Capítulo 31 • THIS IS NOT REAL

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Shh... Eles vão ouvir

Oi gente... :").

Eu não vou falar mais nada, prestem atenção nos sinais.

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POV Lauren Jauregui

A manhã seguinte, se deu com um frio incomum para o tempo em que estávamos. Tão frio, que imaginei estar com febre, ao invés de ser culpa da temperatura. Ao meu lado, Camila não estava mais deitada da forma como sempre a encontrava. Esses motivos me levaram a saber imediatamente, que aquele dia seria uma droga.

Coçei as pálpebras com a pontinha dos dedos, sentindo a pele do local arder. Era de se esperar que meus olhos estivessem extremamente sensíveis e inchados, visto que a noite foi passada em longas crises de choro. O que dizer sobre os pensamentos que invadiam minha mente de forma inesperada? Era como uma amostra grátis de algo até então desconhecido. Eu imaginei que por muito tempo, estaria focada em pensar em tudo o que aconteceu e tudo que não aconteceu com meu pai, mas a realidade era que, depois de tantaa teorias e desesperos expremidos em pensamentos não compartilhados, minha mente começara a parar. Meus sentidos começaram a falhar. Com um grande vazio, onde minha maior concentração era o ar frio entrando pelo meu nariz, carregando o oxigênio poluído — típico do Canadá — para dentro dos meus pulmões, levando não só oxigênio como também impurezas para todo o meu corpo.

Pela tarde, quando minha mãe me pegou no acampamento, ela estava totalmente vestida de preto e com os olhos tão inchados quanto frutas podres abandonadas na geladeira por semanas. Eu estava acompanhada de todos os amigos, e até alguns desconhecidos que deveriam ter ouvido a notícia por fofoca, um silêncio reinando entre nós. Para ser honesta, não havia o que ser dito, não havia nada para se fazer, e aquilo de certa forma me confortou. Fiquei feliz por não ter pessoas falando algo como: "ele está em um lugar melhor", ou "Um familiar meu também…", fiquei Extremamente feliz em saber que não precisava fazer mais do que estava fazendo: encarar uma mosca gorda e preta sobrevoar um pedaço abandonado de sanduíche de queijo e tomate, prestando atenção somente ma minha respiração. Os minutos iam passando, de forma lenta e gradual, e foi só então que notei a primeira coisa que me fez pensar: Camila não estava ali. E pelo que eu conhecia de Camila — o que com certeza não era superficial — ela deveria estar ali. Ela deveria querer me abraçar e estar comigo, mesmo que qualquer palavra fosse inútil. Eu sabia que ela ia entender. Mas não entendi a sua ausência. Talvez ela estivesse ali durante os anteriores minutos, eu não sabia, eu estava fraca demais, para fazer outra coisa que não me concentrar no vácuo eterno em minha mente.

Eu fui arrastada para dentro do carro sport da família Jauregui, preenchido por Taylor, Chris e minha mãe. Pela primeira vez, a ausência do meu pai não podia ser justificada por uma reunião em L.A, ou uma visitação a filial de Miame. O carro cheirava a eucalipto, culpa do desinfetante que meu pai havia comprado a algumas semanas. A história por trás daquele pequeno eucalipto era engraçada. Ele havia comprado uma caixa cheia desses negócios, só pelo fato de que estava custando dois dólares no Wallmart. Nos primeiros dias, Chris teve uma leve reação alérgica ao troço, o que fez nossa mãe brigar com o homem e pedir para que ele o tirasse de lá. O ar quente sendo soprado do ar-condicionado aquecia meu corpo, tornando meus inúmeros casacos peças de roupas inúteis. Enquanto a visão da cidade se passava pela janela nublada, lágrimas confusas escorriam por minhas bochechas. Digo, "confusas" pois eu não estava mais pensando. Uma pressão insuportável fazia minha cabeça parecer pequena e mais uma vez, tudo rodava.

Nós chegamos ao cemitério em pouco tempo. Eu vi aquelas pessoas com roupas chiques e acessórios chamativos, me perguntei o motivo de tudo aquilo. Por parte, pessoas que nem mesmo conheciam meu pai, outras eram da sua empresa ou familiares distantes. Eu, com minha camisa xadrez sobrepondo as outras, calça jeans surrada e os cabelos bagunçados, não me importei em nenhum momento com a minha aparência. Porra, era o enterro da pessoa que me deu a vida, e eu deveria me vestir bem pra isso!? Como alguém teve tempo para se preocupar com sua roupa, quando a verdade irrevogável era que meu pai estava, naquele momento, em uma caixa de madeira.

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