Dean
- Seu pai esta no hospital a mais de quinze dias. Ele contraiu um câncer de figado. Mas a verdade é que ele já estava bem mal quando chegou aqui. Era isso que queria te falar no dia que esteve aqui a primeira vez e você foi embora sem que o medico pudesse conversar com você. Ele já estava muito doente. Tentei te ligar algumas vezes a mais ou menos um mês atras, mas seu telefone sempre estava desligado. Hoje, ele encontra-se na UTI do hospital e sentimos muito, pois...bem, acho que devia ir até lá. Os médicos podem te explicar melhor.
- Como ele pagou esse lugar?
- Como ele pagou? - Perguntou a moça surpresa com minha pergunta. - Bem, eu não sei te dizer. Bem, na verdade, o que sei é que ele tinha uma casa antes disso e talvez a tenha vendido ou sei lá. - A moça ficou confusa quando mudei completamente o rumo da conversa.
Sai de lá e fui até o hospital.
(...)
- Então, Dean. Eu sou o medico do seu pai. Você gostaria de vê-lo antes de conversarmos a respeito.
- Não! Prefiro que me diga o que esta acontecendo.
- Seu pai tem um câncer avançado no figado. Devido a isso, todos os órgãos dele estão comprometidos. A principio, sinto muito em te dizer, mas ele esta mantido vivo através de aparelhos. Ele nos deixou claro que de que não queria fazer mais nenhum tratamento e que desde muito tempo sabia que estava doente e ainda disse que se caso chegasse a ficar dependentes de maquina, ele preferia partir.
- E por que ainda o mantém vivo se ele disse isso?
- Porque ele deixou claro que só poderíamos deixa-lo ir depois que seu filho o vinhe-se vê-lo. - Ele deu um tempo antes de continuar. - Bem, você esta aqui e acho, acho que talvez você queira vê-lo.
- Eu...Eu...
- Você precisa de um tempo, é isso?
- Sim! É isso!
- Tudo bem, você pode pensar um pouco a respeito de tudo que conversamos. Que tal nos encontramos na recepção daqui uma hora? Ai depois podemos ver seu pai.
Sai da sala do medico, segui em direção ao local onde havia estacionado. Estava andando muito rápido como que fugindo. Não conseguia pensar. Não conseguia respirar. Não conseguia sentir nada!
Entrei dentro do carro e comecei a pensar em quando foi que as coisas começaram a desandar desse jeito.
- Por que não sinto nada? Por que não sinto nada?- Comecei a me perguntar e não demorou muito para que eu começasse a socar o volante com toda minha força. - POR QUE NÃO SINTO NADA PORRA! - Soquei o volante diversas vezes até que ela começou a sangrar. Sai do carro e simplesmente entrei em um caminho de trilha no bosque próximo ao hospital. Passei uma hora correndo como um louco, até que, novamente eu estava parado de frente ao hospital sem folego e com as mãos machucadas.
(...)
- Você esta bem, Dean? - Perguntou o medico quando me viu suado e com uma mão vermelha e inchada.
- Onde ele ta? - Perguntei sem responder.
- Venha comigo!
(...)
Paramos em frente a porta do quarto dezesseis.
- Você tem alguma pergunta? - Disse o medico.
- Não!
- Fique o tempo que precisar, e quando estiver pronto... bem... é só nos chamar.
Assim que o medico dar as costas eu falo:
- Na verdade, eu tenho uma pergunta. Você acha que ele consegui me ouvir?
O medico deu alguns passos em minha direção e sigilosamente me respondeu:
- Ele não tem mais atividade cerebral. Como te disse, as coisas complicaram e ele respira por causa do aparelho. Mas se você acredita em Deus ou em qualquer coisa parecida, acho que você deveria se apegar a isso agora e pensar que ele ainda esta ai e que consegue te ouvir. - Ele me tocou o ombro sutilmente e depois saiu. Novamente estava eu sozinho, parado e de frente a porta.
Minha mão doeu quando tentei abrir a porta. Quando finalmente pude entrar, vi que o velho Parker não era mais o velho Parker. Ele não mais conversava como bêbado sozinho e o ar ao seu redor não cheirava a álcool. O único barulho que se fazia dentro daquelas parede era do aparelho que mantinha ele vivo. O ar cheira a panos limpos e solidão.
Dei os primeiros passos em direção a cama. Minha mão começou a doer. Eu fiz um movimento com a mão e depois voltei os olhos para a cama. Fiquei parado por alguns minutos.
- Foi você que pagou tudo? A faculdade. Foi você? - Fiquei calado como que esperando resposta. Mas o único barulho era o da maldita maquina. - Isso não lhe redime dos seus pecados, sabia? Isso não te faz melhor. Você devia ter sido melhor quando ela se foi e deixou só a mim e a você. Eu ainda lembro de quando brincávamos no parque, antes de você virar um alcoólatra imundo. Eu era uma criança de quatro ou cinco, mas eu ainda lembro. Mas você mudou e as únicas lembranças que você deixou me marcar foram as ruins. Foram as miseráveis e ruins.
Minha mão começou a doer novamente e simplesmente meus olhos encheram-se de lagrimas.
- Porra! Para de Doer!
Foi ai que percebi, diante de meu pai e de uma mão vermelha, que não era ela que doía, mas meu coração que estava a doer desesperadamente.
Chorei!
Baixei minha cabeça e deixei minhas lagrimas caírem. Talvez sejam as que não derramei por Jeff, as que não derramei quando minha mãe me deixou para trás, a dor por ter passado dias sem falar com a garota maravilhosa que encontrei por esse caminho espinhoso. Por está deixando o futebol de lado. Eu chorei em pé, ali, diante de meu pai, prestes a parti de vez.
- Eu não vou te dizer obrigado, por que já é tarde. É tarde para mim fazer algo por você e é tarde para você concertar as coisas. Mas... mas se um dia você tivesse tido a oportunidade de concertar as coisas, deveria ter feito! Porque eu vou concertar as minhas!
Toquei o botão que alerta. Poucos segundos depois, havia uma enfermeira logo atras de mim.
- Senhor? - Falou ela.
- Acho que ele precisa ir agora. - Falei olhando para as rugas do rosto do velho Parker e ainda sentindo meu rosto frio, eu decidi que já era hora de visitar outra pessoa.
- Tudo bem.
Quando ela se aproximou de meu pai e me viu sair do quarto, ela perguntou:
- Você não vai ficar para....
Antes que ela completasse sua frase, disse:
- Ele já me ouviu. Ele vai ficar bem. Eu vou ficar bem também.
Trilha sonora do capitulo:
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As Regras do Jogo - Dean e Sabrina - Coleção Amor em Jogo
Novela JuvenilDean é um rapaz explosivo e com uma habilidade incrível para jogar futebol americano. Através do futebol ele conseguiu uma bolsa de estudo na faculdade da capital onde ele vai reencontrar um velho amigo de infância, James Scott. Amizade essa que f...