Saia Justa

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Paralisada, em pânico e com os olhos arregalados até o limite. É assim que estou enquanto Josh continua me encarando, ansioso por uma resposta. Mas, é como se um gato do mal tivesse comido a minha língua porque, simplesmente, não consigo dizer nada.

— Eu perguntei quem é o bofe, Liv. — meu amigo insiste, ainda mais ansioso e até impaciente.

— Não tem bofe nenhum, Josh! — respondo no susto, aliviada por finalmente conseguir me pronunciar. — No máximo, um gafanhoto... — deixo escapar, murmurando baixinho.

No entanto, meu amigo escuta mesmo assim e indaga confuso:

— O quê? Que gafanhoto, Liv? Do que você está falando? E como assim não tem bofe nenhum? — enquanto examina algumas roupas sobre o sofá, ele questiona: — De quem são essas coisas então?

— De ninguém. — respondo no susto de novo.

— Sério? Mentindo para mim? — Josh protesta, antes de pegar uma das sacolas aos pés do sofá e examinar o seu conteúdo. — Oh não... Eu não acredito que você comprou cuecas para ele. — me recrimina com uma expressão nada satisfeita. — Liv, o que foi que eu te disse das outras vezes? — Josh indaga, mas não espera eu responder. Ele mesmo faz isso: — Que para comprar este tipo de roupa para alguém, precisa existir muita intimidade, envolvimento e sintonia entre o casal. Resumindo, precisa de tempo de relacionamento. No mínimo, seis meses de namoro. Agora, se você faz isso com um cara que acabou de conhecer, que eu tenho certeza de que é o caso, você assusta o gato e coloca tudo a perder, Liv. De novo. Quantas vezes eu já te disse isso? Por que você se recusa a me ouvir?

— Josh, Josh, Josh! Me escuta, por favor. — eu o corto desesperadamente, pois sei que se eu deixar, ele vai se empolgar em explicar cada detalhe dos fiascos que foram os meus relacionamentos amorosos relâmpagos, e eu não estou nem um pouco interessada em ouvir a palestra de auto ajuda do meu amigo pela milésima vez. Sendo assim, tento esclarecer de uma vez por todas: — Eu não estou namorando ninguém, não estou saindo com ninguém, não tem bofe nenhum e nada é o que parece ser. Portanto, desapega, okay?

Ainda mais confuso, Josh une as sobrancelhas e me encara, enquanto eu rezo mentalmente para que ele aceite meus fracos argumentos e vá embora. Depois, com calma, eu penso em uma desculpa melhor e invento uma história qualquer para explicar essas roupas masculinas no meu cafofo, mas, agora tudo o que eu preciso é que o meu amigo vá embora, antes que o gafanhoto...

— Eu ouvi vozes. Está tudo bem? — Loki indaga, vindo do toalete para a sala e fazendo eu e Josh olharmos em sua direção, até que ele para a certa distância de nós. — Oh... Você está com uma visita. — completa de um jeito sonso, olhando para mim de um jeito ainda mais sonso e com um sorriso, adivinhem, sonso no canto dos lábios.

Porém, eu não ligo para nada isso, pois estou boquiaberta e ocupada demais observando uma imagem... Surreal diante dos meus olhinhos de noite serena.

Loki — pasmem — está apenas com uma toalha em volta da cintura. E, por mais que eu odeie o que estou prestes a fazer, não resisto e simplesmente faço. Como se tivessem vontade própria, meus olhos percorrem o seu corpinho centímetro por centímetro e, com isso, o meu rosto enrubesce automaticamente e minha respiração falha sem explicação aparente. Sinto o meu coração disparar e um impróprio calor libertino se espalha por cada célula do meu corpo. Também sem explicação aparente.

E eu odeio admitir, mas tenho que dizer: o Deus da Trapaça tem um corpo muito... Bonito para um gafanhoto desprezível. Esbelto. Na medida certa. Quem diria, hein? Até que dá um caldo.

Espera! Meus Deus... O que foi que eu acabei de pensar mesmo? Devo estar possuída, só pode. Não, não e não! Eu não achei o Loki bonito! Nem gostoso! Nem por um milésimo de segundo! Que isso fique bem claro, okay? Okay.

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora