capítulo 2

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Com cuidado, tirei os ovos de cima do jornal e segurei a folha para olhar melhor para o homem. Era ele, com certeza. Mesmo assim li o enunciado embaixo da foto:

"A linda modelo Heidi McKenzie e o empresário milionário Jace Wayland divertindo-se na inauguração de mais uma boate do empresário na Pensilvânia​ e em Manhattan"

Jace parecia me encarar através da fotografia, seus olhos escuros parecendo negros no jornal. Ele estava mais velho, mais lindo e muito mais atraente. Há anos eu não o via. Fechei os olhos por um momento, me recordando do passado. Dez anos.

- Clary? Está passando mal? - izzy perguntou, preocupada repousando sua caneca de café no balcão.

Abri os olhos e fitei-a. Depois olhei novamente para o homem no jornal. Jace continuava a me encarar com o olhar penetrante.

- Estou bem.

- O que houve? Ficou tão pálida!

- Vi esse homem e lembrei que o conheci. - Mostrei a foto a ela. Izzy fitou-a. - Há dez anos.

- Ele é meio-irmão de Jonathan.

- É mesmo? Que bonito! - Olhou-me, curiosa. - Como conheceu um homem desses?

Izzy surpreendeu-se.

- Sério? Nunca falou que ele tivesse parentes vivos.

- É meio complicado. A mãe dele casou com o pai de Jace e, por algum tempo eles viveram na mesma casa e moraram um tempo na Coréia. Mas nunca foram amigos. Jace era mais velho e não concordava com o casamento.

- E você? Como os conheceu?

- Eu e Jonathan eram melhores amigis, você sabe. Meus pais haviam morrido e eu fui morar um tempo com minha "tia" mãe de Jonathan e era melhor amiga dá minha mãe.

- Quer dizer que morou na mesma casa que esse Loiro  ai?

- Sim, mas por pouco tempo. Como eu disse, ele não concordava com o casamento do pai e logo foi morar sozinho. O casamento também não durou muito, pois o pai dele faleceu. Nunca mais nos vimos.

- Foi o pai dele que deixou a herança para Jonathan?

- É, uma parte dá fortuna ficou com a mãe dele e depois passou para ele, depois que ela faleceu. Eles gastavam muito e fizeram péssimos investimentos. Sem contar no vício de Jonathan por jogo e farra. Acabou com o dinheiro.

Izzy balançou a cabeça.

- Se ele tivesse tido mais juízo, vocês não estariam agora nessa situação. - Disse e me encarou. - Nunca mais viram o... - Ela leu o nome no jornal - Jace Wayland?

- Nunca mais.

- Você também não se dava bem com ele?

Lembrei-me nitidamente de Jace há dez anos. Ele foi uma das poucas pessoas a me deixar descontrolada e a quem eu odiei de verdade. Arrogante, frio, adorava me insultar. Nunca poderia esquecer o dia em que ele me beijou e me tratou como uma prostituta, quando não o aceitei. Ele sempre insinuava que eu era interesseira e costumava perguntar o preço para transar comigo.

Ainda senti uma parte daquela raiva, apesar de tanto tempo passado.

- Não. Nunca conheci um homem tão frio e sem escrúpulos.

- Que pena. Talvez ele pudesse ajudar vocês agora.

- Jace? - Ri amargamente. - Ele nunca gostou dá gente. Acusava a mãe de Jonathan de dar o golpe do baú e ficou furioso ao ter que dividir sua herança com ela. Ele passaria com o carro dele em cima dá gente se pudesse.

- Isso foi há dez anos, Clary. Muita coisa passou. Você está desesperada, à beira de um ataque de nervos, sem solução. Por que não o procura e tenta um empréstimo? Ele pode se sensibilizar com a doença de Jonathan. O máximo que pode acontecer é ele dizer não.

Olhei para Izzy, ouvindo suas palavras, mas balançando a cabeça.

- Pode acreditar em mim,Jace nem me receberia. Ele é um poço de arrogância. Não perderia a oportunidade de me tratar como cachorra! Duvido que se comovesse com qualquer coisa.

- As pessoas mudam. - Izzy deu de ombros.

Olhei novamente para o jornal sobre a mesa. Ele estava mais velho mas não deixava de parecer jovem muito mais bonito. E se sua arrogância tivesse diminuído com o tempo? E se a raiva não existisse mais? E se a melhora dele não tivesse sido apenas física?

Pensei em Jonathan sobre aquela cama, piorando cada vez mais, precisando de pomadas, fraldas e boa alimentação, sem contar com os remédios caríssimos que nem sempre eu conseguia no hospital. Pensei em Alyssa, tão pequenininha ainda, e nas coisas que ela precisava e eu não podia dar. Naquela manhã ela não teria nem leite, se Izzy não trouxesse.

Suspirei, muito cansada. O aluguel continuava atrasado e eu vivia pedindo prazos ao dono. E aquele agiota e suas ameaças. Uma semana de prazo. Deus do céu, eu precisava dar um jeito de arranjar aquele dinheiro. Não podia correr o risco deles fazerem qualquer maldade com minha filha ou até mesmo comigo. Alyssa e Jonathan dependiam de mim.

Esfreguei o rosto e encarei novamente Izzy. Estávamos à beira de passar fome, ficarmos sem casa e sofrermos violência. O meu orgulho era o que menos importava ali.

- Acho que você está certa. Vou procurá-lo.

- Isso mesmo clary. - Incentivou. - Quem sabe não foi Deus que pôs esse jornal na sua frente?

- Quem sabe? - Repeti, sem acreditar. - Preciso descobrir como entrar em contato com ele.

- Vamos descobrir. Eu te ajudo. - Ela sorriu e apertou a minha mão com carinho.

Eu gostaria de ser tão otimista como Isabelle Lightwood.

~x~

(Até o próximo capítulo ♥️)

chantagem -CLACE Onde histórias criam vida. Descubra agora