A paciência é uma virtude

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Antes

Enquanto espero o estrupício do Loki trazer o meu café, dobro e desdobro um guardanapo sobre a mesa e sinto que Josh está me observando minuciosamente. Intrigada com isso, ergo o olhar em sua direção e pergunto um tanto sem graça:

— O que foi?

Com um leve sorriso no rosto e um brilho no olhar, meu melhor amigo responde sem pestanejar:

— Você está muito apaixonada pelo Tom.

Epa! O que foi que Josh acabou de dizer? Eu, Olivia Mills, apaixonada pelo Tom? Digo, pelo Loki? Cruzes! Eca!

E agora? O que devo fazer? Não posso negar, já que isso iria acabar com a farsa. Mas também não posso confirmar, afinal, isso seria bem estranho e uma mentira deslavada. Sim, porque é mentira! Eu não estou apaixonada pelo Deus da Trapaça! Eu não poderia, não faria algo tão estúpido. Com certeza, estou apenas me saindo muito bem no papel de namorada apaixonada. Devo ser uma ótima atriz, só isso.

— Você acha? — é tudo o que eu consigo dizer, já que assim não estou nem confirmando nem negando esse absurdo.

Josh toma um gole do seu café, depois se recosta na cadeira, me analisa por alguns instantes, que parecem durar uma eternidade, sorri e finalmente responde:

— Está estampado na sua cara, Liv. No jeito que você olha para ele. É como se ele fosse... Sei lá... Um deus ou algo assim.

Era só o que me faltava! Será que estou olhando para o gafanhoto asgardiano com cara de retardada apaixonada?

Bem, uma coisa não dá para negar, Loki é um deus. Então, de certa forma, o que o meu amigo disse faz mais sentido do que ele pensa. Mas, fora isso, o resto não tem o menor cabimento. Eu não estou apaixonada por aquele traste! Estou apenas fingindo. Sou uma ótima atriz. Só isso.

Pensando desta forma, visto minha máscara, sorrio e mantenho a farsa:

— O que eu posso fazer? Parece que o cupido me flechou mesmo.

Josh sorri, visivelmente feliz por mim, e sinto uma ponta de culpa por estar mentindo para ele. Reprimo essa sensação ao repetir para mim mesma que eu não tenho outra escolha. Mesmo assim, sinto-me meio desconfortável.

Talvez entendendo isso como um acanhamento natural de alguém que está perdidamente apaixonada, Josh muda de assunto:

— Então, o seu aniversário é daqui a algumas semanas. O que você pretende fazer?

Sei que a intenção do meu amigo foi boa, mas a sua pergunta acaba trazendo lembranças dos meus aniversários e, consequentemente, da minha avó. E isso faz o meu peito doer automaticamente e um vazio me torturar, me afogando aos poucos.

Incapaz de lidar com o meu trauma, eu fico um pouco tensa e minto, mais para mim mesma do que para ele:

— Você sabe muito bem. Minha avó virá me visitar. Nós sempre comemoramos esta data juntas.

Josh me encara por algum tempo e com uma compaixão que me incomoda profundamente. Em seguida, ele balbucia:

— Liv...

— O assunto proibido continua proibido. — o corto rapidamente, pois sei bem o que ele pretende quando diz meu apelido neste tom de voz.

— Até quando? — meu amigo questiona na sequência, me deixando ainda mais tensa e incomodada. — Até quando você vai viver em negação desse jeito, Liv? Eu sei que é difícil aceitar, que é doloroso admitir, mas... Você sabe muito bem, a sua avó... Ela não vai aparecer.

Trapaças do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora