O dia seguinte

3.8K 371 59
                                    


O mundo dá voltas. É o que dizem. Mas se alguém me dissesse que o meu mundo daria tantas voltas, em tão pouco tempo, e que eu acabaria nua em uma cama com Loki, certamente eu discordaria com um sonoro e resoluto nem a pau, Juvenal!

E no entanto, aqui estou eu. Em Asgard, no palácio, em meu quarto, sobre uma cama desarrumada que só pelas barbas do profeta não veio abaixo durante esta madrugada.

Ela deve ser bem resistente, por sinal...

A propósito, eu devo ter desmaiado de exaustão em algum momento porque não me lembro quando o trapaceiro irresistível e eu finalmente paramos com as estripulias, travessuras e saliências. Lê-se: com a pegação nervosa.

Tampouco me lembro de quando exatamente peguei no sono. Todavia, nada disso importa agora. A única coisa que importa realmente é que esta noite foi real e mágica ao mesmo tempo. Ah! E claro, muito proveitosa. Se é que vocês me entendem. Rá!

Um riso baixo escapa da minha garganta ao pensar nisso, me despertando por completo, embora eu ainda esteja mantendo os meus olhos fechados por pura preguiça.

Depois de me esticar um pouco e sorrir, rolo na cama à procura do gafanhoto safadinho e insaciável que me deu uma senhora canseira esta noite, mas tudo o que minhas mãos espalmam é um lugar vazio ao meu lado.

Confusa, abro os meus olhos e dou uma boa examinada na cama só por garantia, mas o gafanhoto asgardiano realmente não está aqui.

Sento-me, depois de me enrolar com o lençol, e dou uma olhada pelo quarto. Nem sinal do deus trapaceiro.

Com isso, uma pontinha de frustração surge em minha mente, mas logo me convenço de que Loki deve ter acordado antes de mim e saído por algum motivo qualquer.

Talvez ele queira me dar um pouco de privacidade. Talvez precise de um tempo sozinho, afinal, por mais que tenha decidido deixar as coisas acontecerem entre nós, isso ainda deve ser difícil para o dito cujo. Ou talvez... Loki tenha se arrependido.

Fecho os olhos e balanço a cabeça negativamente, afastando este último pensamento. Repito para mim mesma que estou sendo paranoica, que o gafanhoto não se arrependeu coisa nenhuma e que está tudo bem.

Entretanto, sabendo que só vou me convencer disso quando falar com o traste, abro os olhos e me levanto da cama rapidamente.

Obrigo-me a tomar um banho antes e coloco um vestido asgardiano amarelinho e super fofo, pois não quero parecer uma mulherzinha desesperada por atenção, correndo pelo palácio, enrolada em um lençol, procurando pelo seu boy magia.

Não quero estragar tudo. Mesmo porque, desta vez, é diferente. Desta vez, é real. Desta vez, eu realmente encontrei a tampa da minha panelinha.

Não é a tampa ideal, é verdade. Não é a tampa perfeita com a qual eu sonhei, mas é a minha tampa. E a única tampa que eu quero.

Sorrio ao refletir sobre isso, tranquilizo o meu coraçãozinho midgardiano e suspiro inevitavelmente, antes de deixar o quarto para trás e alcançar o corredor.

Caminho lentamente por ele, tentando conter certa ansiedade dentro de mim. Cumprimento alguns guardas do palácio durante o percurso, numa tentativa de relaxar um pouco, me distrair com alguma coisa e controlar o ímpeto de fazer aquilo que realmente quero fazer.

O que seria isso? Correr até o quarto de Loki como uma gazela saltitante, óbvio.

Contudo, como eu mencionei antes, não quero parecer uma desesperada.

Por mais que eu e o trapaceiro irresistível tenhamos dado um passo importante esta noite, não quero dar esse gostinho a ele. O dito cujo não precisa saber que mexe tanto assim comigo, a ponto de me fazer agir como uma adolescente apaixonada e impulsiva.

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora