Pelo olhar de Chrissie

Outra despedida

À essa altura, depois que John e Veronica se casaram e Roger e Dominique estavam num relacionamento surpreendentemente estável e saudável, o Queen já tinha uma quantidade significativa de fãs fiéis e por isso a EMI não perdeu tempo em encomendar um disco novo da banda.

Freddie estava muito concentrado pensando no próximo tema que a banda usaria como inspiração. Dava pra perceber que era algo grande e diferente que ele tinha em mente, e seus companheiros embarcaram na onda. Chegou a um ponto em que não dava pra definir o Queen exclusivamente como uma banda de rock. Rock foi o que os uniu e os fez nascer primeiramente, mas juntos, cada um com seu jeito e personalidade conseguia criar coisas novas e criativas inspirando-se em um pouco de tudo que gostavam. Foi assim que Freddie convenceu a banda a usar ópera na sua nova gravação. Querendo admitir ou não, Brian, John e Roger também gostavam de ópera.

Brian tinha saído aquele dia pra conversar com o produtor da EMI Ray Foster sobre a proposta do Queen para o novo álbum. Ele voltou pra casa sozinho, eu senti a falta dos três, mas sabiam que eles estavam ocupados.

-Como foi? - eu perguntei depois de cumprimentá-lo com um beijo.

-Querem outro hit, mas criar uma música não é a mesma coisa que criar um produto industrializado - ele suspirou, um tanto incomodado.

-Embora o mercado da música seja uma indústria - ponderei - mas entendi, é mais fácil fazer uma música ruim que gruda na cabeça e faz sucesso do que uma música profunda que todo mundo gosta.

-Acha o nosso repertório profundo, Chrissie ? - a voz de Brian era uma mistura de dúvida e curiosidade.

-Tá brincando? Tem um pouquinho de vocês em tudo que escrevem - expliquei - incluindo suas próprias experiências e seus dramas. Bri, olha o que você fez em '39!

-Não foi nada demais, é só uma viagem no tempo e as consequências disso - meu marido foi modesto como sempre.

-E quem mais pensaria numa música sobre viagem no tempo do que o meu doce astrofísico? - virei a cabeça pro lado fazendo charme.

-Ah talvez a minha esposa gostar de Julio Verne também tenha influenciado um pouco... - respondeu ele, rindo.

Ri com ele até Brian retomar a conversa.

-Aliás, vamos gravar '39 no próximo disco - ele me avisou.

-Sério? Maravilha, apesar das lágrimas, eu amo essa música - fiquei feliz com a notícia.

-Só que tem mais uma coisa que ficou decidida - ele coçou a nuca, seus cachos balançaram e ele deu um suspiro - vamos ter ir pra Wales, numa fazenda que tem um estúdio, diz o Foster que é pra evitar eventuais distrações.

-Ah... - falei, mas fiquei um pouco triste, eu sentia saudade quando Brian estava fora - sabe quanto tempo vão ficar lá?

-No mínimo um mês - meu marido chutou - mas nunca se sabe...

-E quando vocês vão? - continuei perguntando..

-Sexta agora de manhã - eu vi que ele tinha notado minha tristeza - não se preocupa, Chrissie, logo estou de volta.

-É, eu sei, sou só uma boba - acabei dando de ombros.

-Você não é nada boba - Brian me beijou rapidamente - é só sua preocupação falando mais alto. Mas não se preocupa, Roy e Paul vão estar lá pra supervisionar o trabalho e evitar qualquer procrastinação. E é claro que eu ligo sempre que puder, tá bom?

-Tá bom - me convenci de que não ficaria tão mal sem ele, mas não quer dizer que não sentiria falta dele.

Fizemos as malas de Brian juntos, enchendo-as com seus jeans boca de sino, e os suéteres e as meias igualmente listrados e  coloridos. Também lembrei de colocar alguns agasalhos, caso o tempo em Wales esfriasse do nada.

No dia da partida, acordamos cedo, tomamos um café da manhã reforçado  e e os meninos vieram buscar seu guitarrista, com um motorista particular. Esse pequeno detalhe fez meu coração se apertar um pouco. Há três anos atrás era Roger quem estaria dirigindo a van, van que foi vendida e que contribuiu para chegarem a ter um motorista agora. Tentei não me concentrar nisso, o mais importante agora era me despedir de Brian.

-Tchau, Bri! - dei um abraço apertado em meu marido - vai com Deus, me liga assim que puder, eu te amo! Muito!

-Também te amo, Chrissie! - ele me beijou se despedindo - se cuida!

-Eu vou - prometi.

Observei o carro partir rua abaixo, respirando fundo. À essa altura já devia me acostumar, isso fazia parte da vida de Brian e por consequência da minha vida. Concentrei-me em resumir aquela viagem como apenas uma viagem à trabalho do meu marido. Eu entrei de volta pra casa, ainda tinha muita coisa pra eu cuidar.

Como que adivinhando o que eu estava passando, aliás, acho que sentir falta do seu amado respectivo membro do Queen era uma coisa que todas nós sentíamos, Veronica me ligou pra ver como eu estava.

-Tudo bem Chrissie? - perguntou a sra. Deacon, parecendo preocupada.

-Eu estou sim - acabei sorrindo pela consideração dela - e você? E nosso bebê Deaky?

-Estamos bem - ela riu - mas já disse que pode muito bem ser uma menina...

-Não, não - balancei a cabeça - todos apostamos que é menino.

-Baseado no quê? - Veronica ria, incrédula.

-Puro instinto - respondi - a que devo a honra de sua ilustre ligação, se não importa eu perguntar?

-Bom, os meninos foram pra Ridge Farm e tanto eu quanto a Mary e a Domi concordamos em continuar nos encontrando, mesmo sem eles - a sra. Deacon foi explicando - o que você acha?

-É uma ideia ótima, eu agradeço por me chamarem, que horas quer que eu apareça aí? - eu realmente amei a ideia.

-Hã... depois das 8 acho que fica melhor - respondeu Veronica depois de pensar um pouco - à essa hora Mary e Dominique já saíram do trabalho e vão ter tempo de descansar um pouco.

-Também é um bom horário pra mim - concordei - então nos vemos mais tarde, sra. Deacon.

-Até mais, sra. May - Veronica riu da minha brincadeira formal e desligou.

Passar um tempo com as meninas realmente ajudaria a lidar com a falta dos meninos. Por um lado era bom ter uma noite só nossa pra conversarmos coisas que eles não entenderiam.
Me abasteci com todo tipo de chá que achei em casa mais uns ingredientes para não chegar na casa dos Deacon de mãos vazias. Saí de casa agradecida pela iniciativa das meninas.

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A/N: E aí gente? Tudo bem? Mais um capítulo aí que se situa com o filme. Lá foram os meninos gravar A Night at the Opera onde Judas perdeu as botas. Eu ia colocar as meninas se encontrando e conversando mas o capítulo ia ficar muito grande, então parei por ali. Mas nada temam, amanhã vamos ver o que essas quatro vão papear kkkkkk. Valeu pelos comentários gente, continuem comentando e até mais!