Capítulo 29

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Jace me ligou por volta das sete horas da noite. Alyssa estava desenhando em folhas, sentada no chão da sala. Sentei no sofá, feliz por ouvir a voz dele.

- Quer sair hoje?

- Para onde?

- Casal Carter nos convidaram para um jantar hoje em sua casa. O que acha?

Tive que conter um grito e minha animação excessiva.

- Maravilhoso!

Me limitei a dizer. Eu não tinha roupa para ir num lugar daqueles e não queria envergonhar Jace, mas não falei nada. Poderia parecer que eu estava pedindo para ele comprar roupa para mim.

– Você está com vontade de ir?

- Estou. As reuniões na casa deles são sempre muito boas. Você vai gostar. Bruno já saiu para te buscar.

- Certo. Então, até já.

Ele se despediu e desligou.
Alyssa me olhou.

- Vai sair, mamãe?

- Vou. Você fica quietinha com a tia Izzy?

- Eu queria sair também.

Bocejou.

- Mas a mamãe vai voltar tarde e você daqui a pouco vai dormir.

Acariciei seus cabelos macios

- Vai sair naquele carro bonito, todo preto? Vai ver o tio Jace?

Fiquei surpresa por ela se lembrar dele e por dar um apelido a ele. Sem saber o que dizer, ela me surpreendeu mais ao dizer:

- A dona catita peguntou de quem era o carro e o que o tio Jace era seu. O que ele é seu mamãe?

Fitei seus olhos ingênuos e corei, de vergonha e de raiva. Raiva daquela vizinha fofoqueira que tinha a coragem de interrogar uma criança.

- O que você disse para ela?

- Que ele tinha uma televisão gande e uma casa gandona do tamanho do mundo. E que era bonzinho e meu titio. Ele é seu tio  também mamãe?

- Não meu amor. Ele é meio-irmão de seu pai e meu amigo .

- Quando ele vai deixar eu ir na casa dele de novo?

- Não sei.

- Você pegunta?

- Se der eu pergunto.

- Tá. Quando você voltar taz doce pa mim?

- Pode deixar.

Izzy concordou em ficar com Alyssa e a menina ficou feliz da vida porque ia dormir na casa dela. Carregou seu velho cachorro de pelúcia e falou o tempo todo. Quando izzy me acompanhou até a porta, olhei com raiva para a casa de Catita, nossa vizinha, quase em frente, e contei para ela o que alyssa disse.

- É muito fofoqueira, não é? O que ela tem a ver com a minha vida? Teve coragem de interrogar a minha filha!

- Não dê atenção. Sabe como o pessoal daqui é. Estão curiosos, vendo você sair quase todas as noites naquele carrão.

- Devem estar pensando que trabalho como prostituta ou que tenho um amante rico.

Dei de ombros, furiosa.

– O que não deixa de ser verdade, só muda é que você o ama.

- Não devo nada a eles.

Ela acaria meu braço com carinho.

chantagem -CLACE Onde histórias criam vida. Descubra agora