Capítulo 38

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  "Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências. " 

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                                                                                   Três Anos Depois...

   O tempo tem passado lentamente ao longo desses três anos. Tenho feito de tudo para não ter problemas no presídio, aqui dentro a realidade é outra, mas tenho me saído bem, não precisei trocar cigarros por proteção como se vê nos filmes. Mas isso não significa que esses anos foram um paraíso, acordar todos os dias para limpar latrina dos banheiros não é nada legal. Não é legal ver suas colegas de cela receberem visitas e você não, é quando você se dá conta que está realmente sozinha. Tenho pensado o que minha tia Alicia pensaria se visse como estou hoje? Como teria sido minha vida há 10 anos se eu não a tivesse perdido, se nós duas ainda estaríamos morando na casa verde no nosso antigo bairro? Eu poderia ter feito tudo que os adolescentes fazem, ter dado meu primeiro beijo em um cara do colegial por quem eu seria apaixonada, ter perdido a virgindade no baile da formatura. Eu poderia ter seguido meus sonhos e ter feito faculdade de literatura como eu sempre sonhei. Mas agora, imaginando como tudo teria sido, vejo que esse meu mundo alternativo não seria perfeito, pois eu nunca poderia ter conhecido o Chris e nós dois não teríamos a Aurora.

Como você estar Chris? Não tenho recebido notícias suas.

É tão estranho estar aqui dentro sem ter idéia do que se passa lá fora. Nunca recebi nenhuma visita, é como se eu não existisse ou talvez não fui importante na vida de ninguém. Não posso reclamar, minhas atitudes fizeram com que as poucas amizades que tive se afastassem. Sinto falta da Angel, de seu jeito alegre e espontâneo que contagia todos a sua volta. Sinto falta da Nina e seu dom pela culinária, do carisma do Afonso, e até mesmo do jeito mal humorado da Betty, olha só onde a solidão poder levar a pessoa. Ao menos tenho o Dr. Anthony, que tem vindo me visitar sempre que ele vem de Boston para Nova York, tenho tentado entender o porque dele ainda vir me ver, já que seu trabalho como meu advogado terminou. Acho que ele tem medo que eu tenha me sucumbido e me entregado a loucura, o que ainda poderia acontecer.

Como forma de um ato pela nossa amizade profissional ele me trouxe uma foto de Aurora no seu aniversario de 1 ano, meu pequeno anjo olha para a câmera batendo palminhas em um vestido cor do céu. Seu cabelinho ruivo, caídos sobre os olhos azuis iguais ao do pai, os quais sinto falta. As bochechas rosadas gorducha que emoldura seu sorriso com seu primeiro dentinho, eu tenho perdido tudo, seu primeiro sorriso, seus primeiros passinhos, sua primeira palavra, são momentos importante dos quais eu não farei parte. Confesso que sempre que vou dormir passo horas olhando para a foto, esperando pelo dia que eu possa tê-la novamente em meus braços, o que não está muito longe de acontecer.

Acordei cedo hoje, minha ansiedade tem me consumido desde que meu agente penitenciário me informou que minha detenção chegaria ao fim exatamente hoje. Enquanto a água gelada escorre pelo meu corpo em um cubículo do banheiro, imaginei como será minha vida livre. Tenho certeza que muita coisa mudou, que as pessoas que eu conhecia mudaram. Eu mudei confinada nesse inferno.

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