Estou na sala de espera do consultório do Dr. Christian Patel, meu futuro terapeuta se tudo der certo em minha primeira sessão com o dito cujo.
O lugar possui um tom bege nas paredes, alguns quadros com arte abstrata, piso de madeira, dois espaçosos e aconchegantes sofás de couro marrom e um balcão com uma cadeira alta onde a secretária, uma jovem morena e bem bonita, olha constantemente para a tela de um computador e digita algumas informações de vez em quando.
Às vezes, ela interrompe a tarefa para atender alguma ligação ou para conduzir o próximo paciente até o Dr. Patel.
Quando percebo que o último deles acabou de passar pela porta do outro lado da sala de espera, olho para a ficha incompleta em meu colo, mordo o bocal da caneta para conter a ansiedade e começo a mexer uma das minhas pernas sem parar.
Só paro de fazer isso quando sinto a mão de Josh repousar em meu joelho. Então olho para ele imediatamente e o ouço com atenção:
— Você ainda tem tempo, gata. Aquele paciente acabou de entrar. Relaxa.
Em seguida, Amy, que está sentada à minha esquerda no sofá, se oferece gentilmente:
— Se você quiser ajuda para preencher a ficha, eu estou aqui.
— Nós estamos — Josh ressalta, apertando o meu joelho sutilmente.
Respiro fundo, tentando relaxar um pouco, endireito a postura e respondo aos dois:
— Tudo bem, eu consigo. Qualquer um é capaz de preencher uma ficha dessas. Não tem nada de mais. Eu só estou um pouco ansiosa, mas eu consigo.
Determinada, dou uma olhada no formulário e constato que até agora só preenchi o meu nome nele. Isso porque eu entrei em pânico quando percebi que teria que responder uma série de perguntas bem pessoais, como uma espécie de check list para a primeira consulta. De certo, para o Dr. Patel me conhecer melhor e saber com que tipo de maluca está lidando.
Respiro fundo novamente e decido preencher o restante dos dados pessoais. Levo cerca de dez minutos só para informar minha data de nascimento, endereço e telefones para contato.
Sim, eu estou enrolando. Me julguem.
Contudo e inevitavelmente, me vejo obrigada a encarar o questionário logo abaixo das informações básicas e engulo em seco.
A primeira pergunta pede uma definição de qual é a minha patologia e só deverá ser respondida se o paciente já possuir um histórico com outro médico e, portanto, se ele tem certeza do seu diagnóstico. Ou seja, é o meu caso.
Hesitante, escrevo primeiro a sigla TEPT e depois, como se eu estivesse chamando meu futuro analista de burro, acrescento por extenso: Transtorno do Estresse Pós-Traumático.
Sinto que minhas mãos começam a suar ao me lembrar do acidente que me separou para sempre da minha avó e do longo e insuportável período de terapia que em pouco me ajudou.
Disposta a levar o tratamento a sério desta vez, mantenho-me firme e passo para a próxima pergunta, sobre que tipos de medicamentos eu já tomei e se estou consumindo algum no momento.
As outras questões são mais fáceis, é um questionário sobre a minha personalidade, pontos fortes e fracos, essas coisas. Ah! E por fim, como eu fiquei sabendo da clínica do Dr. Patel.
Esta parte faço questão que Josh e Amy leiam. Para isso, me recosto no sofá, ampliando o campo de visão deles, e escrevo pausadamente com uma letra tão legível que até um cego veria: "Por indicação de Sr. Anthony Stark (o Homem de Ferro!!!) e sua girl magia Pepper Potts. Fofos, fofos, fofos! ♥"
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Trapaças do Destino
FanfictionOlivia Mills é uma estagiária que tem sérios problemas com os seus dois chefes, que ela costuma chamar de demônios. Moradora da cidade de Nova York e prestes a se formar na faculdade de Publicidade e Propaganda, sua vida muda completamente quando um...