Uma perda inesquecível ( parte 2)

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Cameron

Ver minha irmã chorar daquele jeito me partiu o coração, ela sempre gostou muito de Jack desde pequena, ele nos ensinou muito e dizia ele que também aprendeu muito conosco.
Tinhamos conseguido mandar o humano e seus cães embora exceto uma. Gisele.
Ela passou lentamente por nós e olhou para mim, mas eu não olhei nos olhos dela apenas abaixei minha cabeça, pude sentir a expressão se culpa dela ao ver minha irmã chorando com a cara no pelo de Jack.
Nossos pais se aproximaram de nós e minha mãe logo consolou Kelly enquanto meu pai levantou a cabeça e começou a uivar, todos os outros fizeram o mesmo incluído eu, tipo um velório, depois disso todos voltaram para a casa, eu também ia mas prefiri ficar para arejar a cabeça.
Gisele por incrível que pareça ainda estava aqui escondida, ela apareceu quando me viu sozinho, chegou bem perto de mim o que me surpreendeu mas mesmo assim ficou a uma distância consideraval:

- Sinto muito pelo seu amigo- ela disse olhando para baixo.

- Agora você senti- eu falei firme- mas não fez nada quando estavam matando ele.

- O que acha que eu poderia fazer?! Eu não defendo lobos.

- É eu sei disso- virei a cara.

- O que quer dizer?- eu não respondi- me responda.

- É o que vocês fazem- eu respondi- humanos e cães, nos matam sem motivo e não se importam com nada.

- Vocês também nos atacam- ela elevou a voz.

- Por proteção- eu falei no mesmo tom dela- Vocês matam lobos sem nem se preocupar com nossos sentimentos.

- Não seja dramático- ela revirou os olhos, foi o bastante para me deixar com raiva.

- Não me provoque, acabei de perder alguem que ficou comigo a minha vida toda e vi minha irmã chorar pela primeira vez em muito tempo então não me venha dizer que é drama- ela pareceu assuntada mas logo respondeu.

- Eu não pensei nisso.

- Eu notei- ainda estava com raiva quando ia embora, mas ela me chamou e eu olhei por cima do ombro- não pense que seus amigos não vão pagar pelo que fizeram.

Ela ia dizer algo mas eu ignorei e continuei andando, senti uma ponta de raiva se formar em mim então respirei fundo, ao chegar na alcatéia entrei direto na caverna e vi uma coisa que acabou comigo. Kelly estava deitada com a cabeça entre as patas, ela olhava triste para o chão sem nenhuma reação, cheguei mais perto e vi uma lágrima descer de seus olhos, acariciei ela que fechou os olhos por um instante, quando abriu olhou para mim com um pequeno sorriso:

- Ei, que tal uma volta?- perguntei tentando anima- la.

- Esta bem- ela disse ainda desanimada.

- Nossa, sou tão chato assim?- falei dando um sorriso de lado o que fez ela rir.

- Não, você é o melhor irmão do mundo- ela acariciou meu pelo.

- Bom saber, ao menos te fiz dar um sorriso- eu disse- mas acho que todos sabemos que sou incrível né. Ela riu.

- E exibido também.

Fiz uma cara de filhote abandonado fingindo estar magoado e depois dei um sorriso para ela que revirou os olhos.

- Você é tão infantil!

- Como se você não fosse né Kelly- ela me fuzilou com os olhos e eu apenas pisquei para ela.

Fomos até o lago nos refrescar um pouco, brincamos um com o outro e agora entendo por que dizem que parecemos filhotes.
Quando ja estávamos cansados deitamos na beira do lago e ficamos olhando o sol se por, Kelly encostou em mim com suas orelhas baixas, consegui fazer ela se alegrar denovo, minha irmã sendo tão feliz parece que dá alegria ao mundo então quando vi ela tão triste tive que fazer algo. E funcionou, consigo sentir e ver a alegria dela denovo e aos poucos ela vai superar o que aconteceu hoje.
Ainda não acredito que Gisele não fez nada, não estou dizendo que ela devia ter feito mas nunca imaginei que ela fosse capaz de assistir a uma morte daquele jeito, mesmo não conhecendo ela direito fiquei decepcionado, sai de meus pensamentos com a voz de Kelly:

- Como esta sua pata?

Eu ja tinha até esquecido com tudo que aconteceu, acho que ficou bem claro pois ela começou a rir.

- Você esqueceu da sua ferida?

- Talvez- eu sorri e ela riu- mas foi de raspão, vou ficar bem.

- Melhor não arriscar, vai na tia Ju ver essa ferida.

- Deixa de drama Kelly, eu estou bem- afirmei mas como essa é Kelly não aceitou.

- Anda logo- ela levantou- vou com você.
Revirei os olhos e bufei aceitando a derrota o que fez ela sorrir, levantei e acompanhei ela até a caverna da tia Julieta.
Quando chegamos la vimos o tio Jacob fazendo carinho com o fucinho na orelha da tia Ju e os dois estavam rindo baixinho e sussurrando alguma coisa que não ouvi, eu e Kelly estavamos meio desconfortáveis diante da cena de casal deles então resolvi fazer algo:

- Estamos interrompendo alguma coisa?

Eles levaram um susto e se afastaram rapido ficando completamente envergonhados, reprimi um riso e vi que Kelly também tentava não rir.

- A quanto tempo estão aí?- perguntou tia Julieta.

- Tempo suficiente para dizer que vocês precisam ir para um lugar particular quando quiserem ser românticos- disse Kelly.

- Afinal para que estão aqui?- perguntou tio Jacob claramente envergonhado.

- Cam esta ferido na pata, foi um tiro de raspão mas foi.

- Ela é exagerada, eu disse que estou bem.

- Melhor eu dar uma olhada Cameron, só por precaução- disse a tia Ju.
Me aproximei dela devagar, eu não mancava mais e minha pata tinha parado de sangrar tanto, deitei para que ela possa ver e fiquei ali esperando.
Tia Ju deu uma olhada rápida e fez algumas caretas, depois pegou algumas ervas e passou na minha pata, ao sentir a erva gelada na ferida eu senti dor e virei a cabeça precionando os olhos, ela disse que isso quer dizer que esta funcionando, Kelly apenas olhava atenta para as ações de tia Ju e as vezes fazia perguntas, enquanto tio Jacob estava sentado só esperando acabar:

-Pronto- disse ela se afastando- agora nada de correr, deixe assim por dois dias que você vai ficar bem.

- Sem correr?- eu repeti.

- Sim, você não pode correr pois vai acabar abrindo a ferida de novo- ela explicou.
Tio Jacob viu como eu estava indignado com aquilo de não poder correr.

- Você vai sobreviver- disse ele e eu bufei.

Estávamos prestes a sair mas resolvi fazer um comentário só por diversão e devo dizer que a cara deles foi a melhor.

- Melhor irem pra um lugar tranquilo- eu disse olhando para eles que ja estavam se aproximando denovo mais se afastaram logo que me ouviram, ambos os dois ficaram totalmente envergonhados o que foi bem engraçado. Eu e Kelly saimos de lá rindo muito.

- Ouviu a tia Ju- disse ela parando de rir- nada de correr por dois dias. Eu bufei.

- Tinha que me lembrar?

- Pode se acostumar, vou ficar na tua cola para você não correr escondido.

- Eu? correr escondido?- dei um sorriso inocente- Você não me conhece.

- Conheço, é por isso que vou te vigiar.

- Vocês estão exagerando, a pata nem esta doendo.
De repente senti uma chute na minha pata ferida, senti uma dor enorme e só depois vi que Kelly tinha me chutado.

- Ai! o que deu em você?- ela apenas deu um sorrizinho.

- Viu, esta doendo sim- ela disse me fazendo ficar de boca aberta pelo ato dela.

- E se a ferida abrir?- ela olhou para minha pata e depois para mim.

- Ta tudo bem com você- revirei os olhos e ela apenas riu.

Fomos para nossa caverna onde estava mamãe e papai conversando, nós deitamos e ficamos ainda brincando até que mamãe mandou irmos dormir e nós obedecemos por mais incrível que pareça.
Apesar do dia ter sido triste pela perda do Jack  pelo menos consegui fazer minha irmã rir, e percebi o quanto o sorriso dela me faz bem. Ainda penso em Gisele, mesmo ela não tendo feito nada não consigo ficar zangado com ela, será que...? não, não pode ser; eu não estou gostando dela! Ela é só uma cachorra e eu um lobo...mas então que sentimento é esse que sinto quando à vejo?

Nas Patas do Destino 2 -Duas almas um coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora