Thirty-two

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— Você... eu não sabia que você estava em casa — minha mãe alfa disse assim que chegou ao segundo andar e eu não a respondi, sequer a olhei — Você escutou tudo? — eu assenti devagar e ela deixou que uma lágrima escapasse — Maldita marca.

— Por que você a marcou?

— Nós éramos jovens, irresponsáveis, não tinhamos noção do quão sério é marcar alguém — ela disse e se sentou do outro lado do corredor, na minha frente e encostou a cabeça na parede, tentando controlar suas emoções e parar de chorar, minha outra mãe com certeza estava em prantos na porta de casa nesse momento.

— Você acha que a marca é algo... irresponsável? Digo, vocês se amavam e queriam passar o resto da vida juntas, certo? — ela assentiu — Então por que seria um erro?

— Olhe nossa situação atual, Jooheon. A única certeza que nós podemos ter na nossa vida é a morte. Para mim, a marca é algo que não deve ser feito, nunca.

— Nunca?

— A marca deixa você ligado a uma pessoa e dependente dela para sempre, depender de alguém para sempre é algo péssimo — eu suspirei — Por que a pergunta? Não está querendo marcar alguém, está? — ela perguntou e eu a ignorei.

Eu realmente pensava em marcar Minhyuk, eu sabia que se eu pedisse, ele aceitaria sem eu precisar pedir novamente. Talvez marcado, momentos como os de hoje seriam mais raros e o medo de perde-lo não existiria, mas eu também não queria que ocorresse conosco, o que ocorre com minhas mães.

Ela estava certa, a marca é um erro, algo que jamais deveria ser feito.

— Se... Se eu não tivesse nascido, vocês ainda estariam bem, não é?

— Sim. Talvez se você tivesse ao menos nascido normal, nós seríamos uma família feliz. Nós estávamos na nossa melhor fase durante a gravidez da sua mãe, quando você era criancinha também, mas depois que você começou a surtar, tudo desmoronou e a nossa vida se tornou um inferno.

— Você é tão sincera...

— Pode não parecer e talvez você não acredite se eu disser, mas eu te amo muito. O problema é que eu não acho que você tenha jeito, não há o que fazer. Nós já fomos em todos os tipos de médicos e especialistas, já lhe demos todos os remédios e calmantes, nada funcionou, não existe outra saída além da de desistir. Eu amo a sua mãe e a única coisa que me importa é o bem dela, você não faz bem a ela e nem a mim.

— Eu vou arrumar minhas coisas e vou embora.

— Eu acho que a internação seria a melhor opção, eu não acho certo deixar você solto por aí.

— Por que fala assim? Eu não sou tão selvagem como você faz parecer.

— Em pouco tempo você quase matou três alfas, fora todo o vandalismo. Você realmente acha que não é tão perigoso?

— Se eu me mudar e for emancipado, não serei mais responsabilidade de vocês.

— Nós ainda vamos pagar seus estudos...

— Não precisa.

— Eu não ofereci, eu afirmei que nós vamos — ela disse em um rude — A casa onde você fica quando eu, você ou sua mãe entramos no cio, agora é sua.

— O que? Não. Fora que, ela é aqui perto, do que adianta eu sair daqui e continuar morando perto?

— Mais uma vez, eu não ofereci, eu avisei como será.

— Você sempre que as coisas do seu jeito sem querer a opinião de ninguém

— Sim. — ela disse enquanto ainda tentava controlar suas emoções, na verdade, as emoções da minha outra mãe — Desde que você não nos procure mais e sua mãe não saiba onde você está, por mim já está ótimo. — eu não a respondi. Ela se levantou e andou até mim, se ajoelhou do meu lado e me deu um beijo na testa — Eu espero que você entenda que tudo isso é pelo bem da sua mãe, a única coisa que me importa, mesmo que hoje em dia ela me odeie — continuei sem respondê-la e olhando para um ponto fixo — Daqui a um tempo, você vai ver que as coisas entre nós duas vão estar melhores. Vá falar com a sua mãe, assumir que você concordou com isso e tentar acalmar ela um pouco. — eu assenti, suspirei e me levantei.

Monster [Joohyuk; ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora