Capítulo 7

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Pérola


Cheguei cansada pelo peso da mochila em minhas costas. Deveria ter ouvido minha mãe e levado durante a semana as minhas coisas aos poucos, mas como teimosia é o que me define, estou eu aqui quase colocando os órgãos pela boca de cansaço.

Pérola: O Todo Poderoso já foi trabalhar? - perguntei à Roberta, a arrumadeira que tinha sido contratada poucos dias antes.

Roberta: Você não tem medo que ele escute você o chamando assim? - falou baixinho como se estivéssemos sendo observadas,

Pérola: Não tinha medo de bicho papão nem quando era pequena, vou ter agora? 

Roberta: Eu tenho medo até da respiração daquele homem. - falou colocando a mão no peito. - Ontem ele me olhou de cara feia só porque dei bom dia. Como pode um homem tão lindo, rico e com uma filhinha como Clara, ser tão azedo.

Pérola: Azedume não é privilégio de gente feia não, Bertinha. Aquele lá nasceu de ovo virado e nem o capeta desvira.

Roberta: Por isso prefiro o meu Manuel. - pegou o aspirador fazendo menção de sair para a sala. - Lutamos com dificuldade e não o classificaria como lindo, mas é gentil e me trata com muito carinho e respeito. Coisas que nosso patrão parece desconhecer. Acho que deve ter levado um chifre e ficou desse jeito.

Pérola: Isso não sei, mas duvido que alguém tenha tido coragem de trair esse daí. - realmente não acreditava nessa teoria da Roberta. - O homem já é um bicho normalmente, imagina com a raiva de uma traição?

Roberta: Quem está toda saidinha pro lado dele é a Camila. - se referia a uma estagiária dele que vez ou outra trazia documentos para ele assinar. De longe se percebia que ela adoraria acordar coberta pelo corpo nu dele. Só esse pensamento fez meu estômago revirar. Não entendia porque, mas isso me incomodou.

Pérola: Duvido que consiga algo com ele, mas se for por falta de um " boa sorte", ela tem o meu. - fingi não me incomodar com a situação.

Roberta: Agora deixa eu ir fazer o meu serviço. O homem é grosso, mas paga muito bem.

Pérola: Pra aturar o mau humor dele ainda é pouco, Bertinha. Ele tinha era que pagar um psicólogo pra gente. Lidar com ele pode causar danos à nossa saúde mental. - rimos e fomos cada uma cuidar de nossas obrigações.


(...)


Já fazia um bom tempo que eu tentava acalentar Clara. Desde que cheguei que notei sua inquietação. Atribuí ao fato de que hoje, em particular, estava mais quente do que o de costume e para um adulto já era difícil lidar com o calor, imagina para um bebê?

Pérola: Roberta! - a chamei e logo ela apareceu na porta do quarto de Clara. 

Roberta: Precisa de ajuda com essa coisinha gostosa? - assim como eu, Roberta gostava muito da menina.

Pérola: Pode ficar com ela um pouquinho enquanto eu preparo um banho? Ela está muito agitada e acho que é calor. Olha como está inquieta. - passei Clarinha para seus braços e ela chorou ainda mais.

Roberta: Melhor eu preparar o banho. Seu grude não quer largar de você.

Pérola: Obrigada, Bertinha. - peguei novamente Clara nos braços e comecei a andar com ela pelo quarto.

Depois de uns minutos, Roberta voltou avisando que estava tudo preparado. Dei banho em Clara e ela ficou mais calma e logo dormiu. Aproveitei para guardar minhas coisas em uma gaveta que havia sido reservada para mim.  Roberta veio me ajudar e ficamos conversando sobre coisas aleatórias. 

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