entre as esquinas, mas ele se ocultava pelos belos vasos ornamentais que se espalhavam pelo extenso jardim. Aproximou-se da sacada de Baldur, e lançou uma pequena pedra, acertando em cheio a porta. Seu amigo surgiu e desceu pela lateral, e então se juntaram.

– Onde ela está? – perguntou Baldur.

– Ela disse ala oeste.

– Como saberemos o quarto?

– Ela deixará a tiara na porta.

Seguindo eles entre os vasos, despistavam soldados que surgiam repentinamente, e finalmente alcançaram a ala.

– Lá está! – Baldur apontou para a tiara.

– Acha que ela consegue descer?

– Ela consegue derrubar um general! – riu Baldur lembrando-se de Joel. – Mas descer por ali... Acho que não.

Urias concordou e sugeriu:

– Dê a volta e distraia os guardas. Eu subirei.

Baldur seguiu para os corredores da ala oeste, e Urias subiu rapidamente as trepadeiras, alcançando a sacada. Ele abriu vagarosamente o quarto e a escuridão predominava.

– Débora? – ele sussurrou.

As luminárias estavam apagadas e somente a sua respiração era audível.

– Sou eu! Urias!

Um feixe de luz surgiu da pequena porta e Urias vagarosamente caminhou até ela. Ele abriu lentamente a porta, e dela surgiu Débora enrolada em uma toalha. Ele assustou-se, ficando completamente desajeitado.

– Desculpe! Eu... Eu...

Ela sorriu e respondeu:

– Nunca o imaginei como um expia de mulheres.

– O quê? (Ele engasgou-se novamente) Eu...

– Não gagueje comandante! – ela sorriu. – E agora, vire-se para lá, para que eu possa me vestir!

Urias ficou de costas, enquanto ela vestia seus antigos trajes.

– Pronto – disse ela.

Virando-se ele, viu novamente aquela moça que conhecera em Emiliano, vestindo roupas negras e casuais. Ele comentou:

– Está diferente de novo...

– Estou? E qual o agrada mais?

– A forte... Sempre – ele sorriu e seus olhos o entregaram por um instante. Ele apressou: – Baldur aguarda o nosso sinal. Vamos!

Urias abriu uma pequena fresta na porta e sinalizou para Baldur. Seu amigo estava escondido no vão de uma escada, próxima a entrada. Baldur apareceu diante dos soldados e eles o cercaram:

– Alto! Esta é a ala feminina! É proibido passar!

– Desculpe, estou perdido! Podem me ajudar?

Baldur posicionou-se de forma a desviar a visão dos soldados, e Urias fugiu com Débora sem que percebessem.

– Ah, sim! Como pude errar? – encenou. – Obrigado pela ajuda!

Baldur retornou ao jardim e alcançou seus amigos. Eles estavam escondidos no pequeno jardim.

– É um bom ator, Baldur! – ela comentou.

Depois do Mundo ★ Livro 1 [FANTASIA/FIM DO MUNDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora