Macumba Poderosa

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Juro solenemente que não vou me apaixonar pelo vilão da história.

É o que estou repetindo mentalmente, enquanto encaro Loki embaixo do meu corpinho sobre a cama.

Epa! Epa! Epa!

Embaixo do meu corpinho? Na minha cama? O que diabos está acontecendo aqui mesmo? E o que está acontecendo comigo? Por que, subitamente, meu cérebro parece ter virado geleia? E por que meu coração está tão acelerado? E por que minha respiração falha a cada vez que eu tento respirar?

É o que estou me perguntando, quando me obrigo a quebrar esta macumba poderosa que prende os meus olhinhos de noite serena ao olhar do traste asgardiano, que me fita de volta de um jeito... Intenso demais para o meu gosto.

— Macacos me mordam... — resmungo, me afastando o mais rápido que consigo, o que me leva a cair de bunda no chão em seguida. — O que você está fazendo aqui? — questiono desnorteada, passando as mãos pelos cabelos e tentando me recompor.

Exibindo um sorriso irritante e debochado naquele rostinho... Ridículo, o Deus da Trapaça se senta e responde tranquilamente:

— Eu só estava tentando dormir. Agora, a pergunta mais apropriada para este momento seria... Por que você se jogou em cima de mim deste jeito, Olivia?

Não sei o que acontece comigo quando ouço meu nomezinho fofo, fofo, fofo naquela boca maldita, mas dou graças a Odin, que o quarto está pouco iluminado pela fraca luz do abajur, já que assim o gafanhoto abusado não pode ver como eu fiquei vermelha por causa disso.

Sua pergunta também mexe comigo, já que do jeito que Loki falou, parece até que eu me joguei em cima dele de propósito, parece até que eu fiz isso com... Segundas intenções.

Eca! Eca! Eca!

Com raiva e querendo colocar este serzinho desprezível no seu devido lugar, eu retruco rispidamente:

— Eu não me joguei em cima de você! Aliás, eu não faria isso mesmo que você estivesse coberto por algodão doce! Agora levante esse traseiro asgardiano daí!

Depois de erguer as mãos em sinal de rendição, Loki me provoca de um jeito cínico:

— Calma, midgardiana. Não precisa ficar tão nervosa. Eu só estava brincando.

— Eu não estou nervosa! — berro, mas ao perceber como isso soou contraditório, procuro me acalmar e reforço pausadamente: — Sai da minha cama agora mesmo.

— Com todo o prazer. — Loki acata com um leve e cínico sorriso naqueles lábios... Naqueles lábios! Ponto. — Permita-me perguntar... — ele pede depois de se levantar da minha amada caminha bem lentamente, como se quisesse me provocar. — O que aconteceu? Por onde você andou o dia inteiro? Por que demorou tanto para voltar? Você conseguiu encontrar o seu amigo?

Suas perguntas me pegam de surpresa. Isso porque eu estava tão convencida de que o gafanhoto não estava por perto, que nem pensei que ele me encheria de perguntas, quando eu voltasse para o meu cafofo.

Pondero desconversar, dizer que não é da conta dele, mandá-lo para um lugar onde o Sol não brilha, algo assim. No entanto, sei que essa postura deixaria Loki desconfiado e, como tenho que priorizar esta maldita missão, resolvo lhe dizer a verdade. Ou pelo menos uma parte dela.

Sendo assim, eu me levanto e relato rapidamente e com certa indignação:

— Eu fui atrás do meu amigo sim. Aquele que você jogou contra mim com o seu teatrinho ridículo, sabe? Mas eu não consegui alcançá-lo, porque acabei sendo atropelada por um maluco numa bicicleta. Então, o carrasco se sentiu culpado, me levou até um hospital e, como eu bati a cabeça na guia, o médico achou prudente me deixar em observação por algumas horas. Depois disso, ele me deu alta e aqui estou eu, dando satisfações da minha vida para um abusado que se apoderou da minha caminha, enquanto eu estava entre a vida e a morte. Por falar nisso, você não tem vergonha, não?

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora