Ayla Stefanih nunca teve sorte na vida, desde cedo teve que batalhar para sobreviver. Órfã e sem ninguém para amá-la, pois, viveu em lares adotivos, até completar maioridade, sem nenhuma perspectiva de vida buscou uma forma de sobreviver em uma cida...
"Nem sempre falar é sinal de sabedoria. Às vezes o silêncio e o segredo são as companhias mais seguras."
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Enquanto dirigia pela cidade, em um silêncio mútuo a procura do hospital mais próximo, tudo o que eu mais queria saber era no que você pensava. Talvez tivesse se arrependido por ter me ajudado, uma estranha que praticamente se jogou na frente do seu carro, o que foi exatamente o que tinha feito, em momento algum você disse uma palavra, apenas dirigia. Não vou mentir que eu não estava surpresa por estar em um carro com você ao lado, tive dificuldade em não olhar para você durante todo o trajeto, mas me contive, eu precisava que você me mantivesse segura e que não pensasse que eu era uma completa maluca perseguidora. Em meio a todos meus pensamentos me dou conta que estávamos atravessando a ponte que liga o Brooklyn aos distritos de Manhattan, era a primeira vez que eu ia para outro lado da cidade. Só então percebi que eu estava de certa forma deixando meu passado para trás.
Você me ajudou a sair do carro quando chegamos ao hospital, como eu não conseguia firmar o pé no chão, você todo paciente me pegou no colo, confesso que me segurei para não sentir a maciez do seu cabelo ao enlaçar seu pescoço enquanto atravessávamos o estacionamento, sempre muito gentil a todo o momento.
Ninguém jamais se importou tanto comigo como você naquela noite, me refiro ao sexo masculino, eu estava em êxtase só com o simples fato de ser a pessoa a qual recebia um pouco de atenção, mesmo que tenha sido de um estranho que eu não veria novamente.
Meu tornozelo fisgava com muita dor e o fato de estar de salto só piorava, não preciso dizer que levei um sermão do médico por isso, tive que explicar que fui carregada no colo, que a após a lesão não firmei completamente o pé no chão. Não sei se o médico acreditou muito em mim, muito menos na explicação de como machuquei o tornozelo, tive a leve sensação de estar sendo julgada pela minha vestimenta, ou pela falta dela. Nenhuma mulher passa credibilidade por estar apenas de sobretudo, salto alto e batom vermelho berrante, em minha defesa eu não tinha muitas escolhas, ou eu arranjava um traje decente, ou fugia antes de ser vendida, acho que você sabe qual foi minha decisão.
Enquanto eu esperava pelo diagnóstico do ortopedista, tudo o que se passava em minha mente mais uma vez era você, se ainda estaria me esperando, eu confesso que toda minha aflição naquele momento era gerada pelo medo de você não estar do outro lado da porta me esperando. O que não fazia sentido nenhum na situação em que me encontrava, sendo perseguida, sem um lugar para ir e ainda por cima com o tornozelo machucado... Eu estava na merda, literalmente.
Que bobo da minha parte, implorando por migalhas. Em minha defesa, a única pessoa que realmente me amou morreu quando eu tinha 10 anos. De lá prá cá, Miriam tem sido a única a se importar com meu bem estar, então pode entender minha necessidade de acreditar que você também se importava, mesmo tendo me conhecido há poucas horas. Talvez eu estivesse um pouco carente, solitária na verdade, e me apaguei a você como um bote salva vidas, lutando para me manter na superfície, mesmo que tudo fosse contra mim e me puxasse constantemente para o fundo.