É difícil descrever o que estou sentindo neste momento, ao lado do Loki e diante de um espectro da falecida Rainha de Asgard, Frigga. Mas acho que posso resumir com a seguinte frase: Estou DESMAIADA. Chocada, na verdade. Só não sei se com a situação em si ou com o fato de ter visto certa emoção no olhar do gafanhoto. Talvez com tudo isso.
De qualquer forma, tenho que confessar uma coisa da qual eu não me orgulho. Estou com certa inveja do Loki e da relação que ele possuía com Frigga. Porque mesmo morta, de alguma forma, ela está aqui. Por ele, preocupada com ele, zelando por ele. Enquanto a minha mãe nunca pôde fazer algo assim por mim porque, ao contrário de Frigga, ela não tinha qualquer conhecimento em magia — ou tecnologia, que pode ser considerada a magia de Midgard — para permitir que eu tivesse uma experiência como a que o Loki está tendo agora.
Além disso, é impossível não me identificar um pouco com o gafanhoto asgardiano, já que assim como eu, ele não foi criado por sua mãe biológica. É impossível também não me lembrar da minha avó, que é para mim o que, com certeza, Frigga foi para o Loki: uma verdadeira mãe.
Por fim, é impossível não sentir saudade da minha avó. Eu queria tanto que ela estivesse aqui comigo. Mas, infelizmente, a Sra. Susan Mills só poderá vir me visitar no meu aniversário, daqui a quase dois meses, e em virtude do meu trabalho e desta missão maluca na qual me meti, eu não posso ir até o Texas visitá-la na fazenda onde cresci e na qual ela mora até hoje.
Sentindo um aperto em meu peito ao pensar na última vez em que vi a minha avó, sacudo a cabeça levemente e volto a olhar para Frigga e para Loki. De repente, começo a me sentir uma intrusa entre eles. Independente da Rainha de Asgard não estar aqui de verdade, está bem claro que este é um momento familiar, entre mãe e filho. Portanto, eu não devia estar aqui.
Então, pensando em dar alguma privacidade para o estrupício do Loki, e tentando fugir das lembranças e emoções que aquele momento estão despertando em mim, faço menção de me afastar. Porém, quando diminuo a pressão dos meus dedos sobre os símbolos do bracelete, a imagem de Frigga oscila.
Antes que eu respire, Loki aperta a sua mão livre contra a minha no bracelete e ordena de um jeito ríspido:
— Nem pense em tirar essa mão... Midgardiana daí, sua insolente.
Sim, ele me xingou mais uma vez e isso está mesmo virando um círculo vicioso.
Será que o Loki já assistiu Pica Pau alguma vez?
Seja como for, desta vez, eu não sinto o meu sangue ferver nas veias. Isso porque eu desconfio que o Deus da Trapaça só me xingou para disfarçar o quanto está mexido com aquela experiência. Ele quer mostrar que ainda é o Loki. Quer manter aquela barreira invisível que o cerca intacta. Não quer demonstrar qualquer sentimento mais puro, porque deve encarar isso como um sinal de fraqueza.
De certa forma, consigo entender a sua postura porque eu também não quero que ele perceba o quanto estou emocionada com o que estamos presenciando. Não que eu acredite realmente que o gafanhoto egoísta ao meu lado ia demonstrar qualquer interesse pelo o que estou sentindo neste momento, mas o fato é que eu também preciso manter a minha barreira intacta.
E sabe qual é a melhor forma de mascarar nossas emoções e fraquezas? Com sarcasmo. Quase sempre funciona. Fica a dica.
E é exatamente esta postura que assumo, quando lanço um sorriso amarelo para o Loki e retruco:
— Pedindo com jeitinho.
Em seguida, enquanto me obrigo a parar de pensar na minha conturbada história familiar, o espectro de Frigga recomeça:
— Meu filho, o que você está vendo agora só será mostrado uma única vez. Portanto, mantenha os símbolos que ativaram esta mensagem pressionados. Do contrário, ela se perderá para sempre.
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Trapaças do Destino
FanfictionOlivia Mills é uma estagiária que tem sérios problemas com os seus dois chefes, que ela costuma chamar de demônios. Moradora da cidade de Nova York e prestes a se formar na faculdade de Publicidade e Propaganda, sua vida muda completamente quando um...