Duas amostras

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Eu queria ter acordado Olivia de uma forma mais interessante e proveitosa. Talvez tirado suas roupas sutilmente e a despertado com o som da minha respiração em seu ouvido. Com o meu toque em sua pele quente e macia. Com o meu corpo sobre o seu tão... Convidativo.

Mas, este tormento não merece tal dádiva. Não quando duvidou de mim na primeira oportunidade e voltou para Midgard às pressas, depois de tirar conclusões precipitadas acerca de minha fuga, como eu soube que ela chamou a minha saída estratégica. Não quando eu lhe pedi uma única coisa, para que confiasse em mim, e ela não confiou. Não quando Olivia preferiu acreditar que eu estava fugindo, como um covarde, como eu soube que ela também mencionou.

Por isso, mantenho minha postura firme e a insatisfação estampada em meu semblante enquanto a observo se recuperando do susto de me ver aqui, diante de sua cama, em seu quarto, nesta remota e sem graça fazenda midgardiana.

Vejo o seu peito subir e descer à medida que Olivia respira ofegante, evidenciando assim as curvas tentadoras dos seus seios, mas faço um esforço e volto a fitá-la nos olhos.

Apenas nos olhos, Loki. Você consegue. Ela nem está assim tão bonita. Olivia está... Horrível, aliás. Descabelada e com uma cara assustada. E o mais importante, ela não confiou em você. Então nem pense em facilitar as coisas para esse tormento. Nem pense.

— O que você está fazendo aqui? — Sua voz finalmente rompe o silêncio, me causando certo alívio.

Imediatamente, replico:

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa.

Depois de soltar um suspiro de irritação, a midgardiana diz duramente:

— Essa é a minha casa.

Sem me abalar com a sua rispidez, insinuo:

— Eu ouvi dizer. Na verdade, Heimdall me contou que você estava aqui quando eu voltei a Asgard e não te encontrei. O que eu achei bem curioso, aliás.

Estreito meu olhar em sua direção e percebo que a desarmei por completo. Tenho certeza disso porque Olivia abre a boca e seus lábios se movem, mas não pronunciam nenhum som. Ela está, claramente, sem palavras depois de ter captado o cerne da questão.

Arqueio as sobrancelhas, demonstrando certa impaciência, e isso finalmente faz o tormento se pronunciar de novo, visivelmente sem graça e aos gaguejos:

— Então... Então você está vindo de... Asgard? Eu quero dizer... Você voltou para lá, foi?

Regozijo-me com tais perguntas e faço questão de respondê-las pausadamente:

— Sim, eu voltei para Asgard. E apesar de ter passado em outro lugar de Midgard antes daqui, eu acho que posso dizer que estou vindo de lá também.

— Que outro lugar? — Olivia questiona, numa clara tentativa de mudar o foco da conversa. Ou talvez tenha ficado curiosa mesmo.

Seja como for, mantenho o foco e critico veladamente:

— Certamente eu te contaria, mas algo me diz que você não iria acreditar em mim, na minha palavra, então... Por que perder o meu tempo?

Um silêncio incômodo perdura entre nós por alguns instantes e percebo o semblante de Olivia se fechando ao poucos, como se ela estivesse ponderando as minhas palavras e decidindo o que fazer a respeito. Até que, para minha surpresa, ela afasta o lençol abruptamente, levanta da cama em um pulo e ordena com uma audácia irritante:

— Pode parar com a palhaçada!

Droga... Olivia está usando uma daquelas roupas indecentes de dormir. Aquelas com poucos centímetros de tecido e que deixam boa parte do seu corpo curvilíneo à mostra de uma forma... Tentadora.

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora