Cameron
Nada como acordar sem ter ninguém pulando em você ou gritando o seu nome para você acordar. Foi exatamente isso que eu pensei quando eu estava durmindo de barriga para cima na caverna, pensando que Kelly desistiu de ficar me acordando cedo todos os dias quando sinto algo puxar meu rabo, na primeira vez eu ignoro, então acontece de novo, de novo, de novo e de novo. Sem dúvida é a Kelly. Reviro os olhos mentalmente pela insistência da minha irmã.
De repente percebo que ela parou de puxar meu rabo, volto a relaxar suspirando vitorioso, então sinto uma quantidade enorme de água cair na minha cara e levanto num pulo sacudindo a cabeça.
Kelly estava do meu lado rindo muito da minha cara, ela diz "obrigada David" entre risadas. David é um dos lobos do meu pai que vigia o território, ele também é um amigo de confiança da familia e adora brincar com a Kelly.
Reviro os olhos e olho com raiva para ela que agora não está mais rindo, me levanto sacudindo o resto do corpo enquanto ela apenas observa:- Sério que você pediu ajuda pro David?- perguntei.
- Acordar você é um desafio maninho, toda ajuda é bem vinda- ela sorri- Sam e Sandy vão nos encontrar para irmos alem dos limites do território.
- Vamos então.
Saímos da caverna e fomos em direção a rocha que eu e Sam gostamos de ficar e apelidamos carinhosamente de "pedra do rei".
Esse nome foi dado quando Sam subiu nela e começou a dizer que era o rei do mundo, no dia seguinte fomos até o acampamento dos humanos escondidos e vimos que eles estavam assistindo um tipo de filme de leões no qual tinha uma pedra do rei, desde então chamamos ela assim.
Nossos amigos estavam nos esperando na pedra do rei e pareciam estar discutindo sobre alguma coisa, quando nos viram abriram sorrisos identicos e enormes que chegou a me dar medo:- Finalmente chegaram- disse Sandy.
- Demorei a conseguir acordar a bela adormecida- disse Kelly olhando para mim, todos riram.
- E então? para onde vamos- perguntei.
Os dois sorriram daquele jeito estranho de novo.- Eu dei a idéia de irmos até a caverna da alma- disse Sam.
- E eu prefiro ir na cachoeira dourada- disse Sandy- precisamos de um desempate.
- Prefiro a cachoeira- diz Kelly.
- Muito chato, sou mais a caverna- eu falo.
Isso não serviu para nada pois ainda esta empatado, não tem como decidir para onde vamos, de repente meu avô aparece com uma cara nada boa. Ele observa eu e a Kelly por alguns segundos sem nem piscar e então finalmente decidi falar:- Esperei vocês e nenhum dos dois apareceu para o nosso passeio.
Por Deus! esqueci completamente do passeio com o vovô, ele deve estar uma fera conosco.
- Desculpa vovô, nós esquecemos- disse Kelly fazendo a tipica cara de bebê dela- podemos marcar de novo.
- O que fazem aqui?- ele pergunta.
- Nós vamos...passear- diz Sam.
- Sim, e não é para fora do território- Sandy completa- porque isso seria quebrar as regras.
- E nós nunca quebramos as regras- Sam concluiu com um sorriso inocente.
Meu avô fez uma cara zangada como se tivesse nos pego no flaga, tecnicamente ele pegou pois nenhum de nós sabe mentir como deu para ver.
Nós estavamos morrendo de medo do que ele poderia fazer, Sandy estava com o rabo entre as patas, Sam estava com as orelhas baixas, Kelly tremia como se estivesse congelando de frio, e eu estava com o olho tão arregalado que podiam até pular para fora, mas o vovô fez algo que surpreendeu todos nós:- Eu vou com vocês- disse ele.
- Vai?!- falamos juntos.
- Sim, vocês precisam de um adulto por perto pois sempre que estão sozinhos fazem besteira, além disso pode ser o nosso passeio- diz meu avô- Vamos.
- Mas...- eu tentei dizer algo mas ele ja tinha começado a andar.
Apenas seguimos ele até o lugar que ele queria nos levar, lá se foi nosso passeio fora dos limites.
O vovô odeia quebrar as regras da alcatéia e se arriscar, tanto que foi o próprio que inventou isso de não poder passar dos limites, ele nunca iria nos levar para algum lugar realmente interessante.
Dizem que nosso temperamento, teimosia e vontade de se aventurar é de família, aquela velha história da solitária e o filho do alfa salvando a alcatéia, bom esses dois passaram a teimosia e o temperamento difícil para a nova geração ou seja eu e Kelly.
Até hoje ouço essa mesma história milhares e milhares de vezes, mas nunca me canso de ouvir sobre como o irmão do meu pai, Tio Felipe, salvou a vida do irmão.
Meus pensamentos são interrompidos por um odor estranho, não era desconhecido mas eu não sinto muito, eu sabia exatamente do que se tratava e fiquei surpreso com isso, tínhamos passado o limite do território e agora estamos na parte da floresta onde vivem as raposas e os renegados o que explica o cheiro de raposa. Olhei para os outros e notei que eles também tinham percebido mas nenhum de nós parou de andar apesar de estarmos um pouco assustados, nunca viemos aqui por causa dos renegados, são perigosos e não tem um pingo de piedade, o único que não nos assusta é Eliot mas ele não vive muito com os outros. A cada passo sinto o cheiro de raposa ficar mais forte, a neve do chão é funda dificultando um pouco nossa passagem.
Finalmente paramos em frente uma enorme árvore com uma velha toca, parece estar abandonada mas quando vovô chama alguem começa a sair de dentro do tronco, era uma raposa bem velha, e bota velha nisso, a coitada ta horrível, praticamente está com a pata na cova, parece que estou na frente de um fóssil:- O que faz aqui Logan?- a raposa perguntou e pela voz era macho.
- Esses são meus netos e os amigos deles, lembra que eu ia traze- los.
Para tudo! Ele nos trouxe no fim do mundo e quebrou a regra que ele mesmo fez só para nos apresentar para aquele fóssil vivo? Só meu avô mesmo para uma coisa dessa.
Ficamos um longo tempo lá junto com aquela velha raposa que disse que se chamava Roni, depois fomos até a caverna das almas e morremos de rir vendo as meninas gritando de susto. Foi hilário. E ainda demos uma passadinha na tal cachoeira que elas queriam e Senhor nunca vi uma coisa tão chata, apenas ficamos olhando uma cachoeira que parecia brilhar como sol mas era apenas o ouro que fica atrás dela.
Enfim chegamos na alcatéia e fomos para a pedra do rei enquanto vovô foi descansar, ficamos falando sobre o dia que tivemos:- Você é tão infantil- Sandy diz para Sam.
- Não é culpa minha se você se assusta com tudo- ele responde.
- Com essa sua cara é impossível não se assustar- Kelly defende Sandy.
- Vocês que são medrosas!- eu digo- e ainda nos fizeram ver a porcaria da cachoeira.
- Claro! Depois do que nos fizeram passar naquela caverna- Kelly reclama- sou vingativa querido.
Sam e eu reviramos os olhos e elas riram.- Só sei que nunca mais quero ver essa cachoeira prateada- Sam fala.
- É Dourada seu idiota- Sandy corrige.
- Idiota é você!
- Seu ridículo.
- Sua palhaça...
- Ta bom, ta bom entendemos- Kelly interrompe- agora parem de brigar.
- Exato, não sigam a porcaria de exemplo da minha querida, linda e irritante irmã- eu falo com um sorriso provocador.
Não consegui me segurar.
- Falou aquele que quase se matou só por diversão centenas de vezes, você é o irmão mais novo mas teimoso do mundo!
- Mais novo? eu sou o mais velho.
- É nada! fui eu quem nasceu quinze segundos primeiro- ela rebate.
- Só se for nos seus sonhos...
Bom, nosso dia acabou terminando comigo e Kelly discutindo sobre quem é mais velho, Sam e Sandy falando todos os defeitos um do outro e tio Nick e tio Jacob tentando fazer nós pararmos.
O que importa é que passei esse dia com a minha família e meus amigos, eu precisava disso. Eu preciso deles, todos eles.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nas Patas do Destino 2 -Duas almas um coração
RomanceCapa feita por Lady_ Potato2 Após crescer Cameron e Kelly agora se mentem em mais confusões de que quando eram pequenos, deixando seus pais de pelos arrepiados. Muitas coisas tinham mudado, começando pelo fato de humanos terem se mudado para dentro...