Crek

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Mama Mia! Que vontade de beijar o gafanhoto asgardiano... Aqui e agora.

É o que estou desejando profundamente, enquanto Loki caminha e finalmente para diante de mim, na entrada do meu cafofo.

Com as mãos atrás de si, uma postura superior e um sorriso discreto, mas insuportável, em seu rostinho nada lindo, ele me encara um tanto intrigado.

E eu, simplesmente, continuo pensando em como quero beijá-lo...

Cuma? Ãn? Hein? Como assim? Cruzes! Olivia Mills, pare agora mesmo de cogitar essa insanidade e se recomponha, menina!

Pisco algumas vezes, me obrigando a retomar a consciência, puxo em minha memória o que Loki me disse, há apenas alguns segundos, e me ouço redarguindo:

— Por que eu estaria fugindo de você, gafanhoto?

Loki finge pensar na minha pergunta e, em seguida, responde de um jeito dissimulado e cheio de si:

— É uma ótima pergunta, midgardiana. E a minha melhor aposta é que você ficou profundamente constrangida por ter tentado me... Atacar na noite passada.

Desgraçado...

Meu orgulho é ferido diante de tais palavras e o meu sangue ferve nas veias. Apesar disso, fico aliviada, já que o Deus da Trapaça acabou de cortar um possível clima entre nós, me impedindo de fazer uma besteira — não que eu fosse fazer mesmo, mas vai que, né? — e afastou de vez a vontade que tenho de beijá-lo. Eu acho. Tenho certeza. A vontade nem é tão grande assim. Eu acho.

Sendo assim, o fuzilo com o olhar, cruzo os braços contra o peito, dou de ombros e digo algo que, com certeza, minha avó não aprovaria:

— Eu estava bêbada. — e na sequência, acrescento: — Além disso, eu não sou do tipo de pessoa que ataca os muchachos por aí.

Mentirosa... Estou culpando o álcool e ignorando os meus dois últimos ataques de piriguetismo, um para cima de Steve Fofo Rogers e o outro para cima do Dr. Banner. Mas, Loki não precisa saber disso, é claro.

Para meu desespero, o dito cujo não parece ter ficado convencido com os meus fracos argumentos, já que questiona:

— Se é assim, então por que você está tão nervosa, Olivia?

Meu nome em sua boca. Arrepio inevitável.

Pisco de novo, tentando me recompor de tal efeito e disposta a retrucar prontamente, mas então me dou conta de que estou nervosa mesmo. Minha respiração está descompassada e a tensão que sinto deve estar estampada no meu rosto, já que Loki está me encarando ainda mais intrigado e até com satisfação, constatando que está certo.

Desgraçado!

Para piorar a situação, Loki resolve desenterrar um acontecimento completamente sem importância:

— E por que você ficou tão nervosa, naquele dia em que seu amigo desprezível veio até aqui e eu... — indicando a porta atrás de mim, ele completa: — Te encurralei contra esta mesma porta.

Procuro não pensar naquele fatídico dia e no gafanhoto de toalhinha, desfilando luxúria e sensualizando diante dos meus olhinhos de noite serena. Mas, obviamente, não consigo.

E não sei o que este traste pretende com essa conversa fiada — além de me provocar, é claro —, mas contorço meu pâncreas, para não esboçar nenhuma reação, me esforçando ao máximo para manter uma postura indiferente e, quando percebo que o dito cujo está se aproximando mais um pouco, me imponho de um jeito sério, firme e direto:

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora