Capítulo 1 • I'm into it

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POV Camila Cabello

Certa vez ouvi minha mãe dizer-me que eu era como o sol, em meu próprio sistema solar. Que eu fornecia a luz a outras pessoas, o calor necessário para aquecer suas vidas. Ela me disse que eu era uma fonte de vida, necessária na existência de qualquer pessoa que me orbitasse.

Suas palavras, tão convincentes me fizeram ter fé nesta teoria durante anos, retardando o meu ato mais provável; a falha tentativa de fazer com que todo o meu calor, todo o meu volume e vida chegassem ao fim.

Aos quinze anos, percebi que as falas da mais velha eram apenas um consolo para algo que nunca deixaria de ser verdade: o meu demônio interior.

Caso eu fosse o sol de meu sistema, não faria mal a todos que se alimentassem de minha luz quando a mesma começasse a ceder, caso eu fosse o sol, os planetas não iriam me odiar por estar no centro de tudo, caso eu fosse o sol, seria uma garota muito melhor do que está ao meu alcance.

Sim, eu poderia ser o centro de algo... Mas estar no centro disso era algo longe de ser bom, um infinito de ser o sistema solar.

Eu, e minha doença psicologica, éramos o que muitos poderiam dizer de inferno. "Paciente esquizofrênica paranoide", como os psiquiatras normalmente se dirigiam a mim. Ou "a garota louca" como os outros jovens me apelidavam nos corredores do colégio.

Tanto faz os apelidos, eu era exatamente o que diziam por ai, uma garota pertubada, condenada a sentir medo de tudo e todos que se aproximavam de mim.

Estes sintomas, causavam coisas piores, eu era um perigo a mim mesma e há quem diga que era um perigo as pessoas ao meu redor.

Existem muitas formas de ser atingido pelo esquizofrenismo. No meu caso, imaginava-me como o centro de tudo, de uma forma muito negativa. Algo em meu cérebro - que nunca fiz questão de entender nas explicações médicas - ditava que eu pensava ser o problema em todos os lugares, ouvindo coisas e vendo coisas que jamais existiram.

É claro, haviam diversos medicamentos para isto e os tomava de forma consciente, era quase uma garota de quinze anos comum. Foi porém a alguns meses atrás de meu aniversário, que um de meus remédios antigos pararam de fazer efeito. Para ajudar, estava em um festival lotado quando os efeitos começaram a surgir. O resultado obviamente não foi bom, mas graças a alguma força superior, consegui sair viva daquela. Logo após, me concederam novos remédios. Os tais são os mesmo que tomo hoje, nunca tive nenhum problema com eles.

Além das pílulas, meu psiquiatra aconselhou minha mãe que me inscrevesse em um "acampamento de verão para jovens com problemas psicologicos". Parece até piada, mas essa merda existe.

Debati com a mais velha, achando a ideia absurda. Era um local com muitas pessoas - o erro começa neste ponto - onde seria obrigada a participar de grupos de apoios e atividades que, sinceramente, não botava fé serem tão eficazes.

Para minha infelicidade e ansiedade adiantada, minha mãe ganhou a discussão. Era por este motivo que me encontrava, naquele dia de verão, em uma imensa fila que levava diversos jovens a pegarem suas bandejas de alimentos e se sentarem a mesa para almoçar.

Estava em meu primeiro dia no acampamento, que até o momento havia sido consideradavelmente fácil. Havia conhecido uma garota chamada Ally Brooke no caminho até a entrada do acampamento, ela havia sido minha salvação até o momento.

Por mais que meu plano fosse me acomodar aqui sem ser percebida e passar meu tempo livre o mais longe possível de toda a população, Ally se apresentou como minha colega de quarto e não deixou que eu fosse embora sem uma boa apresentação enquanto caminhavamos até o nosso quarto duplo.

The CampOnde histórias criam vida. Descubra agora