Forty-Five

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Quase três meses depois

Eu fiquei praticamente três meses trancado em casa, saí apenas umas quatro vezes pra comprar comida, essas que eu quase não ingeria. Eu não comia ou fazia quase nada o dia inteiro, ficava apenas deitado na cama ou no sofá e toda vez que eu pensava em Minhyuk, eu pensava nos momentos bons que haviam passado, mas no fim, meus pensamentos sempre acabavam na cena de como o deixei após meu cio. Eu sequer conseguia dormir, já que meus pesadelos haviam voltado e toda vez que eu pegava no sono, via as cenas rápidas de um lobo fugindo desesperado e outro extremamente triste e completamente sozinho. Eu também não falava com ninguém, apenas respondia algumas mensagens da minha mãe ômega, nada além disso.

— Eu ainda nem acredito que você voltou pra escola. — Shownu disse e se levantou da cadeira. Nós estávamos na escola e o sinal para o intervalo havia tocado — Você ficou três meses sem vir, sabe que agora você pode reprovar por falta, né?

— Minha mãe já resolveu isso, parece que ela mandou acumular todas as suspensões que eu deveria ter levado. — ele riu e nós saímos da sala.

— O que o dinheiro não resolve, não é?

— O dinheiro não resolve nenhum dos meus maiores problemas, Shownu.

— Entendo, me desc... — ele parou de falar assim que eu parei de andar, uma das professoras do segundo ano estava parada na minha frente, eu a olhei com uma sobrancelha arqueada e ela me olhou de cima a baixo.

— Eu queria ter acreditado que o pior não aconteceu, mas parece que foi o caso. — ela disse em um tom triste e eu a encarei confuso.

— Como assim?

— Eu sei o que acontece vocês dois, vocês não deveriam ficar separados, estão fazendo tudo errado.

— Você está falando do Minhyuk?

— Vocês precisam um do outro. — eu pretendia fazer mais perguntas, mas ela apenas se retirou, sem dizer mais nada.

— Cara, essa professora ta cada dia mais doida. — Shownu comentou e eu o olhei.

— Você entendeu o que ela queria dizer?

— Ela é maluca Jooheon, você sabe disso, parece que passar a vida estudando e fazendo pesquisas foi triturando os neurônios dela um por um. — eu forcei uma risadinha e ele riu — Vou buscar Kihyun no banheiro, te encontro no refeitório? — eu neguei com a cabeça.

— Eu te encontro na sala. — ele me olhou confuso e assentiu mesmo assim antes de se retirar.

Eu praticamente corri até o terraço e assim que cheguei lá, o olhei e suspirei. Eu só havia decidido ir à escola naquele dia por causa dele, alguns dos meus melhores momentos com Minhyuk haviam sido alí, caminhei até o baixo muro a me sentei na frente dele, encostei minhas costas no mesmo e fechei os olhos, comecei a pensar em Minhyuk e sorri ao vê-lo sorrir em minha mente, fiquei um bom tempo pensando em cada momento que passamos juntos, até que meus pensamentos mudaram involuntariamente, ao invés de ver Minhyuk, eu comecei a ver um lobo magro, encolhido em um canto, ele choramingava baixinho e parecia estar extremamente triste e assustado, depois meus pensamentos foram para um lobo um pouco maior, que corria sem parar e parecia fugir de alguém. Eu não conseguia abrir os olhos ou pensar em outra coisa, era como se eu estivesse sonhando, eu sentia o desespero, o medo e o cansaço, como se fosse eu a correr. E foi quando o lobo foi atingido por um tiro de espingarda, que eu consegui abrir os olhos. Gritei pela dor absurda que senti na cabeça e me deitei no chão, a dor logo parou e eu fiquei alí, recuperando o fôlego que eu sequer sabia porque havia perdido.

O sinal tocou e então eu me levantei devagar, desci as escadas e fui para a sala. Não falei mais nada o restante da manhã e assim que fui liberado para ir embora, me despedi de Shownu rapidamente e saí da escola, eu não via a hora de chegar em casa e voltar a ficar jogado na cama me afogando em minha própria tristeza.

Quando saí da escola, olhei para a frente e tive uma surpresa que eu não sabia se era agradável ou não: O pai alfa de Minhyuk estava alí, na calçada em frente à da escola, me encarando com uma expressão preocupada e desesperada no rosto, o que me desesperou também. Atravessei a rua correndo e parei na frente dele.

— O que houve? O Minhyuk está bem? — perguntei nitidamente preocupado e ele suspirou.

— Não.

Monster [Joohyuk; ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora