capítulo 6

1.5K 107 9
                                    

Izzy, que sabia daquela proposta e ficaria tão furiosa quanto eu, franziu o cenho, penalizada. Sabia que eu nunca faria tal coisa, se pudesse evitar.

- Se não for prostituta dele, vou ter de ser do agiota e seus capangas. Não tenho muita solução, não é?

- Nem pense nisso Clarisse! - izzy balançou a cabeça. - esse irmão Jonathan é um filho puta! Ele poderia muito bem te ajudar sem exigir isso.

- Ele quer se vingar. No passado eu o rejeitei. Ele me chamava de prostituta do Jonathan. Agora quer provar que tenho mesmo um preço. Duvido que se importe com o irmão ou comigo. Nunca nos engoliu. Não perderia uma chance de me humilhar.

- Tem certeza do que vai fazer? Você nunca mais será a mesma depois disso..

- Não tenho escolha izzy. E não posso ficar pensando muito. Amanhã preciso ter o dinheiro à mão.

- Vai lá agora? E se ele não estiver no escritório? Tem o telefone de lá?

- Sim. Na boate me deram o endereço e o telefone do escritório dele..Parece que ele está em Nova York..

- Vai lá em casa e ligue. Fico aqui e olho a Alyssa e o Jonathan.

- Obrigada. Não sei o que seria de mim sem você. - Beijei seus cabelos ao passar por ela para ir pegar o número do telefone em minha bolsa. Sentia-me como se estivesse indo para a forca. No corredor, espiei para dentro do quarto onde eu dormia com Jonathan nos últimos anos. Deitado imóvel sobre a cama, o homem pálido e esquelético dormia profundamente, coberto por um lençol até o peito. Entrei silenciosamente no quarto aproximei-me da cama. Lágrimas surgiram nos meus olhos mais uma vez ao vê-lo naquele estado. Ele tinha apenas trinta anos. Talvez nem chegasse a completar trinta e um. Era apenas a casca do homem que fora no passado e por quem eu havia me apaixonado.

Acariciei seu cabelo macio, loiros beirado ao escuro e lisos, e minhas lágrimas pingaram no lençol. Tentei me controlar enquanto o virava mansamente de lado, minhas mãos foram até os travesseiros que o mesmo estava encostado com a cabeça e ajeitei o travesseiro minhas mãos passaram em seu rosto e foram para suas mãos. Ele Estava tão magro. Precisava sempre mudar a posição dele, para que não criasse feridas.

No hospital, ele sempre ficava com as feridas, pois os enfermeiros deixavam-o amarrado na cama, sempre na mesma posição. Em casa eu era cuidadosa com aquilo, não deixava faltar as pomadas dele, mantinha-o sempre limpo e acordava de madrugada para ajeita-lo

Os remédios para evitar a dor e o próprio estado dele, de semi-coma, deixavam-no dopado a maior parte do tempo. Somente muito raramente, como acontecera naquela tarde, ele recobrava a consciência, falar do passado, com pensamentos confusos e agressivos. Era a fase final da doença. Logo ele não teria mais consciência nenhuma.

- Me Perdoa. - Murmurei, beijando sua seu rosto frio, com carinho. Eu jurara cuidar dele até o final e ser fiel. Agora eu teria que quebrar a segunda promessa. Tentei controlar novas lágrimas. - Deus sabe que eu não faria isso, se pudesse evitar. Durma bem.

Ergui-me, ajeitei seus lençóis e saí do quarto em silêncio. Abri a porta do quarto da frente, onde Alyssa dormia tranquilamente de bruços. Enchi-me de amor, beijei seus cabelos e silenciosamente orei para que ela nunca soubesse o que eu ia fazer. Peguei o pedaço de papel em minha bolsa, com o telefone da minha carrasca, e saí do quarto sem fazer barulho.

Izzy estava sentada no sofá, visivelmente nervosa e preocupada por minha causa. Tentei ser corajosa e sorri para ela.

- Tudo isso vai passar izzy. E eu vou esquecer.

- Se eu pudesse evitar isso..Eu juro Clary..Juro que daríamos um jeito e..

- Ninguém pode. Vou até lá ligar, está bem?

- Claro. A porta está aberta.

A casa dela era menor do que a minha, mas estava em melhores condições. Sentei no sofá da sala muito limpa e não quis ficar remoendo o que eu ia fazer. Era melhor resolver tudo de uma vez.

Disquei e em pouco tempo uma mulher atendeu. Disse rapidamente a ela que eu queria falar com Jace Wayland e quem eu era. Para minha surpresa a secretária não veio com desculpas de precisar de hora marcada. Pediu apenas que eu esperasse na linha. Demorou um pouco até uma voz imponente atender:

- Eu estava de saída. Por pouco você não me encontra aqui clarisse.

Fiquei gelada ao ouvir a voz dele. Segurei o telefone com força.

- Eu aceito. - Falei baixo.

- Eu sei. - A arrogância dele fez minha raiva aumentar. Engoli em seco e falei com firmeza:

- Preciso do dinheiro hoje.

- Temos que conversar e combinar os detalhes.

- Que detalhes? Você já não fez a sua... oferta? - Não pude evitar a ironia.

- Isso é um negócio, Clarisse. Tudo precisa ser exato, para evitar mal entendido. - O tom dele era cínico e a sua voz baixa. Parecia estar se divertindo por conseguir o que queria. - Dê-me seu endereço. Meu motorista vai buscá-la.

- E me levar para onde?

- Ora, para o covil do lobo! -Ele disse com seu tom irônico na voz

- Espero você em meu apartamento. Combinaremos durante o jantar. E depois cuidaremos dos pagamentos.

- Eu... Não posso demorar muito. Preciso cuidar de minha filha e do...

- Já falei tudo o que havia para ser dito. Levaremos o tempo que for preciso. Arrume alguém para cuidar de seus problemas por enquanto. Dê-me o seu endereço.

Voltei para casa controlando-me para não chorar. Eu sempre fora de chorar à toa e, com todos aqueles problemas, vivia chorando. Mas queria ser corajosa e levar adiante com aquele acordo. Não ia me entregar ao desespero.

- Falou com ele? - Izzy se levantou do sofá.

- Sim. O motorista vem me buscar. Eu não gostaria de te pedir mais isso, mas...

- Não se preocupe. Fico aqui e tomo conta de tudo. Alyssa adora ficar comigo e sabe que sou louca por ela. E sabe que fazemos coisas divertidas juntas..como comer um pote de sorvete enquanto assistimos Baby Shark pelo Notebook do Simon. - Ela sorriu.

- Jonathan hoje ficou nervoso, mas agora dormirá direto. Você sabe trocar o frasco do soro, não é? Vai demorar a acabar, pois está lento.

- Sei de tudo isso. Agora vá se cuidar. Nada disso é culpa sua Clary. Você continua sendo a moça forte e lutadora que eu admiro. Eu confio no seu potencial e sei que tudo isso vai passar..

Abracei-a e depois quase saí correndo da sala. Precisava me preparar para mais uma prova que a vida colocaria em meu caminho.

chantagem -CLACE Onde histórias criam vida. Descubra agora