Eitcha lelê

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Não acredito que coloquei o gafanhoto asgardiano contra a parede, lhe dando um verdadeiro ultimato durante a festa. Só faltei soltar a máxima ou dá ou desce, chuchu. Graças a Deus, não cheguei a tanto.

De qualquer forma, onde eu estava com a minha cabeça mesmo? Será que eu agi certo ao falar tão abertamente com Loki e exigir que ele tome uma decisão sobre... Nós? Será que pode existir um nós? Afinal, ele é Loki, o Deus da Trapaça que quase destruiu Nova York e usurpou o trono de Asgard. E eu sou Olivia Mills, a garota cheia de problemas existenciais e inseguranças.

Por outro lado, o que eu deveria fazer? Ficar nesse chove não molha eterno? Negar o que sinto por aquele traste? Desistir antes mesmo de tentar? Permitir que Loki continue em negação como certamente ainda está?

É tudo o que estou me perguntando enquanto olho fixamente para o teto do meu quarto, aqui no palácio.

A minha festa de aniversário acabou há algum tempo e, depois de tomar um banho bem demorado e vestir uma camisola asgardiana comprida e bem folgadinha — que saudade dos meus pijamas de desenhos animados —, pensei que seria fácil relaxar e dormir um pouco. Me enganei feio. Simplesmente não consigo pregar o olho, como diria a minha avó.

Então, depois de me revirar na cama algumas vezes, me irrito comigo mesma e resolvo levantar. Em seguida, caminho descalça até a varanda, me apoio nela e fico observando o céu de Asgard.

Aqui as noites nunca são totalmente escuras. Há mais estrelas, constelações e outros astros no céu. Tudo parece mais perto e colorido. É tão bonito. E somado as edificações asgardianas em torno do palácio, tudo é ainda mais deslumbrante. Quase como um cenário de um sonho. De um filme ou algo assim.

Se eu soubesse que passaria uns dias por aqui, teria trazido o meu celular para tirar umas selfies com este cenário divoso ao fundo.

Ao pensar nisso, me dou conta de que esta pode ser a minha última noite em Asgard. Não que eu estivesse pensando em ficar para sempre — afinal eu tenho a minha vida em Midgard também —, mas se o trapaceiro irresistível me desse algum sinal de que me quer de verdade, de que está disposto a ceder um pouquinho que seja, eu ficaria feliz em passar mais algum tempo aqui. Com ele. Me julguem.

Depois disso, Loki poderia ficar um tempo no meu cafofo também, como foi durante o seu exílio. Mas com algum upgrade desta vez, é claro.

E assim, um pouco lá e um pouco cá, nós poderíamos fazer isso dar certo. Por que não?

Sinto-me meio idiota por estar cogitando essas coisas. Então, respiro fundo e solto o ar com força, tentando dissipar meus pensamentos. Não funciona e apenas penso mais naquele traste.

Suspiro sem perceber, mas franzo o cenho em seguida, me sentindo ainda mais idiota. Tenho vontade de me estapear, mas me contenho.

Viro-me e caminho de volta ao interior do quarto, disposta a contar carneirinhos pulando cercas, macaquinhos pulando árvores e golfinhos pulando ondas até o sono vir e me vencer.

Porém não chego a me deitar na cama, muito menos a começar a contagem da bicharada toda, já que antes disso, ouço duas batidas na porta e hesito por um instante.

— Eita... Quem será, meu santo Odin? — murmuro enquanto caminho até lá, imaginando que talvez seja a fofa da Jane ou a diva da Sif, já que quase não conversei com as duas esta noite.

No entanto, quando abro a porta, sou tomada por um sobressalto, por uma surpresa genuína que faz o meu coraçãozinho midgardiano disparar imediatamente. Tudo isso porque vejo ninguém mais ninguém menos do que Loki, andando de um lado para o outro do corredor — depois de ter batido à porta dos meus aposentos, ao que tudo indica.

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora