Nossa luz

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Eu já tinha passado por todo um processo de parto, mas a mesma diferença que senti durante a gestação, sentia agora no momento que meu bebê vinha ao mundo. A dor parecia maior, as dificuldades também, parecia que o tempo não passava, e conforme o suor escorria no meu rosto, o pânico aumentava dentro de mim. Tive dúvidas interiores, se tudo realmente correria bem como tinha prometido a Brian. Por ele, por Jimmy, pelo bebê, não podia desistir. Suspirei de novo, recuperando as forças, pronta pra empurrar mais uma vez.

-Está aqui, ela nasceu! - anunciou a Dra. Carter.

Mesmo assim, ainda estava preocupada, não tinha ouvido nenhum choro.

-É uma menina? - perguntei, contente e surpresa - mas cadê ela, por que ela não chorou? Isso não é normal! Eu, eu quero ver ela, por favor, me deixa ver ela, pra ver se tá tudo bem...

Por uma ironia, minha menininha chorava quando a trouxeram para os meus braços. Quer dizer que estava tudo bem, ela estava chorando, estava reagindo a tudo ao seu redor.

-Calma, calma... - eu olhei pro seu rostinho desesperado - eu sou sua mãe... estou aqui pra te proteger, minha princesinha, calma... você é tão linda...

Mas a minha pequenininha continuava chorando.

-O que é que ela tem? Por que não para de chorar? - ao me ouvir em voz alta, vi o quanto era contraditório ficar preocupada com ela não chorar, e agora que ela estava chorando, estava mais desesperada.

-Nós vamos verificar, sra. May, por favor mantenha a calma - disse a enfermeira tirando minha bebê dos meus braços.

Se não entendesse os procedimentos e estivesse mais forte, lutaria para mantê-la comigo. Tudo que eu queria era poder consolá-la, mesmo não sabendo o motivo de seu choro.

Enquanto recuperava minhas forças, o som do choro foi diminuindo e meu coração desacelerando conforme fui me acalmando. Esperei com toda paciência até vê-la novamente.

Peguei ela com cuidado, a aninhando delicadamente nos meus braços. Seus olhos estavam bem abertos, observando cada detalhe do meu rosto. Nos observamos em silêncio, só eu e minha filhinha. Ela definitivamente parecia mais comigo, mas curiosamente as bochechas me lembravam as de Brian. Seu cabelo fino era loiro, puxando alguns parentes meus.

-Está tudo bem agora... - sussurrei pra ela.

De repente, minha menininha sorriu. Era incrível, eu sempre achei que ela seria a filhinha do papai, mas aqui estávamos só eu e ela, num momento só entre a gente, reconhecendo uma a outra como mãe e filha. Aquele sorriso iluminou meu coração, a minha mente, as preocupações e tristezas que estava sentindo nos últimos tempos.

-Chrissie... - Brian falou meu nome com certa timidez, mas claramente encantado ao ver nós duas - é...

-É uma menina, eu sei, mal pensamos nessa possibilidade... - refleti, o que era estranho visto as brincadeiras com Roger sobre a Rory - mas ela está aqui.

-Eu... - ele ainda hesitava se aproximar - nunca achei que fôssemos ter uma menina, sabe que...

-Eu sei, sei bem, mas eu estou aqui pra te ajudar, não esquece que eu tô aqui, Brian, digo, não só na sua frente, mas sempre que precisar - eu fui compreensiva, todo aquele medo ainda era resquício da culpa - vem, ela precisa conhecer o pai dela.

Sem mais hesitar, Brian apressou seus passos até nós, e observou nossa menina em meu colo.

-Ela é linda, tão linda... - ele tentou pegar uma das mãozinhas dela, bem devagar, e ela acabou agarrando o dedo dele com seus dedinhos - ela... escolhe o nome dela, Chrissie, eu sei que já tinha nomes de menina em mente.

Pelo olhar de ChrissieOnde histórias criam vida. Descubra agora