capítulo 14

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Na sexta feira eu me sentia cansada e dolorida. Nunca fiz tanto sexo em uma só noite, intercalando cochilos com momentos arrebatadores nos braços de jace. Bruno me deixara em casa às seis da manhã. Jace se despediu frio, dizendo apenas que manteria contato. Assim, não sabia se ele ia querer me ver naquela sexta feira ou não.

Maria cuidou de Jonathan, sem ter muito que fazer além de virá-lo de vez em quando, mantê-lo limpo e observar o soro. Aproveitei a presença dela para dar um banho melhor nele, sobre a cama, conseguindo até segurar a sua cabeça na beira e lavar seus cabelos. Fiz uma sopa bem rala e forte, com vários legumes, e eu mesma quis alimentá-lo pelo dreno em sua garganta. A sopa ia direto para o estômago.

Embora  Maria fosse experiente e garantisse que não precisava de mim, toda hora eu vinha ao quarto conferir o soro e perguntar se ele estava com a fralda limpa ou com a posição trocada.

A enfermeira matava o resto do tempo lendo romances, fazendo tricô e batendo o maior papo com Alyssa, que adorava conversar e vinha fazer companhia a ela a todo o momento. As duas se deram muito bem.
Eu havia conseguido algumas encomendas de vizinhos para passar roupa e não podia dispensar dinheiro. Não sabia se precisaria ter mais gastos dali para frente e precisava guardar o máximo que eu pudesse. Os cinco mil que Jace me daria dali a um mês não durariam para sempre.

A sala ficou cheia de mudas de roupa e eu fiquei passando-as, mergulhada em pensamentos e lembranças do passado e atuais. Minha vida parecia uma novela, que eu rebobinava e adiantava em minha mente, sem ordem e em uma perfeita cacofonia. Meus pais, Mãe de Jonathan, Jace, o pai dele que se casou com mãe de Jonathan ; Alyssa, em diferentes fases de sua vida;

Todos eles iam e vinham em lembranças diversas durante aqueles meus vinte e oito anos de existência. Sentia-me velha, como se já tivesse vivido muita coisa, uma eternidade. Colegas de trabalho e da faculdade também surgiam e às vezes eu sorria sozinha, lembrando de um tempo em que eu só me preocupava em estudar, ter uma boa profissão, ter um filho com Jonathan e ser feliz.

As coisas não saíram exatamente como eu queria, mas eu não podia reclamar. Eu tinha Alyssa. Se Jonathan não estivesse doente, o resto não teria importância.

Indaguei-me se Jonathan, naquele estado de semicoma teria lembranças ou consciência do que estava acontecendo. Os médicos haviam dito que não. Mas eu sofria com medo de que ele sentisse dor, desespero e estivesse consciente de que estava preso dentro de um corpo acabado, imóvel e praticamente sem vida.
Angustiada, desliguei o ferro de passar roupa e fui até o nosso quarto. Fazia um dia bonito e a janela estava aberta, deixando entrar a claridade e o ar fresco. Jonathan estava bem cuidado sobre a cama e tudo brilhava, muito limpo.

Sentada em uma cadeira, Maria usava seu uniforme branco impecável e fazia tricô, enquanto Alyssa estava sobre uma almofada no chão, brincando com duas bonecas e falando sem parar.

- Mamãe!! A tia Maria está fazendo um vestido pra ágata e pra sabrina! – Mostrou-me as duas bonecas, feliz da vida.

- Alyssa, por que não deixa a Maria quieta e vai brincar um pouco lá na sala?

- Deixe a menina aqui. – Maria sorriu, com as bochechas gordinhas bem coradas. – Ela é uma graça e está me fazendo companhia, não é, Alyssa?

- É. – Alyssa respondeu, satisfeita.

Sorri para ela. Era um doce de menina. Depois olhei para Jonathan. Alyssa cresceu vendo o pai na cama e não estranhava muito o fato. A princípio eu não queria que ela ficasse muito ali, com medo que fosse afetada psicologicamente. Mas não tive coragem de impedi-la, pois teríamos pouco tempo com ele.

- Ele está bem. — Maria sorriu para mim. —: Acabei de ajeita-lo e aplicar a pomada em sua pele

- Entendo perfeitamente. Não me incomodo

chantagem -CLACE Onde histórias criam vida. Descubra agora