Pelo olhar de Chrissie

Um poema épico

Depois de mais alguns encontros das Queen Girls, como eu e as meninas começamos a nos chamar por brincadeira, mas que acabou pegando, finalmente ficamos sabendo em que dia os meninos iriam voltar. Brian me avisou assim que eles saíram de Ridge Farm, seria uma viagem longa e cansativa, que duraria um dia todo e mais um pouco, mas o que os motivava era poder voltar pra casa e terem terminado o trabalhoso A Night at the Opera.

Antes de qualquer reunião com os produtores da EMI, os membros do Queen foram direto para casa ao chegar em Londres, as burocracias e decisões sobre o álbum esperariam até a semana seguinte.

Eu estava na cozinha quando ouvi uma voz tão conhecida chamar o meu nome. Meu coração bateu mais forte e parei o que estava fazendo pra ir ao encontro de Brian.

-Meu amor! - eu gritei e o abracei.

Ele desfez o abraço para nos beijarmos, um beijo demorado, para conseguir matar a saudade.

-Eu nem acredito que tô em casa de novo! - Bri começou a rir, dando uma olhada na casa, como que pra verificar se tudo ainda estava do mesmo jeito que ele deixou.

-E como é que foi? Terminaram de gravar tudo? - eu perguntei enquanto ele guardava a Red Special com cuidado de volta ao lugar dela.

-Foi um verdadeiro... - Brian franziu as sobrancelhas, tentando achar a palavra certa - teste de sobrevivência, eu acho? Não, é dramático demais, enfim, foi difícil, mas conseguimos e agora é só esperar o lançamento, vamos ver o que o público vai achar. Agora eu tenho que te perguntar uma coisa.

-O que? - fiquei curiosa.

-Esse cheirinho é do recheio do pão de ló da sua mãe? - Brian perguntou meio surpreso - aquele que você nunca quis fazer porque achava que não ia ficar bom?

-Na verdade, eu fiz um dia em que eu e as meninas nos encontramos - confessei - e elas aprovaram e hoje eu fiz pra comemorar sua volta pra casa!

-Mesmo? - não sabia porque, mas meu motivo pra cozinhar fez Brian corar - você...

-Eu o que? Não fiz nada de errado, né? - fiquei meio alerta com o que ele tava pensando.

-Toda vez que pensa em mim e cuida de mim desse jeito... - ele sorriu e tocou meu rosto - me faz me apaixonar por você ainda mais.

-Você me deixa muito sem jeito, sabia, Brian Harold May? - eu respondi rindo e nós trocamos outro beijo.

Terminei o pão de ló e comemos juntos, ele me contando os detalhes da gravação, como Roger de forma pirracenta e infantil conseguiu ter sua música sem noção no lado B do poema épico do Freddie (o que arrancou umas boas gargalhadas minhas) e como foi difícil gravar o tal poema épico. Eu contei sobre como foi legal me reunir com as meninas. Era maravilhoso ter o meu amado marido em casa de novo!

Voltando à nossa rotina de trabalho, que eram aliviadas pelas noites que passávamos todos juntos, escolhemos uma delas para que nós, as Queen Girls ouvíssemos algumas das músicas de A Night at the Opera, quatro delas, cada uma escrita por um dos meninos.

Começamos por " '39", eu achava ela perfeita só com Brian cantando, mas como sempre quando os meninos se juntavam, conseguiam deixar algo bom ainda melhor, e fiquei feliz que respeitaram a visão inicial de Brian de ser apenas uma canção country.

Percebi John corando como um adolescente envergonhado ao ouvirmos "You're my best friend", porque Freddie e Roger começaram a chamá-lo de gracinha por ter feito essa música pra Veronica. A sra. Deacon, por sua vez, reagiu de forma diferente.

-John... - ela estava quase chorando - é assim que você me vê? É tão... É lindo, obrigada!

-Mas é verdade... - Deaky declarou como se aquela resposta fosse óbvia.