capítulo 17

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Controlei-me para não chorar, mas a imagem de Jonathan veio vívida em minha mente. O desespero dele ao saber da doença, os meses no hospital, a perda dos movimentos das pernas e depois dos braços, a raiva dele.

Fora um alívio para ele começar a perder a consciência do que o cercava, pois ele não se conformava com aquela doença. Havia se tornado amargo e raivoso, com ódio de depender de mim para tudo. Foram momentos horríveis, tanto para mim, que me desdobrava tentando fazer o melhor por ele e cuidar de nossa filha recém-nascida, quanto para ele.

Jonathan teve que suportar dores, desespero, raiva, revolta. Principalmente ao saber que não havia cura e que ele pioraria cada vez mais.

Não conversamos durante o resto do trajeto. A festa se realizaria em uma boate privativa e luxuosa na Barra, também pertencente a Jace. Chegando lá fomos recebidas pelos guardadores de carro e logo ela apoiava a mão em minhas costas e me acompanhava ao interior da boate.

Era grande, linda, cercada por plantas exóticas do lado de fora e por vidros dourados. Lá dentro a penumbra era quebrada por jogos de luzes suaves, que iluminavam o amplo salão. Estava lotado. As pessoas bem vestidas espalhavam-se pelas mesas, pelo salão e pela grande pista de dança.

Uma música animada tocava. Garçons impecáveis circulavam entre os convidados, servindo champanhe e drinques, além de elaborados petiscos.

Senti-me um peixe fora d’água ali. Nunca fui de frequentar boates, nem quando Jonathan estava bem de vida e vivia na farra. Agora, então, aquilo parecia um outro mundo para mim.
Várias pessoas cumprimentaram

Jace e me olharam com curiosidade. Ele acenava com a cabeça, mas não parava, levando-me mais para o centro do salão.

- Até que enfim!

Uma mulher muito alta e elegante parou a nossa frente, parecendo aliviada.

– Já estava desesperada, Jace! A nossa estrela já perguntou mil vezes se você já tinha chegado! Não sabia mais o que fazer para entretê-la.

Enquanto falava, ela me olhou de cima em baixo, depois fez pouco caso. Parecia que eu era só um enfeite ali.

- Ótimo. O Vanessa também está te procurando e…

- Falarei com ela.

- Certo, Raquel. Acabei de chegar. Vou ter tempo para falar com todo mundo.

- Claro, Jace. Ah, só mais uma coisa!

Ele pareceu um pouco incomodada ao fitá-la.

– Não sei como, mas a.. fez um olhar cúmplice com Jace. Ela deve ter vindo como acompanhante de alguém. Sinto muito.

Olhei curiosa para ela, que apenas apertou a boca com desagrado, mas não disse nada. Raquel suspirou e se afastou.

- Há uma mesa reservada para nós. Vamos até lá. – Disse ele, perto do meu ouvido.

Seguimos em frente, mas fomos abordadas por várias pessoas. Fiquei surpresa ao ver tanta gente famosa ali, tão de perto, fazendo questão de vir abraçar Jace. Alguns pareciam velhos amigos dele. Mal pude acreditar que eu apertava as mãos daqueles artistas, a maioria cantores.

Mas lá estava eu, inibida e surpresa. Alguns mal prestaram atenção em mim, na certa acostumados a ver Jace sempre acompanhada de uma mulher diferente. Outros me olhavam com curiosidade. Vários homens fitaram-me com admiração e foram charmosos,várias mulheres me olhavam atentamente, umas até com certo desejo estampado em seus rostos, já outras me examinaram como se eu fosse uma barata. Algumas eram melosas e oferecidas perto de Jace, como se eu nem estivesse ali.

chantagem -CLACE Onde histórias criam vida. Descubra agora