Forty-Two

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— Você não pode fazer isso Minhyuk.

— E por que não?

— Você não viu como Changkyun ficou, não escutou o que ele contou, não sentiu o medo na voz dele, você não sabe como foi. O Jooheon é um cara legal, não tem culpa de ser assim e ama você, eu sei, mas não ele vira um monstro no cio dele, é pior do que qualquer surto que você já deve o ter visto ter.

— Nunca mais compare Jooheon a um monstro.

— Eu não estou comparando ele, eu estou me referindo àquela coisa que ele chama de lobo. Eu sei que nós não nos conhecemos, mas eu digo isso pro seu bem, eu gosto muito do Jooheon, mas é melhor que ele passe o cio sozinho.

— Eu não vou deixar, ele cuidou de mim durante o meu e eu vou retribuir isso.

— Ele pode matar você. O Changkyun conseguiu se esconder por um tempo, você pode não dar a mesma sorte.

— Você não faz ideia de como o nosso cio é, você não sabe pelo que ele vai passar se ficar sozinho. A casa onde ele passa o cio tem várias coisas quebradas e tem marcas de unhas pelas paredes e móveis, ele tem inúmeras cicatrizes no corpo dele, Shownu. Eu não me importo de arriscar minha própria vida se isso for salvar a dele.

— E você acha que ele vai suportar saber que matou a única pessoa que já amou ele de verdade?

— Eu também não suportaria saber que ele se destruiu e eu não fiz nada pra tentar evitar. Se tudo der errado os dois vai morrer de qualquer forma.

— Você ama ele mesmo, não é? — eu não o respondi com palavras, apenas assenti e sorri antes de me retirar.

Assim que saí daquele banheiro, eu corri até o pátio e sorri ao ver que o portão estava aberto, já que outra turma estava sendo liberada.

Saí da escola, corri para a casa de Jooheon e logo vi que ele sequer havia trancado a porta quando saí no dia anterior. Me aproximei do quarto e comecei a escutar grunhidos e gritos abafados. Respirei fundo e entrei, encontrando o quarto em um estado ainda pior do que antes de arrumarmos e Jooheon jogado na cama, com o rosto no travesseiro e os lençóis dizendo rasgados entre seus dedos, seu corpo vermelho, suado e suas veias saltadas.

Eu havia chego bem hora.

Me aproximei dele devagar enquanto retirava minha camisa e ele me olhou.

— Sai daqui. — ele ordenou usando sua voz de comando e eu parei de andar, fechei meus olhos e voltei a me aproximar, hesitante.

— Eu não vou deixar você passar o cio sozinho. — me sentei ao lado dele.

— É uma decisão minha, sai daqui. — falou ainda utilizando sua voz de comando, mas eu continuei alí, mesmo que o medo já estivesse tomando conta de mim. Ele escondeu o rosto no travesseiro novamente e eu o escutei chorar, toquei o cabelo dele e tentei segurar minhas lágrimas. Vê-lo daquele jeito me doía de forma inexplicável — Vai embora, por favor.

— Jooheon...

— Eu não quero machucar você.

— E eu não quero que você se machuque. — comecei a dezafivelar meu sinto, o retirei junto com minha calça e me aproximei um pouco mais de Jooheon.

— Minnie, por favor.

— Vai ficar tudo bem. — falei enquanto acariciava o cabelo dele e o escutei dar um grunhido de dor seguido de um rosnado.

Ele segurou meu pulso com força, fazendo com que eu me assustasse com sua atitude repentina. Jooheon se levantou e me empurrou para que eu me deitasse. Seu cheiro estava diferente, a respiração pesada e ofegante e ele usava uma força desnecessária para me segurar. Quando ele desviou o olhar do meu corpo para o meu rosto e nosso olhos se encontraram, vi que os dele estavam dilatados e avermelhados. Eu engoli seco e o vi sorrir, um sorriso maldoso, deixando suas presas à mostra.

Aquele já não era mais Jooheon.

Monster [Joohyuk; ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora