Four

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Eu fiquei curioso depois do que Shownu falou sobre o cheiro do novato, eu tenho certeza de que ele fez questão de me falar aquilo pois sabia que eu nunca fiquei realmente satisfeito com o cheiro de um ômega, para mim, nunca foi doce ou intenso o suficiente. Mas ao mesmo tempo em que eu estava curioso, eu também sentia receio, por mais que eu quisesse vê-lo e sentir seu cheiro, eu também queria distância. Eu não podia me aproximar dele, pois não sabia do que era capaz de fazer.

Eu não havia sido agressivo com Changkyun ou com qualquer outra pessoa daquele jeito antes, às vezes eu perco o controle do que falo, às vezes com a força que uso para algumas coisas, mas nunca agredir alguém, talvez só às vezes, mas não como fiz com Changkyun. Talvez isso ocorresse apenas durante meu cio, mas eu não confiava no lobo em minha mente, ele era perigoso e isso me tornava perigoso.

Como Changkyun mesmo disse: eu era um monstro.

Após a escola, eu resolvi ir para uma livraria, eu precisava comprar livros para ler de madrugada, já que meus pesadelos não me deixavam dormir.

Eu nunca mais tive uma boa noite de sono depois do meu primeiro cio, pois passei a ter pesadelos todas as noites. Eu sonhava com coisas como lobos caçados ou morrendo sozinhos, às vezes eu acordava no meio da noite chorando, às vezes desesperado e às vezes chorando de desespero. Sempre que eu contava isso a alguém, as pessoas falavam as mesmas coisas, todos achavam que eu ficava assim por me sentir mal em passar meus cios sozinho, principalmente por ele ser pior do que o de qualquer outro alfa.

Minha mãe me alimentava enquanto eu ficava trancado no quarto durante meu cio e dizia que o jeito como eu gritava, era desesperador. Eu parecia sofrer bem mais até do que um ômega passando o cio sozinho, o que era raro para um alfa, já que nós somos muito mais fortes e aguentamos muito mais coisas do que os ômegas, que são muito mais sensíveis, principalmente no período do cio.

Assim que cheguei na livraria, fui direto para a sessão de livros de romance, eu geralmente preferia livros de ficção e coisas do gênero, mas naquele dia eu queria algo diferente. Comecei a passar meus dedos pelos livros enquanto lia os nomes deles e literalmente os julgava pela capa. De repente, eu senti raiva, do nada, eu senti vontade de socar a estante de livros e tentei resistir, mas foi mais forte do que eu e eu simplesmente soquei a estante, por mais estranho que pareça, momentos como esses eram até normais para mim, era como se algo dentro de mim sentisse muito ódio e isso se manifestasse às vezes, eu sempre sentia algo ruim dentro de mim.

Eu dei outro soco na estante e dessa vez, doeu bem mais, já que o soco foi bem mais forte. Senti alguém tocar minha mão e olhei para o lado, era um rapaz minimamente mais alto do que eu, seu cabelo era de cor azul clara levemente desbotada para o branco e seu sorriso era doce. Foi como se o toque dele me acalmasse quase que imediatamente.

— Você está bem? — ele disse sorrindo — Tome cuidado, você podia ter se machucado. — o rapaz olhou para a estante e deu uma risadinha — Esse livro é um saco mesmo, mas acho que bater na estante dele não será a solução do problema. — eu continuei o olhando e arqueei uma sobrancelha — Ah, me desculpe. Eu sempre acabo falando demais e esqueço de me apresentar. — estendeu a mão para mim e abriu um sorriso mais largo ainda — Prazer, Minhyuk! — eu apertei a mão dele, um pouco hesitante.

— Jooheon. — eu estava confuso, o cheiro dele estava me deixando assim. Eu conseguia sentir um cheiro distante de ômega nele, mas este cheiro estava escondido em um cheiro absurdamente forte de algo semelhante a menta — Seu cheiro... É estranho.

— Uau! Obrigado pelo elogio. O jeito como você lida com livros ruins também é bem estranho. — ele disse fingindo empolgação e eu acabei rindo.

— Me desculpa, eu não pensei antes falar. Por que esconde seu cheiro assim? Digo, esse seu cheiro é essência, certo?

— Você é bastante inconveniente, Jooheon.

— Tem razão, me desculpe de novo...

— Não.

— O que?

— Infelizmente, eu só poderei lhe desculpar se você aceitar tomar um sorvete comigo.

— Você sempre chama desconhecidos para tomar sorvete com você? — eu perguntei e ele riu.

— Eu não conheço a cidade direito e estou morrendo de vontade de tomar um sorvete, acho que eu preciso de companhia.

— Tudo bem.

Monster [Joohyuk; ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora