capítulo 4

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- Preciso falar com você. Em particular.

Ele ergueu uma sobrancelha. Um leve sorriso arrogante curvou seus lábios.

- Imagino que seja algo muito importante. Infelizmente tenho outros negócios para resolver. Escolheu um dia ruim.

- Eu espero. Não vou tomar muito do seu tempo.

Ele avaliou-me com o olhar por um momento.

- Tudo bem. - sem mais palavras, dirigiu-se à sua sala e o homem que estava ao seu lado praticamente correu atrás dele. Depois que a porta foi fechada, respirei fundo e sentei de novo, muito trêmula. Nem olhei para a secretária, que eu sabia estar curiosa. Apertei as mãos sobre o colo, percebendo o quanto estavam geladas. Sentia-me como se tivesse acabado de sair de uma luta. Procurei me acalmar. Pelo menos ele aceitará me receber. É claro que não parecia nada feliz em me ver ali, mas eu sabia que seria assim.

A espera foi horrível e deixou-me mais tensa e ansiosa. O homem que a acompanhara saíra da sala após uns trinta minutos e agora o tempo se arrastava sem que ele me chamasse. Após mais de uma hora e meia esperando, desde que ele chegou, eu já estava uma pilha de nervos.

Sentia fome, preocupação com Jonathan e Alyssa, sem saber se izzy estava conseguindo cuidar dos dois. Sem falar na tensão em ficar ali, sem saber como seria recebida depois de ter que me humilhar para Jace. Se eu pudesse escolher, aquele seria o último lugar do mundo que eu gostaria de estar.

- Aceita mais um café, senhorita? - Indagou a secretária, na certa com pena da minha espera nervosa.

- Não, obrigada. - Ainda tentei forçar um sorriso.

- O sr. Wayland precisava dar vários telefonemas importantes. Logo estará livre.

Agradeci com um sorriso, mas o "logo" durou mais uma hora. Eu quase subia pelas paredes.

Finalmente o interfone tocou e a secretária disse para mim:

- Pode entrar. Ele o aguarda.

- Obrigada.

O nervosismo agora era insuportável. Levantei-me tentando aparentar uma calma que eu estava longe de sentir e segui até a maciça porta de madeira. Meus pés e mãos estavam até dormentes, de tão gelados. Abri a porta e entrei no escritório dele.

Era imenso e magnífico. Eu não tinha condições de reparar na decoração, mas o conjunto era elegante, luxuoso e sóbrio. Toda a parede de frente era envidraçada e as persianas estavam abertas, enchendo a sala de luz.

O chão acarpetado abafou meus passos quando me aproximei da enorme mesa de madeira escura em que Jace estava, sentado em uma cadeira de espaldar alta, olhando-me diretamente.

- Sente-se. - Indicou-me a cadeira em frente e aguardou eu me acomodar e encará-lo, antes de dizer: - Estou curioso.

Resolvi não enrolar e acabar logo com aquele martírio.

- Preciso da sua ajuda.

Ele não se alterou. Seu olhar intenso me dava calafrios. O rosto anguloso, de queixo firme e traços marcantes, era frio e sério.

- Dinheiro. - Jace falou baixo.

Não pude negar e a vergonha me envolveu. Ele esperou que eu continuasse e eu o fiz:

- Jonathan está doente. Esclerose múltipla. Há três anos, ele só vem piorando. Parou de andar e de mexer os braços. Apesar dos medicamentos, a doença não tem cura e está muito avançada. Ele praticamente não tem mais consciência de nada. Está imobilizado em uma cama e os médicos disseram... Talvez ele não tenha nem dois meses de vida. - Falei rapidamente, procurando ser objetiva e não deixar a emoção me dominar.

chantagem -CLACE Onde histórias criam vida. Descubra agora