Teatrinho

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Isso não está bom. Isso não está nada bom...

Eu e o estrupício do Loki chegamos à festa, na casa da Vicky, há quase uma hora e, definitivamente, não estamos convencendo como casal. Pior, o Deus da Trapaça fez questão de ser antissocial com todo mundo que tentou puxar conversa com ele ou simplesmente se aproximar de nós. Parece que Loki precisa deixar claro que não quer estar aqui e que não faz questão de agradar ninguém, mesmo que seja em nome da farsa. Ou seja, um asno.

Tive que lhe dar vários cutucões nas costelas para que ele simplesmente apertasse a mão das pessoas que lhe apresentei e, mesmo assim, Loki os cumprimentou com um desprezo tão grande que nunca desejei tanto que um buraco se abrisse embaixo dos meus pés. Nunca passei tanta vergonha na minha vida.

Tudo bem, quando eu ataquei Steve Sarado Rogers e Bruce Ex- Fofo Banner, eu acho que foi mais vergonhoso. Mas isso não vem ao caso no momento.

O caso é que os meus amigos devem estar pensando que o meu "namorado" é um monstro insensível, ou que mal começamos nosso "namoro" e já estamos em crise por algum motivo.

Bem, não seria a primeira vez que eles veriam um relacionamento meu naufragando sem mal ter zarpado do cais...

Respiro fundo, procurando não pensar na minha lista de relacionamentos furados e repito mentalmente que eu não sou uma frigideira.

Em algum lugar deste mundo cruel, existe alguém perfeito para mim. O meu par. O meu boy magia. E algum dia, eu vou encontrá-lo. Mas, até lá, tenho que me concentrar em resolver a situação do... Traste ao meu lado. Sim, porque enquanto todos bebem, comem, conversam, se divertem e alguns até dançam discretamente ao som de Let her go, Passenger, Loki e eu estamos sentados em um pequeno sofá, no canto da enorme sala da Vicky, emburrados feito duas crianças.

Em dado momento, não aguento mais o clima pesado entre nós e digo sem olhar em sua direção:

— Você não precisava ser tão antipático com os meus amigos.

A resposta do mequetrefe asgardiano vem rápida, afiada, cínica e cheia de petulância:

— Eu não posso fazer nada se essas mentes limitadas me irritam profundamente. Mais até do que a sua. É impossível manter uma simples conversa com seres tão desprezíveis, ignorantes e inferiores. Eu me sinto ultrajado.

Contorço meu pâncreas para não esboçar nenhuma reação, respiro fundo e conto mentalmente até dez, até que ouço o sotaque do Deus da Trapaça novamente:

— Por que é tão importante para você ter a aprovação dessas pessoas? Você precisa delas para alguma coisa?

Sinto uma ponta de irritação queimar em um cantinho da minha mente, olho na direção de Loki e faço questão de esclarecer entredentes:

— Eu gosto dessas pessoas. Elas gostam de mim. E eu só não quero passar vergonha na frente delas. É pedir muito?

No entanto, não se trata apenas disso. Na verdade é muito importante para mim que essas pessoas acreditem que eu estou bem e feliz agora. É isso. Não se trata apenas de ensinar boas maneiras para Loki ou continuar enganando Josh, eu quero que todos aqui acreditem que eu tirei a sorte grande, e que parem de me olhar com piedade e estranheza por conta dos meus namoros relâmpagos, que terminaram sem nem terem começado direito.

Estou pensando nisso, quando o gafanhoto asgardiano arqueia uma sobrancelha, como se não tivesse dado a mínima para o que falei ou como se soubesse que o buraco é mais embaixo e que, portanto, não estou sendo totalmente sincera.

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora